domingo, 21 de janeiro de 2024
Sugestão da Semana #597
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
Caminhos do Cinema Português 2023: De 10 a 18 de Novembro em Coimbra
A 29ª edição do Festival Caminhos do Cinema Português acontece de 10 a 18 de Novembro, em Coimbra, com a exibição de 156 filmes.
A Sessão de Abertura acontece no dia 10 de Novembro, às 21h30 no Teatro Académico Gil Vicente (TAGV), com a projecção de Figueira da Foz, Rainha das Praias Portuguesas (Manuel Santos, 1930), Colheita da Batata (Adriano Coelho, 1930), Imagens de Portugal 23 (Vários Realizadores, 1954) Vinho do Porto (Adriano Ramos Pinto, 1937) e S. Miguel, 1924 – Um Filme De Família (Charles Mallet, 1924), "quatro filmes representativos da cultura popular portuguesa, acompanhados e reinterpretados por Ana Lua Caiano", numa cine-performance.
O Caminhos encerra no dia 18 Novembro, na Antiga Igreja do Convento de São Francisco, com a entrega de prémios e a actuação de Hélder Bruno num cine-concerto com a curta-metragem Outubro Acabou, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes.
Secções Competitivas
No TAGV, serão exibidos os filmes das Selecções Caminhos e Ensaios. Na primeira, destaque para Baan, a primeira ficção de Leonor Teles; A Primeira Idade, de Alexander David; Vadio, de Simão Cayatte; Great Yarmouth – Provisional Figures, de Marco Martins; O Bêbado, de André Marques; Rosinha e Outros Bichos do Mato, de Marta Pessoa; e The Nothingness Club - Não Sou Nada, de Edgar Pêra.
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Baan, de Leonor Teles |
Na Selecção Ensaios, encontram-se produções provenientes do universo académico, nacional e internacional. Entre as obras a concurso, destaque para: Berço, de Carolina Costa; Mãos de Fado, de Alejandro Oropeza, Ana Rita Damasceno, Carolina Mendes, João Tomás Santos e Pedro Fernandes; Eschaton Ad, de Andrea Gatopoulos; e Daydreaming So Vividly About Our Spanish Holidays, de Christian Avilés.
A Casa do Cinema de Coimbra recebe Outros Olhares, que conta com filmes como Onde está o Pessoa?, de Leonor Areal; Uma História do Espectador de Cinema, de José Filipe Costa; Soma das Partes, de Edgar Ferreira; e A Viagem do Rei, de João Pedro Moreira.
Mostras Paralelas
Da mostra Filmes do Mundo, em exibição entre 13 e 17 de Novembro, pelas 15h00, destaque para Mountain Onion, de Eldar Shibanov, e Love Dogs, de Bianca Lucas.
Já nos dias 16 e 17 Novembro, às 23h59, a mostra Turno da Noite apresenta uma sessão de curtas-metragens de terror, com Paralisia, de Inês Monteiro, e Monsieur Sachet, de Mathieu Girard, e outra com Catboy, de Xaho, e New Kings on the Block, de Erika Lust.
Durante as manhãs, o Caminhos Juniores recebe grupos escolares, com sessões de cinema de animação dedicadas aos mais novos. As inscrições podem ser feitas em caminhos.info/grupos.
Ciclo: O Poder das Representações
Em parceria com o Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, o ciclo O Poder das Representações começa no dia 13 Novembro, às 16h00, "com uma mesa redonda em torno do tema 'Imaginários da Violência Sexual' com Sofia José Santos (CES/FEUC), Júlia Garraio (CES), Rita Alcaire (CES) e João R. Pais (CCP)". Até 17 Novembro, são exibidos, no Auditório Salgado Zenha, filmes que abordam a violência sexual de diferentes formas: Sopa Fria, de Marta Monteiro, No Canto Rosa, de Cláudia Rita Oliveira, Céu Aberto, ou Espaço Limitado, de José António Loureiro, e Mentes que sentem, de Ricardo Pinto Reis e Dânia Viana, entre outros.
Além das secções competitivas, o Caminhos do Cinema Português quer "alargar as possibilidades do cinema português chegar aos diversos públicos da região centro, levando a sua programação ao Cine-Teatro Messias, na Mealhada, e ao Auditório Municipal de Penacova, exibindo tanto uma selecção dos filmes em competição, como um criterioso programa de 'formação de públicos' com as secções Caminhos Juniores, dedicado às crianças em idade pré-escolar e do 1.º ciclo de ensino, e os Caminhos Juvenis em que será exibida a longa-metragem de Edgar Pêra, Não Sou Nada".
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No Canto Rosa, de Cláudia Rita Oliveira |
Masterclasses
O festival vai organizar quatro masterclasses dadas por profissionais da área do cinema. Na Casa do Cinema de Coimbra, Miguel Dores apresenta Revisitar Alcindo – concorrências entre processos fílmicos e processos sociais (dia 10 de Novembro, às 15h00), Leonor Areal Dar forma à matéria, no documentário (dia 11 de Novembro, às 15h00), e Nádia Henriques aborda A escuta como método de criação. A 15 Novembro, pelas 14h30, o Cine-Teatro Messias recebe Nuno Beato para falar sobre O processo criativo no filme Os Demónios do Meu Avô. "Explorando este contacto entre espectadores e criadores, nos dias 15 e 16 de Novembro é promovida a 2.ª edição do Programa Incentivar que procura descobrir novas ideias para novos filmes a produzir na região centro".
Toda a informação sobre o Festival Caminhos do Cinema Português pode ser consultada em https://www.caminhos.info/.
terça-feira, 9 de maio de 2023
IndieLisboa 2023: Rosinha e Outros Bichos do Mato (2023)
*7.5/10*
Rosinha e Outros Bichos do Mato, de Marta Pessoa, estreou no IndieLisboa 2023 (onde venceu o Prémio Árvore da Vida) e é um poderoso e corajoso documentário sobre o racismo "à portuguesa".
"Um filme que perscruta a ideia de 'racismo suave' e como esta vem beber ao enaltecido colonialismo português. A Rosinha titular é uma nativa guineense que se torna no símbolo da primeira exposição colonial portuguesa apresentada pelo Estado Novo em 1934. Uma viagem ao passado para entender o presente."
O filme parte da frase "Portugal Não É um País Racista", algo que se tem ouvido mais frequentemente nos últimos anos e sobre a qual poucos se interrogam profundamente. Marta Pessoa e a produtora Rita Palma mergulharam em arquivos e reconstruiram a cronologia e a promoção da primeira exposição colonial portuguesa, que o Estado Novo desenvolveu para "doutrinar" os portugueses da Metrópole que não conheciam os territórios ultramarinos. Recriaram-se aldeias indígenas e foram levados para o Porto “exemplares” dos povos da Guiné, Cabo Verde, Timor, Moçambique, Macau, Índia e Angola, bem como animais selvagens - uma espécie de espectáculo de variedades de grandes dimensões, algures entre uma feira popular e um zoo.
Entre fotos da época, pequenos filmes sem som sobre a exposição colonial de 1934, e, principalmente, dezenas de artigos de jornal sobre o evento - grande parte deles do Jornal O Comércio do Porto Colonial -, foi possível construir várias leituras acerca de tudo o que se passou nos Jardins do Palácio de Cristal.
A sessão do IndieLisboa, de dia 4 de Maio, foi especialmente interessante pois o filme foi mostrado a duas turmas de adolescentes, num convite à discussão e reflexão sobre como o racismo tem sobrevivido ao longo dos anos, como herança colonial, muito ao jeito que o regime quis doutrinar à população naquela primeira exposição colonial de 1934.
Todo o ponto de vista defendido pelo Estado Novo e muito patente na exposição regia-se pela noção de que a "função histórica e essencial" para Portugal era "de possuir, civilizar e colonizar domínios ultramarinos”. Sempre com a ideia de superioridade dos brancos em relação aos negros e, mais ainda, em relação às mulheres.
Rosinha e Outros Bichos do Mato é capaz de desmascarar o racismo, como foi e como ainda é, e faz a plateia reflectir sobre como se chegou à situação actual, sem fechar os olhos aos factos, encarando o problema sem receios e com verdadeira vontade de mudar.
domingo, 8 de novembro de 2020
Sugestão da Semana #442
Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o filme português Donzela Guerreira, de Marta Pessoa. Podes ler a crítica do Hoje Vi(vi) um Filme aqui, bem como a entrevista à realizadora aqui.
DONZELA GUERREIRA
sábado, 7 de novembro de 2020
Entrevista: Marta Pessoa, realizadora de Donzela Guerreira
Donzela Guerreira, de Marta Pessoa, estreou no dia 5 de Novembro nas salas de cinema portuguesas. Através da protagonista Emília, jornalista e escritora, o filme guia-nos por uma Lisboa dos anos 50 e por histórias de mulheres desse tempo. A propósito da estreia, quisemos saber mais sobre esta longa-metragem e a realizadora Marta Pessoa satisfez a nossa curiosidade.
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Marta Pessoa |
Como surgiu a ideia para este filme?
Marta Pessoa: O filme teve origem na história da Donzela Que Vai à Guerra, que está incluída no Romanceiro de Almeida Garrett. Neste poema de origem popular a “donzela” assume o lugar do pai no campo de batalha. Vestida de soldado, vai à luta. É uma história de alguém que se quer superar, quebrar barreiras. Esta história levou-me a pensar que, ao contrário do que se passava na história de Garrett, às mulheres que viveram no período do Estado Novo, não lhes era permitido grande individualidade. Eram invisíveis, sem voz, sem acção. Assim são as personagens dos livros de Maria Judite de Carvalho e de Irene Lisboa. Estas duas escritoras foram as grandes fontes de inspiração para o filme. A sua escrita, muito próxima da “crónica do quotidiano”, transforma as mulheres de vidas apagadas, de gestos menores, condenadas a uma domesticidade inevitável, em protagonistas. Juntando a história da “Donzela” ao universo destas mulheres sem voz, surgiu a ideia para este filme. Um filme sobre uma mulher que escreve, que não se casa, que é, em plena ditadura, uma transgressora. Mas ao contrário da mulher do Romanceiro, esta é uma mulher que ocupa o espaço dos homens sem se travestir. Alguém cuja ousadia está em não deixar de ser quem é. E assim nasceu a protagonista, a Emília Monforte, uma escritora, na Lisboa dos anos 1950.
Qual é para si a importância do Arquivo para a memória de uma cidade (ou de uma pessoa) e para o cinema?
Marta Pessoa: A transmissão da memória colectiva passa necessariamente por alguma espécie de arquivo. Por mais pequenos que sejam e por mais maltratados que possam ter sido, os arquivos são esforços de preservação daquilo que consideramos importante. Mesmo os nossos arquivos pessoais, aquilo que vamos guardando, vêm da nossa vontade de acarinhar um tempo, uma pessoa, um sítio. São colecções de fragmentos a que, muito tempo depois de nós, alguém poderá tentar encontrar um sentido. Uma cidade só pode existir se tiver uma memória, porque é qualquer coisa - uma ideia - vivida em conjunto. A memória das cidades é o que alimenta a nossa ligação com elas, mas é também uma forma de as vivermos. No filme, é o arquivo de carácter fotográfico e cinematográfico que é usado para evocar a cidade de Lisboa. Como todo o trabalho que é feito sobre o arquivo, há muito espaço para a aprendizagem, para a descoberta, mas também para a efabulação. As imagens foram encontradas no Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa e no Arquivo da Gulbenkian, as imagens em movimento no Arquivo do ANIM. Estas imagens têm aquele efeito óbvio de nos transportar para um espaço e um tempo, que pode ser simultaneamente familiar e estranho. Já o cinema tem em si mesmo uma dimensão de arquivo, de memória e efabulação do mundo.
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Arquivo Fundação Gulbenkian. Rossio (s/data) |
Quais as descobertas mais inesperadas que fez nos Arquivos que consultou durante a pesquisa para Donzela Guerreira?
Marta Pessoa: A dada altura, apercebi-me da existência de um conjunto de imagens que remetem para a construção do quotidiano, para uma vivência de domesticidade. Isto acontece mais no arquivo da Gulbenkian. Ambos os arquivos fotográficos estão, em parte, digitalizados e disponíveis para consulta online. Isso é muito importante, essa disponibilidade, porque faz com que a relação com as imagens na fase de pesquisa seja muito mais intensa e constante. No meu caso, disponibilidade para o arquivo ser trabalhado a par da escrita do argumento. Na Gulbenkian, está disponível parte do acervo do Estúdio Novais, e este está dividido em álbuns com nomes como Estabelecimentos Comerciais, Interiores, Edifícios, imóveis e infraestruturas, Mobiliário, Lavores, Comércio, Lisboa e arredores. Isto indica que o Estúdio dividiu a sua actividade entre uma fotografia mais comercial e institucional e encomendas para publicidade. É neste último “grupo” que surgem as lojas de mobiliário, de loiças, de electrodomésticos. Estas fotografias foram as mais surpreendentes e estão muito presentes no filme. Há também, e isto acontece nos dois arquivos, imagens muito belas da cidade. Mas que Lisboa é uma cidade muito bela não é para mim, como lisboeta, uma novidade.
Como se deu a escolha das três actrizes (Anabela Brígida, Joana Bárcia e Dina Félix da Costa)? O que procurava, em especial, na actriz protagonista?
Marta Pessoa: Já tinha trabalhado com a Dina e com a Anabela. Neste filme, os papéis foram escritos para elas. São, as duas, actrizes muito disponíveis e muito sensíveis. Sabia que seriam capazes de compreender que o filme não teria uma estrutura, nem um processo de filmagem, ditos clássicos e que, sendo um filme de baixo orçamento, as coisas teriam de ser feitas a um ritmo incerto e com uma estrutura muito reduzida. Correu muito bem. No caso da Joana, foi diferente. A Joana é uma actriz excepcional. Nunca tinha trabalhado com ela, mas a Etelvina foi escrita com ela em mente. O convite foi feito e a Joana aceitou.
Ainda em matéria de escolhas, a protagonista do filme é uma voz que se ouve durante todo o filme, e eu acho que a Anabela tem uma voz muito bonita, capaz de dar a cada frase uma entoação muito subtil em todas as emoções e tem uma grande paciência para trabalhar o texto, o que veio a acontecer durante o período de um ano. Para além do texto era preciso que a Emília, quando aparecesse na imagem, tivesse uma presença muito serena, contida, mas forte. A Anabela é uma actriz que consegue tudo isto, e muito mais.
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Joana Bárcia como Etelvina |
O papel das mulheres está em grande foco no seu filme, especialmente, o das mulheres independentes e solteiras. É uma forma de redescobri-las, já que durante o Estado Novo elas eram quase como um acessório dos maridos e a própria sociedade fazia por esquecer as mais emancipadas?
Marta Pessoa: Foi isso que aconteceu durante o período de ditadura. Não sei se a sociedade esquecia as mais emancipadas, acho que mais do que esquecê-las, as ostracizava e humilhava. O que aconteceu, por exemplo, a mulheres como a Irene Lisboa, foi certamente um processo de esquecimento, mas também de humilhação. Afastaram-na da sua profissão, alguns dos seus livros só foram publicados em edições da própria autora. Outras vezes, as mulheres eram remetidas para “guetos femininos” onde só se podiam dedicar a actividades que o Estado Novo considerava apropriados. O lugar da mulher era definido pelo Estado (logo, pelo homem). Uma humilhação. Era muito habitual este afastamento da vida pública. No caso das mulheres do filme, fala-se ainda de outras – das mulheres sem história - das criadas, das empregadas de balcão (as tais mulheres sem aliança). Espero que de alguma maneira o filme possa levar mais pessoas a ler a obra de Maria Judite de Carvalho e de Irene Lisboa, porque a obra delas resgata estas mulheres do esquecimento. E esse é um gesto importante, o de dar espaço ao que não é dominante.
A arte (literatura, cinema, pintura) está muito presente em Donzela Guerreira - desde logo na protagonista, escritora e jornalista. O que pretendia transmitir com esta representação?
Marta Pessoa: A literatura é, sem dúvida, a base do filme. A protagonista é uma escritora e é na sua voz que “ouvimos” o filme, a sua escrita. Não são só as suas memórias que ela nos vai contando ao longo do filme, é todo o seu percurso até se descobrir enquanto escritora. Achei que a melhor forma de o fazer seria evocar objectos, imagens, filmes, com que Emília se pudesse ter cruzado. Bilhetes de teatro, bibelots numa vitrine, como se estivesse num museu, filmes que poderia ter visto (como é o caso de Lisboa, Crónica Anedótica, de Leitão de Barros), músicas que ouviria. As Meninas de Velasquez aparece no filme fazendo uma ligação da pintura com o espaço privado através de uma apropriação das personagens nele representadas pela mãe da própria Emília. A mãe ensina Emília a rever-se naquele quadro, aparentemente tão distante da sua realidade. É uma forma de ensinar o processo de criação de uma história. É como se a mãe lhe atribuísse a função ou o desígnio de escritora mesmo antes de morrer. A revelação da arte. Um momento de partilha íntima e de comunhão entre uma filha e uma mãe, entre a realidade e a fábula, entre o efémero e o eterno.
Há uma nostalgia latente em Donzela Guerreira. São saudades de uma cidade aos poucos desaparecida ou das suas mulheres de armas?
Marta Pessoa: Lisboa é uma cidade em constante transformação, em constante desaparecimento. Acho que a cidade do filme é uma Lisboa que ainda hoje conseguimos reconhecer e identificar como nossa, mesmo que os edifícios, as ruas, as praças, já não existam exactamente da mesma forma. Cada prédio que vai abaixo dói, mas se calhar no lugar desses prédios já existiram outros prédios que foram abaixo e que “doeram” aos lisboetas nossos antepassados. E há sempre o rio. Enquanto o Tejo estiver (mais ou menos) no mesmo sítio, teremos sempre Lisboa.
As mulheres de armas continuam a andar por aí, porque continuam a ter que lutar por muitos direitos. São, felizmente, mais visíveis, com mais voz, mais liberdade, que as mulheres dos anos 1950. Mal de nós se assim não fosse.
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
Crítica: Donzela Guerreira (2019)
*7/10*
Donzela Guerreira, de Marta Pessoa, leva-nos numa viagem no tempo, por arquivos da cidade de Lisboa, guiados por uma mulher cheia de histórias para contar.
O filme "ficciona o Portugal de meados do século XX. A partir da figura de Emília, uma escritora, em Lisboa, no ano de 1959, o filme convoca vultos, lugares, situações, receios e ironias numa aproximação aos universos literários de Maria Judite de Carvalho e Irene Lisboa, escritoras da cidade e das personagens que nela habitam. Guiados pela voz e olhar de Emília, entramos num jogo entre as imagens de arquivo da cidade e a efabulação pura. É uma Lisboa de ruas, jardins e casas onde habitam mulheres que olham para si próprias e umas para as outras, que ocupam os lugares que lhes destinam e o silêncio a que as votam."
Entre a ficção e as imagens reais, a longa-metragem de Marta Pessoa envolve a plateia em redor de uma protagonista forte e batalhadora, segura de si. Emilia é uma mulher solteira, que muito preza a sua independência e liberdade, emancipada, é uma feminista do seu tempo, mesmo sem o saber. Uma mulher de ideias férteis, exímia contadora de histórias. A actriz Anabela Brígida é a imagem sóbria e recatada e a voz decidida e melodiosa de Emília - a nossa guerreira.
sábado, 9 de maio de 2020
Maio Maduro Maio da 'Real Ficção' com filmes online
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"It's the little things that are important, Jimmy. It's the little things that get you caught." Deacon *6/10* Um thriller...
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"I'm making chocolate, of course. How do you like it? Dark? White? Nutty? Absolutely insane." Willy Wonka *7/10* Os primeiros ...