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domingo, 29 de janeiro de 2023

Sugestão da Semana #545

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o filme português Amadeo, de Vicente Alves do Ó, sobre o pintor Amadeo de Souza-Cardoso. O Hoje Vi(vi) um Filme já escreveu sobre o filme.



Ficha Técnica:
Título Original: Amadeo
Realizador: Vicente Alves do Ó
Elenco: Rafael Morais, Raquel Rocha Vieira, Ana Lopes, Eunice Muñoz, Ana Vilela da Costa, Lúcia Moniz, Rogério Samora, José Pimentão, Manuela Couto, Ricardo Barbosa
Género: Biografia, Drama
Classificação: M/12
Duração: 98 minutos

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Crítica: Amadeo (2023)

"Foge comigo. Tenho medo de ficar aqui para sempre e enlouquecer."

Amadeo

*7.5/10*

Depois de Florbela e Al Berto, Amadeo encerra a trilogia de filmes sobre artistas - dois poetas e um pintor - de Vicente Alves do Ó

Amadeo é um filme melancólico, marcado por duas pandemias - com cem anos de distância - e, inevitavelmente, toda a experiência de visualização é distinta daquela que seria caso não tivessem passados três anos pandémicos. Desde a conclusão das filmagens, no final de 2019, até à estreia, em 2023, alguns elementos da equipa do filme perderam a vida, sendo o mesmo dedicado a Eunice Muñoz Rogério Samora - que interpretaram a avó e o pai de Amadeo

Amadeo de Souza-Cardoso, nascido em Manhufe, Amarante, fixa-se em Paris onde integra um círculo de artistas modernistas, onde se contam ModiglianiPicasso, Apollinaire, Brancusi, Derain, Emmerico Nunes e Max Jacob. Com o início da Primeira Guerra Mundial, regressa a Portugal, à casa da família, juntamente com a sua mulher Lucie. Em 1918, com a chegada da pneumónica a Portugal, vai para Espinho com as irmãs e Lucie, até adoecer e falecer a 25 de Outubro de 1918, aos 30 anos.

São estes os momentos-chave do filme de Vicente Alves do Ó, que se divide em três partes: a estadia em casa dos pais durante a Primeira Guerra Mundial e a primeira exposição que organiza, em 1916, no Passos Manoel, no Porto; 1911 e a temporada passada em Paris, onde assistimos a uma vernissage em sua casa, onde marcam presença os maiores artistas da época como Modigliani e Picasso (e onde estão alguns dos melhores momentos da longa-metragem); e, por fim, 1918, e a chegada da doença. 

Amadeo carrega uma aura trágica tal qual o destino do seu protagonista: um homem com tamanha urgência em viver e com um talento grande demais para o país que o viu nascer. O jovem artista queria pintar o futuro que não chegou a viver, e que a guerra e uma pandemia fizeram adiar.

Rafael Morais incorpora o pintor de corpo e alma, e confere-lhe o ar sombrio de quem desespera por voltar a Paris e sair da "prisão" em que a guerra o colocou. Ele quer ser livre e compreendido e sabe que, em Portugal, isso não vai acontecer. Esta inquietação está latente no actor, bem como a sua extrema dedicação a Lucie e às irmãs.

Há que destacar também a fabulosa direcção de fotografia de Rui Poças, proporcionando planos que são autênticos quadros, a par dos que Amadeo pintou, numa fusão de artes.

Um dos mais talentosos e vanguardistas artistas portugueses do século XX tem finalmente um filme que o traz para a ribalta. Amadeo dá corpo e movimento ao pintor que é ainda tão desconhecido. O mistério em redor de um homem prometedor que morreu tão cedo torna-o, mais ainda, objecto de atento interesse. 

Os filmes de Vicente são de uma sensibilidade pouco comum no cinema português e Amadeo não foge à regra: é poético, livre e urgente como o seu protagonista.

domingo, 7 de novembro de 2021

Sugestão da Semana #480

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana faz destaques a dobrar. Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz, de Tiago Durão, sobre Eunice Muñoz, e Spencer, de Pablo Larraín, sobre a Princesa Diana, são os títulos escolhidos.



Ficha Técnica:
Título Original:  Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz
Realizador: Tiago Durão
Elenco: Eunice Muñoz e Lídia Muñoz
Género: Documentário
Classificação: M/12
Duração: 47 minutos



SPENCER


Ficha Técnica:
Título Original:  Spencer
Realizador: Pablo Larraín
Elenco: Kristen Stewart, Jack Farthing, Sally Hawkins, Timothy Spall, Sean Harris, Thomas Douglas
Género: Biografia, Drama, Romance
Classificação: M/12
Duração: 111 minutos

sábado, 6 de novembro de 2021

Crítica: Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz (2021)

*8/10*

No ano em que Eunice Muñoz comemora 80 anos de carreira, Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz, de Tiago Durão, entra na intimidade e nas memórias da actriz, e filma a sua relação com a neta, também actriz, Lídia Muñoz

"Neste não-documentário, revisitamos a vida de Eunice Muñoz através das memórias privadas da sua casa, observamos o lado humano da actriz, que aqui não representa nenhum papel que não seja o papel de ser quem é ao lado de quem ama. Entramos no museu de memórias que é a sua casa e viajamos pelos últimos oitenta anos, que começaram no velho palco do Teatro Nacional. Observamos a cumplicidade natural entre Lídia e Eunice, vemos como as separam sessenta e dois anos de corpo e nem um único ano de espírito. Abrem-nos as portas à sua intimidade e aos seus rituais domésticos, que poderiam ser prosaicos, mas que se elevam a uma poética que não se filma, porque não se filma a poesia."

Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz é uma homenagem à veterana, entre o papel de Mulher, Actriz e Avó. A ligação entre Eunice e Lídia é de um companheirismo e amizade que a diferença de idades e gerações não melindra. Partilham o amor, a casa e o palco. E seja nas tarefas domésticas, revisitando a caixinha das memórias ou enquanto preparam a peça de teatro que marcará a despedida de Eunice dos palcos, o realizador filma cada detalhe, cada gesto ou sorriso, com cumplicidade e carinho.


E entre a rotina do lar e os preparativos no teatro, o filme leva-nos numa viagem poética com imagens de arquivo da carreira e da vida familiar da actriz, estabelecendo o natural paralelismo com a (ainda curta) carreira de Lídia. Tudo acompanhado por textos lidos por Ruy de Carvalho, Luís Miguel Cintra e José Raposo, e ao som do piano de Maria João Pires.

Eunice ou Carta a uma Jovem Actriz pretende eternizar Eunice Muñoz. Por seu lado, a veterana passa o testemunho à neta, que a tem acompanhado, na vida pessoal e nos palcos. Tiago Durão criou um filme de memórias e de exemplos inspiradores, de duas mulheres que se amam e amam a arte de representar.