terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Prémios Sophia 2018: Os Nomeados

Foram esta Terça-feira revelados os nomeados para os Prémios Sophia 2018. São Jorge, de Marco Martins, lidera a lista com 14 nomeações. Margarida Vila-Nova e Miguel Nunes fizeram o anúncio dos nomeados, num evento que teve lugar na Cinemateca Portuguesa.


Foi também entregue o prémio para Melhor Cartaz Sophia 2017 a Luís Carlos Amaro pelo cartaz do filme Treblinka. Em segundo e terceiro lugares ficaram, respectivamente, A Floresta das Almas Perdidas, desenhado por José Pedro Lopes e Francisco Lobo, e Ornamento e Crime, de António Antunes (Tó Tripes).

Conhece todos os filmes na corrida para os prémios do cinema português.


Melhor Filme
São Jorge
A Fábrica de Nada
Al Berto
Fátima

Melhor Realizador
Marco Martins - São Jorge
João Canijo - Fátima
João Botelho - Peregrinação
Pedro Pinho - A Fábrica de Nada

Melhor Actriz Principal
Carla Galvão - A Fábrica de Nada
Rita Blanco - Fátima
Anabela Moreira - Fátima
Mariana Nunes - São Jorge

Melhor Actor Principal
Nuno Lopes - São Jorge
Miguel Borges - Uma Vida à Espera
Cláudio da Silva - Peregrinação
José Pimentão - Al Berto

Melhor Actriz Secundária
Isabel Abreu - Uma Vida à Espera
Beatriz Batarda - São Jorge
Catarina Wallenstein - Peregrinação
Raquel Rocha Vieira - Al Berto

Melhor Actor Secundário
Adriano Luz - São Jorge
José Raposo - São Jorge
João Villas-Boas - Al Berto
Duarte Grilo - Al Berto

Melhor Documentário em Longa-Metragem
Ama-San
Nos Interstícios da Realidade ou o Cinema de António de Macedo
Treblinka
Rosas de Ermera

Melhor Argumento Original
Ricardo Adolfo e Marco Martins - São Jorge
João Canijo - Fátima
Vicente Alves do Ó - Al Berto
Paulo Filipe Monteiro – Zeus

Melhor Banda Sonora Original
Rodrigo Leão - 100 Metros
Hugo Leitão, Nuno Malo, Rafael Toral - São Jorge
Luís Bragança Gil e Daniel Bernardes - Peregrinação
Rita Redshoes & The Legendary Tigerman - Ornamento e Crime

Melhor Canção Original
Sementes do Impossível por Xutos e Pontapés - Índice Médio de Felicidade
Fim - composição e interpretação Lúcia Moniz - Uma Vida à Espera
VOODOO – composição de Rita Redshoes & The Legendary Tigerman e interpretação de Rita Redshoes - Ornamento e Crime
Ribombar do Amor - Compositor e intérprete Jorge Prendas - Delírio Em Las Vedras

Melhor Fotografia
Carlos Lopes - São Jorge
Luís Branquinho - Peregrinação
Rui Poças - Al Berto
Leonor Teles - Verão Danado

Melhor Efeitos Especiais/Caracterização
Nuno Esteves “Blue” - Peregrinação
Sara Menitra - Zeus
Alexandra Espinhal - A Ilha dos Cães
João Rapaz - Verão Danado

Melhor Série
Madre Paula
Vidago Palace
A Criação
A Família Ventura

Melhor Direcção Artística
Joana Cardoso - Al Berto
João Torres - Zeus
Wayne dos Santos - São Jorge
Bruno Caldeira - A Ilha dos Cães

Melhor Som
Olivier Blanc, Hugo Leitão - São Jorge
Francisco Veloso - Peregrinação
Elsa Ferreira, Olivier Hespel, Gérard Rousseau - Fátima
Pedro Melo, Elsa Ferreira e Branko Neskov - Al Berto

Melhor Guarda Roupa
Joana Veloso - Peregrinação
Joana Cardoso - Al Berto
Sílvia Grabowski - Zeus
Lucha D'Orey - O Divã de Estaline

Melhor Maquilhagem e Cabelos
Abigail Machado e Mário Leal - Al Berto
Rita Castro, Felipe Muiron - Peregrinação
Djanira Cirilo da Cruz, Maria Almeida (Nani) - São Jorge
Nuno Esteves "Blue" e Mizé Silvestre - O Divã de Estaline

Melhor Montagem
Mariana Gaivão - São Jorge
João Braz - Peregrinação
Cláudia Oliveira, Edgar Feldman, Luísa Homem - A Fábrica de Nada
Pedro Ribeiro, Pedro Marinho, Vasco Carvalho - Índice Médio de Felicidade

Melhor Argumento Adaptado
Pedro Pinho, Luisa Homem, Leonor Noivo, Tiago Hespanha baseado na peça original “The Nothing Factory” de Judith Herzberg - A Fábrica de Nada
João Botelho adaptado do livro de Fernão Mendes Pinto - Peregrinação
David Machado e Tiago R. Santos - Índice Médio de Felicidade
Jorge António, Paulo Leite e Virgilio Almeida baseado no livro "Os Senhores do Areal" de Henrique Abranches - A Ilha dos Cães

Melhor Documentário em Curta-Metragem
António E Catarina de Cristina Hanes
Reis Do Sertão de Pablo Antonio
Où En Êtes-Vous, João Pedro Rodrigues? de João Pedro Rodrigues
O Homem Eterno de Luís Costa

Melhor Curta-Metragem de Ficção
Coelho Mau de Carlos Conceição
Altas Cidades De Ossadas de João Salaviza
A Língua de Adriana Martins da Silva
Antes que a noite venha – Falas de Antígona de Joaquim Pavão

Curta-Metragem de Animação
A Gruta De Darwin de Joana Toste
Das Gavetas Nascem Sons de Vítor Hugo
Água Mole de Laura Gonçalves e Alexandra Ramires (Xá)
Tocadora de Joana Imaginário

Prémio Sophia Estudante
Snooze de Dinis Leal Machado - ESMAD
A Clarabóia de Alícia Moreira - IPCA
Irís de Renato Arroyo e Francisco Ferreira - Universidade Lusófona
Blondes Make the Best Victims de Rita Ventura – ESAD

Prémio Mérito e Excelência
Ana Lorena
Lauro António
Artur Correia

A cerimónia de entrega dos Prémios Sophia vai acontecer no Casino Estoril, no dia 25 de Março.

Crítica: Lady Bird (2017)

"I want you to be the very best version of yourself that you can be." 
Marion McPherson

*7/10*

Lady Bird é símbolo de amadurecimento e de amor, acima de tudo. Greta Gerwig estreia-se na realização com uma longa-metragem que se despede da adolescência para entrar na idade adulta, com os receios e dilemas que essa transição acarreta. Ao mesmo tempo, o amor à cidade de Sacramento, Califórnia, e a tudo e todos os que a ligam à protagonista, é uma das mensagens mais puras do filme.


Leve e divertido, o filme de Gerwig emana energia positiva. Apesar de estar a ser algo sobrevalorizado por público e crítica, não deixa de ser uma estreia alegre e colorida para uma realizadora sempre ligada a filmes com este tipo de ambiente. 

Apesar de Christine ‘Lady Bird’ McPherson (Saoirse Ronan) lutar contra isso, é exactamente igual à extremamente apaixonada, opinativa e teimosa mãe (Laurie Metcalf), que trabalha incansavelmente como enfermeira para sustentar a sua família depois de o pai (Tracy Letts) ter perdido o emprego.


O conflito está constantemente presente, seja com a mãe ou com a melhor amiga - duas das pessoas que, no fundo, ela mais ama. Discussões inflamadas, exageradas (alguns diálogos roçam o presunçoso) - a idade ajuda -, paixões avassaladoras que depressa se esquecem, mentiras inconscientes, vergonha de quem se é, reacções explosivas e imaturas. Lady Bird constrói-se através destas situações e vai crescendo, tal como a nossa protagonista, até se tornar adulto.

O argumento é a cara de Greta Gerwig, é sólido, divertido, sem grandes compromissos, conta uma história delicodoce e agradável, onde a relação mãe-filha toma um lugar especial. Mas o grande foco está mesmo na mudança, na idade que passa e traz com ela responsabilidades que não se desejam (lembram-se de Frances Ha?). No fim de contas, Greta e Christine têm muito em comum, o que começa desde logo na mesma cidade natal.


A direcção artística faz um óptimo trabalho, transpondo a acção para a época em que decorre, o ano 2002: o início da generalização do telemóvel e de outros fenómenos tecnológicos. A banda sonora acompanha esta temporalidade.

Saoirse Ronan continua talentosa e nem o sotaque americano a deixa ficar mal. A actriz é uma força da Natureza e prova que ainda tem muito para mostrar. Ao seu lado, Laurie Metcalf, a mãe implacável, teimosa e obstinada, cria com a protagonista grandes momentos de emoção - em especial após a segunda metade de Lady Bird.


E no meio da ligeireza que o filme transmite, Greta Gerwig consegue convencer-nos de que, também nós, já tivemos qualquer coisa de Lady Bird: já fomos adolescentes revoltados, extravagantes, com sonhos mirabulantes, duvidas e receios. Mas todos crescemos.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

#MeToo... but not this way

Sou mulher e, como a maioria (senão a totalidade) do sexo feminino, tenho várias razões para me juntar ao movimento #MeToo. Ainda assim, não pretendo defendê-lo nas proporções que tem tomado, onde se julgam pessoas em praça pública e a presunção de inocência a que todos têm direito é totalmente esquecida.


Todos se lembram onde o movimento começou: Harvey Weinstein. Após muitas décadas de opressão, as mulheres colocaram o medo de lado e denunciaram abusos por parte do produtor cinematográfico. Os nomes mais sonantes envolvidos são os de Rose McGowan, Ashley Judd, Jessica Barth, Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Cara Delevingne ou Lea Seydoux.

Depois do tiro de partida, muitas mais acusações surgiram: Brett Ratner, Bill Cosby, John Lasseter, Dustin Hoffman, James Toback, Kevin Spacey... Com Spacey o caso tomou proporções especialmente marcantes. O actor foi afastado de House of Cards e substituído, a poucas semanas da estreia, por Christopher Plummer em Todo o Dinheiro do Mundo. E começa aqui a questão: onde fica a linha que separa o pessoal do profissional? Kevin Spacey é um dos melhores actores da sua geração e não são acusações de assédio que podem apagar esse facto. Alfred Hitchcock assediava a maior parte das suas actrizes e continua a ser o mestre do suspense...


No evoluir das polémicas e com o surgimento do #MeToo e do #TimesUp, Dylan Farrow lembrou-se que seria excelente altura para voltar a acusar Woody Allen de abuso sexual. O cineasta foi investigado na época das acusações nos anos 90 e nada ficou provado, sendo o mais provável que tudo não passasse de uma invenção de Dylan, na época com sete anos, potenciada pela pressão de Mia Farrow. De tempos a tempos, esta história volta à ribalta, com Dylan, agora com 32 anos, a acreditar verdadeiramente no que diz. Todavia, de repente, a cobardia tomou conta de Hollywood e mesmo quem já foi investigado e tido como inocente passa a ser julgado e condenado, sem provas, pelos seus pares e opinião pública - que, como sempre, tem dois pesos e duas medidas. E já nem falemos do caso Polanski e dos seus apoiantes (Mia Farrow, por exemplo...) e oponentes, num contexto completamente diferente de Woody Allen.

Woody Allen é mesmo o caso mais dramático, com actores com quem trabalhou a distanciarem-se do cineasta: Rebecca Hall, Timothée Chalamet, Colin Firth, Mira Sorvino (ganhou um Oscar à conta dele), Greta Gerwig, Natalie Portman (que tem tido outras saídas infelizes), Rachel BrosnahanDavid KrumholtzEllen Page. Todos trabalharam com ele depois das acusações e das investigações, todos se lembraram agora que era excelente ideia virar-lhe costas e insinuar a sua culpa, mais de 20 anos depois dos investigadores o terem ilibado. Para juntar a tudo isto, o próximo filme de Woody Allen, A Rainy Day in New York, pode estar em risco de ter estreia comercial. Está tudo louco!


Não quero deixar de ver os meus cineastas favoritos nos cinemas por acusações que já foram investigadas há mais de duas décadas e onde não existiu crime. Um grupo de feministas queria que retirassem uma estátua de Allen de Oviedo. Santa ignorância! Tragam-ma aqui para casa, já que não a querem. Tantos direitos pelos quais lutamos e agora este medo desmedido faz-nos negá-los aos nossos semelhantes? Chega a ser tudo ridículo. Ver Woody Allen, o realizador que tantos elogios à mulher tem feito nos seus filmes, que constrói personagens femininas fortes e inesquecíveis, ser mal tratado desta forma por Hollywood e não só, é revoltante!

Voltando ao assédio propriamente dito. É sabido que é o Poder que coloca o agressor em vantagem em relação à vítima, e certo é também que a maioria dos primeiros são homens e das segundas mulheres. É verdade também que esta "revolução" tem feito muito pelas mulheres que perderam o medo e finalmente se sentem seguras para denunciar os seus agressores. Mas o aproveitamento mediático que se está a fazer da situação não pode continuar. Seja pelas demonstrações de apoio que nada acrescentam (todos vestidos de preto, para quê?), seja pela multiplicidade de acusações que se sucederam em tom de aproveitamento, sem provas ou com casos muito mal explicados, e a consequente ruína da carreira dos acusados. Olhemos para James Franco e para o momento em que surgiram as acusações contra si: logo depois de vencer o Globo de Ouro de Melhor Actor de Comédia. Tudo o que se seguiu foi o afastamento do actor na corrida aos prémios com a sua melhor interpretação de sempre. De repente, já ninguém lhe reconhece talento nem ao seu filme Um Desastre de Artista. É justo? Para mim, não é.


Feminismo não é acusar qualquer homem que respire ou qualquer mulher que goste de se vestir como quer. Mais recentemente, Jennifer Lawrence foi criticada pelo vestido que usou em fotos com os actores de Agente Vermelha (Red Sparrow) por ser bastante revelador e estar muito frio. A batalha que tem levado a cabo no que respeita a igualdade salarial em Hollywood não parece ter servido de muito aos puritanos (ou invejosos?) que preferem criticar as escolhas e gosto de uma mulher adulta e independente. Já não se pode ser mulher.

Também já ninguém pode abrir a boca se tiver uma opinião ligeiramente diferente da maioria, a liberdade de expressão é só para alguns, no que toca a estes temas. Matt Damon e Quentin Tarantino são os casos mais flagrantes de quem não mediu as palavras e foi mal interpretado e, ainda que os ânimos estejam menos agitados, Tarantino já parecia começar a ter problemas com o próximo filme. Eu quero continuar a ver o mestre Tarantino no cinema!

Na Europa, Catherine Deneuve e Brigitte Bardot vieram manifestar o seu ponto de vista (bastante menos radical e mais da velha guarda) e foram imediatamente abalroadas por movimentos feministas. Michael Haneke ainda deve ser dos poucos cuja opinião não é tão contestada. Falou, e bem, sobre o que se passa actualmente e só lhe posso dar razão. Critica o "total rancor sem qualquer reflexão e uma raiva cega, não baseada em factos, mas que destrói as vidas de pessoas cujos crimes não foram provados". É isto que tenho vindo a defender em conversas acesas com amigos ou conhecidos, desde Outubro passado.

Estou farta de lutos hipócritas, de manifestações pouco solidárias, de julgamentos em praça pública, de quererem eliminar da História do Cinema e da Televisão nomes que tanto têm feito pelas suas artes. Sou feminista, concordo que o assédio tem de ser punido e que a igualdade entre sexos deveria ser um direito adquirido.

Não podemos deixar que banalizem um assunto tão sério. E é isso que está a acontecer. Há que lutar por justiça, para as vítimas e para os que estão a ser acusados injustamente. Há que clamar por bom senso e não deixar que a História do Cinema (ou Televisão, ou Teatro) seja destruída em actos de raiva e cobardia.

O Hoje Vi(vi) um Filme faz 6 anos

O meu bebé-blog está a crescer e faz hoje seis primaveras. A sensação que tenho deve ser a mesma que os pais têm quando dizem que o tempo passa a correr e de repente os filhos já são adultos. Mas vá, o meu blog ainda é uma criança...

Foi a 26 de Fevereiro de 2012 que tudo começou, num Domingo de Oscars. Hoje é Segunda-feira, dia de festa por aqui. Atenção ao instagram do Hoje Vi(vi) um Filme que vai ter posts especiais.

O balanço destes seis anos é muito positivo. Sempre a crescer, sempre a aprender. Continuaremos por aqui, a divagar sobre a Sétima Arte, a mais bela de todas.

Obrigada aos que nos vão acompanhando.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

Sugestão da Semana #313

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Eu, Tonya, com três nomeações para os Oscars. A crítica ao filme, protagonizado por Margot Robbie, pode ser lida aqui.

EU, TONYA


Ficha Técnica:
Título Original: I, Tonya
Realizador: Craig Gillespie
Actores: Margot Robbie, Sebastian Stan, Allison Janney 
Género: Biografia, Comédia, Drama
Classificação: M/16
Duração: 120 minutos

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Crítica: The Florida Project (2017)

"These are the rooms we're not supposed to go in... But let's go anyways!"
Moonee

*7/10*

A dura realidade que se esconde por detrás das cores vivas e da alegria da Disney é pintada em tons de lilás em The Florida Project, um elogio à infância sem regras e onde a liberdade é a rainha. Sean Baker parece querer deixar a sua marca no cinema como um realizador humanista, ao filmar sem preconceitos.

A ausência de regras faz da infância das crianças deste filme um pouco menos inocente e muito mais vivida, onde a alegria reside nas mais pequenas e simples experiências.


Tudo acontece em Orlando, Florida. Local por onde passam milhões de turistas todos os anos, um reino mágico rodeado de incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos e estâncias de férias. Mas a escassos passos desta área de deslumbramento e felicidade, decorre uma história bem diferente. A história de uma precoce menina de seis anos e do seu grupo de amigos numas férias de Verão cheias de assombro infantil, possibilidades e um sentimento de aventura, enquanto os adultos à sua volta lutam para sobreviver.

The Florida Project é um filme visualmente cativante, que explode num contraste de cores vivas e alegres a lembrar os castelos da vizinha Disney, com a paradoxal realidade decadente e infeliz, onde são as crianças que ainda a iluminam. Há um retrato sócio-económico indissociável desta longa-metragem, que dá a conhecer este outro lado da Disney World, onde a pobreza e o desencanto espreitam.

A fantasia, os sonhos, os riscos que não existem para crianças de seis anos, a vontade de explorar, a ausência de vergonha para pedir uns trocos e dividir um gelado, a linguagem vulgar de adultos que sai como farpas da boca de crianças. São estes os encantos do naturalismo com que Sean Baker filma.

A história que rodeia a família da pequena protagonista é revoltante de tão verosímil, por haver realmente casos como o seu. A mãe irresponsável e vulgar, de vocabulário e modos grosseiros, que ama a filha mas não tem maturidade suficiente para fazer as escolhas certas. The Florida Project peca por essa vulgaridade, mas ganha por tentar contá-la como se fosse um conto de fadas.

Visualmente, The Florida Project é um mar de cores, com tons garridos a contrastar com a narrativa pesada e degradante. A direcção de fotografia faz um bom trabalho e capta planos bastante intensos.

No elenco, destaca-se o nomeado para Melhor Actor Secundário, Willem Dafoe, na pele do apaziguador gerente do motel. Ele é o responsável por manter a ordem e por que tudo funcione e, ao mesmo tempo, é um pai para grande parte dos hóspedes - com os seus próprios dramas a pairar muito superficialmente. Mas o grande desempenho é mesmo o da pequena Brooklynn Prince, com uma energia e à vontade imensos para actriz tão jovem.


The Florida Project é um conto de fadas que pode não ter um final feliz, mas traz ao cinema actual um realismo impressionante pintado a cores vivas e onde a felicidade é proporcionada por uma liberdade sobre a qual raramente reflectimos.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Estreias da Semana #313

Esta Quinta-feira, chegaram oito novos filmes às salas de cinema portuguesas. 12 Indomáveis e Eu, Tonya são duas das estreias.

12 Indomáveis (2018)
12 Strong
Um oficial das forças especiais dos EUA comanda os seus homens numa perigosa missão pelas montanhas afegãs pouco tempo depois dos atentados do 11 de Setembro. O grupo do capitão Mitch Nelson (Chris Hemsworth) tem como objectivo convencer o comandante da Aliança do Norte, o General Dostum a aliar-se aos norte-americanos no combate a um adversário comum: a Al Qaeda e os talibãs. Além da necessidade de superar a desconfiança mútua e as vastas diferenças culturais, os americanos são obrigados a adoptar as tácticas rudimentares dos soldados afegãos a cavalo numa guerra onde enfrentam dificuldades esmagadoras e em inferioridade numérica perante um inimigo implacável que não faz prisioneiros.

Tonya (Margot Robbie) dominou o gelo com um desportivismo sem precedentes, mas acabou por aparecer nas manchetes dos jornais por razões muito diferentes, protagonizando um dos maiores escândalos da História do desporto. A patinadora artística norte-americana viu o seu futuro no mundo do desporto em risco, ao ver-se envolvida num violento ataque à sua rival, Nancy Kerrigan, mesmo antes das Olimpíadas de Inverno de 1994 em Lillehammer.

Kickboxer: A Retaliação (2018)
Kickboxer: Retaliation
Um ano após os acontecimentos do primeiro filme, Kurt Sloan mantém a sua promessa de não regressar à Tailândia. Apesar disso, enquanto treina para disputar o título de MMA, vê-se sedado e enviado à força para o país asiático, onde é colocado numa prisão. Os responsáveis pelo seu rapto querem colocá-lo frente a frente com um gigantesco Mongkut, um lutador com mais de 2 metros e 180 quilos de peso. Se vencer, Kurt receberá dois milhões de dólares e a liberdade. Kurt começa por recusar, mas depressa percebe que só lhe resta iniciar o mais rigoroso programa de treino a que alguma vez se submeteu e, com a ajuda de alguns mentores inesperados, enfrentar Mongkut na esperança de poder regressar a casa.

O Figurante (2017)
The Clapper
Eddie (Ed Helms) e o seu amigo Chris (Tracy Morgan) ganham a vida a aplaudir como membros do público em programas de televisão e publicidade. Têm uma existência simples e satisfatória, aproveitando-se das oportunidades proporcionadas pelo circo hollywoodesco que se desenrola à volta deles. A única verdadeira emoção de Eddie é o seu romance com a empregada da bomba de gasolina, Judy (Amanda Seyfried). Um dia, a vida de Eddie sofre uma reviravolta, quando Jayme Stillerman (Russell Peters), apresentador de um talk-show, repara nele e desencadeia um frenesim mediático em toda a cidade, incitando os espectadores a descobrirem a verdadeira identidade de Eddie. Esta fama súbita leva-o a perder o trabalho e Judy, que desaparece sem deixar rasto. Não encontrando outra alternativa, Eddie vê-se obrigado a alinhar com o mundo dos programas televisivos nocturnos para localizar o seu amor perdido.

O Nosso Último Tango (2015)
Un Tango Más
A história de amor entre María Nieves Rego e Juan Carlos Copes, dois famosos bailarinos na história do tango. María e Juan conheceram-se quando tinham 14 e 17 anos respectivamente, e dançaram juntos durante cerca de 50 anos. Durante todo esse tempo, amaram-se e odiaram-se, passaram por várias separações e voltaram a juntar-se. Neste documentário, María e Juan partilham a sua história com um grupo de jovens bailarinos de tango de Buenos Aires, que transformam os momentos da sua vida em incríveis coreografias.

Pequena Grande Vida (2017)
Downsizing
Paul Safranek (Matt Damon) é um homem comum que, juntamente com a esposa Audrey (Kristen Wiig), sonha com uma vida melhor. Com o mundo a enfrentar uma crise de excesso populacional, cientistas noruegueses desenvolvem uma solução radical que consegue encolher os humanos até um tamanho de apenas 13 centímetros. Rapidamente descobrem como num mundo mais pequeno existe mais riqueza e maior possibilidade de um estilo de vida abastado. O objectivo passa então por conseguir a redução global da civilização humana durante os próximos 200 anos. Paul e Audrey decidem assim correr os riscos deste procedimento controverso e passar a viver numa comunidade encolhida. Uma escolha que irá mudar as suas vidas para sempre.

Snow - Uma Viagem Heróica (2012)
Snezhnaya koroleva
A Rainha da Neve quer transformar todo o mundo numa paisagem congelada, sem luz, alegria, ou liberdade. Um jovem, Kai, que se julga ser filho do único homem que ainda pode fazer frente à rainha, é raptado e mantido cativo no palácio. Cabe a sua irmã, Gerda, resgatá-lo. Gerda viaja pela terra gelada, enfrenta obstáculos difíceis e conhece novos amigos que a vão ajudar a chegar ao irmão.

Todas as Cartas de Rimbaud (2017)
Na sua sala de estudo, Maria Filomena Molder retira da estante, junto dos livros de Goethe e das nuvens por este desenhadas, um pequeno caderno de fina capa preta de cartolina envernizada: nele, copiou à mão as cartas de Rimbaud.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Crítica: Todo o Dinheiro do Mundo / All The Money in The World (2017)

"If you can count your money you're not a billionaire."
J. Paul Getty

*6.5/10*

Uma história real sobre dinheiro, poder e família é adaptada ao cinema pela mão de Ridley Scott e o resultado é Todo o Dinheiro do Mundo. A longa-metragem ficou mais conhecida pelas polémicas em torno da troca de Kevin Spacey por Christopher Plummer a poucas semanas da estreia, mas há mais por detrás do escândalo.

Todo o Dinheiro do Mundo é um thriller com um argumento forte - que peca por ser tão longo - e é exactamente a grande interpretação de Plummer que faz a diferença.


John Paul Getty III, um adolescente de 16 anos e neto do homem mais rico do mundo, é raptado. Ao perceber que os raptores exigem uma quantia exorbitante de dinheiro, a sua mãe, Gail, rapidamente recorre ao sogro em busca de ajuda. No entanto, o avô não parece querer ceder às exigências dos raptores assim tão facilmente.

Ridley Scott não tem conquistado a crítica nos últimos anos, muitas vezes injustamente. Todo o Dinheiro do Mundo está longe de ser um filme inesquecível, mas sabe cativar atenções e desperta a curiosidade da plateia para a história de J. Paul Getty e da sua fortuna. Os fãs do realizador conseguirão encontrar muitas das suas marcas autorais por entre o vento, a chuva e as sombras.


O argumento é um dos pontos positivos do filme, que constrói bem o suspense em volta da decisão do patriarca da família Getty. Seguimos atentos, mas a ritmo lento, as negociações em torno do rapto do neto de um dos homens mais ricos do planeta, nos anos 70, e chegamos ao fim apaixonados pela interpretação de Christopher Plummer. É ele, na realidade e ironicamente, a estrela do filme. O veterano é perfeito a interpretar esta personagem tão ambígua, um homem inteligente, arrogante, inacessível e avarento, que nutre grande amor pelo neto raptado. É neste paradoxo de características que reside o encanto da personagem que consegue ser desprezível mas igualmente calorosa.

Com uma boa interpretação encontramos também Michelle Williams como Gail, a mãe que sofre e é capaz de tudo para conseguir o resgate do filme. Ela que, aparentemente, é das personagens menos ligadas ao dinheiro ou poder.


A banda sonora é o outro grande trunfo de Todo o Dinheiro do Mundo, com os temas envolventes e poderosos compostos por Daniel Pemberton a surgir em uníssono com a acção.

Pode ser apenas "mais um filme" de Ridley Scott, mas é um daqueles que conta uma boa história e tem um Christopher Plummer de tirar o fôlego. Nada mau.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Festival Guiões de 2 a 4 de Março em Lisboa

A 4.ª edição do GUIÕES - Festival de Roteiros de Língua Portuguesa estará no Cinema São Jorge e na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, de 2 a 4 de Março, este ano em parceria com o FESTin - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa.


Para além das sessões de pitching dos guiões finalistas e a entrega de prémios, serão também promovidos debates sobre co-produção internacional e sobre o valor do guião no mercado, oportunidades de apresentação de projectos a produtores, apresentações de iniciativas relacionadas com a escrita cinematográfica e masterclasses com Pablo Villaça (crítico de cinema) e José Carvalho (professor e guionista). 

Destaque para a exibição de Elon Não Acredita na Morte, de Ricardo Alves Jr. e Uma Vida Sublime, de Luís Diogo, filmes cujos guiões estiveram ente os finalistas da 1.ª edição do festival, em 2014.

Os finalistas da 4.ª edição do Guiões são:

André Collazi, Treze de Maio, 242 (BR)
André Novais de Oliveira, E os Meus Olhos Ficam Sorrindo (BR)
Bárbara Cunha, Menina Noiva (BR)
Davi de Oliveira Pinheiro, Grito (BR)
Fábio Montanari, O Clube dos Ex-Famosos (BR)
Mariana Tesch Morgon, Bugs (BR)
Miguel Clara Vasconcelos, Às Vezes Não Sou Eu Quem Fala Por Mim (PT)
Paulo Leierer, Na Medida do Impossível (BR)
Rafael Santos, A Casa Debaixo da Praia (PT)
Severino Neto, Memória de Elefante (BR)

Projectos Seleccionados para o PT CO-PROD 2017
José Baracho, Ifianassa (BR)
Malu Schroeder, Fair Play (BR)

Mais informações sobre o festival em www.guioes.com/festival.

Sugestão da Semana #312

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca The Florida Project, de Sean Baker. O filme valeu a Willem Dafoe a nomeação para Melhor Actor Secundário nos Oscars.

THE FLORIDA PROJECT


Ficha Técnica:
Título Original: The Florida Project
Realizador: Sean Baker
Actores: Brooklynn Prince, Bria Vinaite, Willem DafoeChristopher RiveraValeria CottoMela Murder
Género: Drama
Classificação: M/14
Duração: 111 minutos

domingo, 18 de fevereiro de 2018

BAFTA 2018: Os Vencedores

Foram esta noite anunciados os vencedores dos BAFTA 2018. Conhece os vencedores dos prémios britânicos, onde se destacou Three Billboards Outside Ebbing, Missouri (Três Cartazes à Beira da Estrada).


Aqui fica a lista de nomeados:

Melhor Filme
Call Me By Your Name
Darkest Hour
Dunkirk
The Shape of Water
Three Billboards Outside Ebbing, Missouri

Melhor Filme Britânico
Darkest Hour, Joe Wright, Tim Bevan, Lisa Bruce, Eric Fellner, Anthony McCarten, Douglas Urbanski
The Death of Stalin, Armando Iannucci, Kevin Loader, Laurent Zeitoun, Yann Zenou, Ian Martin, David Schneider
God's Own Country, Francis Lee, Manon Ardisson, Jack Tarling
Lady Macbeth, William Oldroyd, Fodhla Cronin O’Reilly, Alice Birch
Paddington 2, Paul King, David Heyman, Simon Farnaby
Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, Martin McDonagh, Graham Broadbent, Pete Czernin

Melhor Primeira Obra de um Realizador, Produtor ou Argumentista Britânico
The Ghoul, Gareth Tunley (Argumentista, Realizador, Produtor)Jack Healy Guttman & Tom Meeten (Produtores)
I am Not a Witch, Rungano Nyoni (Argumentista/Realizadora), Emily Morgan (Produtora)
Jawbone, Johnny Harris (Argumentista, Produtor), Thomas Napper (Realizador)
Kingdom of Us, Lucy Cohen (Realizadora)
Lady Macbeth, Alice Birch (Argumentista), William Oldroyd (Realizador), Fodhla Cronin O’Reilly (Produtora)

Melhor Filme Estrangeiro
Elle, Paul Verhoeven, Saïd Ben Saïd
First They Killed My Father, Angelina Jolie, Rithy Panh
The Handmaiden, Park Chan-wook, Syd Lim
Loveless, Andrey Zvyagintsev, Alexander Rodnyansky
The Salesman, Asghar Farhadi, Alexandre Mallet-Guy

Melhor Documentário
City of Ghosts, Matthew Heineman
I Am Not Your Negro, Raoul Peck
Icarus, Bryan Fogel, Dan Cogan
An Inconvenient Sequel, Bonni Cohen, Jon Shenk
Jane, Brett Morgen

Melhor Filme de Animação
Coco, Lee Unkrich, Darla K. Anderson
Loving Vincent, Dorota Kobiela, Hugh Welchman, Ivan Mactaggart
My Life as a Courgette, Claude Barras, Max Karli

Melhor Realizador
Blade Runner 2049, Denis Villeneuve
Call Me By Your Name, Luca Guadagnino
Dunkirk, Christopher Nolan
The Shape of Water, Guillermo del Toro
Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, Martin McDonagh

Melhor Argumento Original
Get Out, Jordan Peele
I, Tonya, Steven Rogers
Lady Bird, Greta Gerwig
The Shape of Water, Guillermo del Toro, Vanessa Taylor
Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, Martin McDonagh

Melhor Argumento Adaptado
Call Me By Your Name, James Ivory
The Death of Stalin, Armando Iannucci, Ian Martin, David Schneider
Film Stars Don't Die in Liverpool, Matt Greenhalgh
Molly's Game, Aaron Sorkin
Paddington 2, Simon Farnaby, Paul King

Melhor Actor Principal
Daniel Day-Lewis, Phantom Thread
Daniel Kaluuya, Get Out
Gary Oldman, Darkest Hour
Jamie Bell, Film Stars Don’t Die in Liverpool
Timothee Chalamet, Call Me by Your Name

Melhor Actriz Principal
Annette Bening, Film Stars Don’t Die in Liverpool
Frances McDormand, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
Margot Robbie, I, Tonya
Sally Hawkins, The Shape of Water
Saoirse Ronan, Lady Bird

Melhor Actor Secundário
Christopher Plummer, All the Money in the World
Hugh Grant, Paddington 2
Sam Rockwell, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri
Willem Dafoe, The Florida Project
Woody Harrelson, Three Billboards Outside Ebbing, Missouri

Melhor Actriz Secundária
Allison Janney, I, Tonya
Kristen Scott Thomas, Darkest Hour
Laurie Metcalf, Lady Bird
Lesley Manville, Phantom Thread
Octavia Spencer, The Shape of Water

Melhor Banda Sonora Original
Blade Runner 2049, Benjamin Wallfisch, Hans Zimmer
Darkest Hour, Dario Marianelli
Dunkirk, Hans Zimmer
Phantom Thread, Jonny Greenwood
The Shape of Water, Alexandre Desplat

Melhor Fotografia
Blade Runner 2049, Roger Deakins
Darkest Hour, Bruno Delbonnel
Dunkirk, Hoyte van Hoytema
The Shape of Water, Dan Laustsen
Three Billbooards Outside Ebbing, Missouri, Ben Davis

Melhor Montagem
Baby Driver, Jonathan Amos, Paul Machliss
Blade Runner 2049, Joe Walker
Dunkir , Lee Smith
The Shape of Water, Sidney Wolinsky
Three Billbooards Outside Ebbing, Missouri, Jon Gregory

Melhor Design de Produção
Beauty and the Beast, Sarah Greenwood, Katie Spencer
Blade Runner 2049, Dennis Gassner, Alessandra Querzola
Darkest Hour, Sarah Greenwood, Katie Spencer
Dunkirk, Nathan Crowley, Gary Fettis
The Shape of Water, Paul Austerberry, Jeff Melvin, Shane Vieau

Melhor Guarda-roupa
Beauty and the Beast, Jacqueline Durran
Darkest Hour, Jacqueline Durran
I, Tonya, Jennifer Johnson
Phantom Thread, Mark Bridges
The Shape of Water, Luis Sequeira

Melhor Maquilhagem e Cabelo
Blade Runner 2049, Donald Mowat, Kerry Warn
Darkest Hour, David Malinowski, Ivana Primorac, Lucy Sibbick, Kazuhiro Tsuji
I, Tonya, Deborah La Mia Denaver, Adruitha Lee
Victoria & Abdul, Daniel Phillips
Wonder, Naomi Bakstad, Robert A. Pandini, Arjen Tuiten

Melhor Som
Baby Driver, Tim Cavagin, Mary H. Ellis, Julian Slater
Blade Runner 2049, Ron Bartlett, Doug Hemphill, Mark Mangini, Mac Ruth
Dunkirk, Richard King, Gregg Landaker, Gary A. Rizzo, Mark Weingarten
The Shape of Water, Christian Cooke, Glen Gauthier, Nathan Robitaille, Brad Zoern
Star Wars: The Last Jedi, Ren Klyce, David Parker, Michael Semanick, Stuart Wilson, Matthew Wood

Melhores Efeitos Visuais
Blade Runner 2049, Gerd Nefzer, John Nelson
Dunkirk, Scott Fisher, Andrew Jackson
The Shape of Water, Dennis Berardi, Trey Harrell, Kevin Scott
Star Wars: The Last Jedi, Nominees tbc
War For the Planet of the Apes, Nominees tbc

Melhor Curta de Animação Britânica
Have Heart, Will Anderson
Mamoon, Ben Steer
Poles Apart, Paloma Baeza, Ser En Low

Melhor Curta-metragem Britânica
Aamir, Vika Evdokimenko, Emma Stone, Oliver Shuster
Cowboy Dave, Colin O’Toole, Jonas Mortensen
A Drowning Man, Mahdi Fleifel, Signe Byrge Sørensen, Patrick Campbell
Work, Aneil Karia, Scott O’Donnell
Wren Boys, Harry Lighton, Sorcha Bacon, John Fitzpatrick 

Revelação do Ano - EE Rising Star Award (votado pelo público)
Daniel Kaluuya
Florence Pugh
Josh O'Connor
Tessa Thompson
Timothée Chalamet

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Momentos Para Recordar #45

O Momentos Para Recordar de hoje convida a cantar e dançar, numa viagem aos anos 50, à juventude, aos blusões de cabedal e à brilhantina. Recordemos Sandy e Danny ou John Travolta e Olivia Newton-John.

Brilhantina (Grease), Randal Kleiser (1978)

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Crítica: Eu, Tonya / I, Tonya (2017)

"America. They want someone to love, they want someone to hate." 
Tonya Harding

*6/10*

A história de Tonya Harding chega ao cinema em jeito de docudrama, pela mão de Craig Gillespie. Eu, Tonya é um filme divertido que vive de duas grandes interpretações femininas: Margot Robbie e Allison Janney.

O que aconteceu, não aconteceu ou talvez tenha acontecido é filmado e dado a conhecer à plateia que, assim, melhor poderá fazer o seu juízo ou, se tal não acontecer, pode pelo menos dar umas boas gargalhadas.


Tonya (Margot Robbie) dominou o gelo com um desportivismo sem precedentes, mas acabou por aparecer nas manchetes dos jornais por razões muito diferentes, protagonizando um dos maiores escândalos da História do desporto. A patinadora artística norte-americana viu o seu futuro no mundo do desporto em risco, ao ver-se envolvida num violento ataque à sua rival, Nancy Kerrigan, mesmo antes das Olimpíadas de Inverno de 1994 em Lillehammer.

Craig Gillespie relata os factos, alternando entre a acção central, que nos mostra a história de Tonya desde a infância, e uma série de entrevistas (baseadas nas dos verdadeiros envolvidos), cheias de sarcasmo e algum humor. Esta opção revela-se pouco eficaz pois quebra o ritmo do filme, tornando-o muito fragmentado. Por outro lado, as personagens falam directamente para a câmara em muitos momentos, fazendo da plateia um cúmplice dos acontecimentos.


Apesar de Eu, Tonya nos apresentar as personagens muito caricaturadas, onde o exagero não tem limites, é o elenco que consegue elevar a longa-metragem a um patamar superior. Margot Robbie reinventa-se na pele da protagonista, expressiva e camaleónica. A actriz assusta-nos (no bom sentido) com alguns olhares e sorrisos, mais ameaçadores e tresloucados do que de simpatia, e revela-se empenhada na pele desta mulher que, desde cedo, viveu num ambiente desequilibrado. Ao seu lado, Allison Janney, a mãe intransigente, que não parece nutrir qualquer amor pela filha. Um dos motivos da desgraça de Tonya. Janney é fabulosa nos gestos, palavras e seriedade com que encara o papel. 


Eu, Tonya vale pelas interpretações e trabalho de fotografia e direcção artística. Acima de tudo, desperta a curiosidade para saber mais sobre a verdadeira Tonya Harding e ver imagens da ex-patinadora nos seus tempos áureos na pista de gelo.

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Estreias da Semana #312

Quatro novos filmes chegam esta Quinta-feira aos cinemas portugueses. 15:17 Destino Paris e Black Panther são duas das estreias.

15:17 Destino Paris (2018)
The 15:17 to Paris
Realizado por Clint Eastwood, 15:17 Destino Paris conta a história verídica de três homens que se transformaram em heróis com um acto de coragem. Ao início da tarde de 21 de Agosto de 2015, o mundo assistiu em silêncio enquanto os meios de comunicação relatavam um ataque terrorista frustrado, ocorrido no comboio Thalys #9364 com destino a Paris. Um ataque evitado por três jovens americanos que viajavam pela Europa. O filme segue a história dos três amigos, desde as dificuldades na infância até encontrarem o seu caminho na vida, culminando numa série de eventos improváveis que conduziram ao ataque. Ao longo da dura experiência, a sua amizade nunca é posta em causa, tornando-se na melhor de todas as armas e permitindo que salvassem a vida a mais de 500 pessoas.

Alias Maria (2015)
Alias María
Maria, de 13 anos, recrutada pela guerrilha colombiana, dirige-se a uma cidade vizinha com outros três soldados. O grupo tem a missão de entregar em segurança o bebé recém-nascido do comandante. Ninguém sabe, mas Maria esconde um segredo: está grávida, algo proibido na guerrilha. Durante a missão, o segredo é revelado e ela foge para evitar o aborto forçado. Através dos olhos de Maria, viajamos pelos resultados deste conflito armado: as cidades devastadas por massacres, os camponeses apanhados no fogo cruzado, os pais que perderam os filhos e as crianças e jovens que tentam crescer em normalidade num meio onde a violência e a morte estão sempre presentes.

Black Panther (2018)
Black Panther acompanha T'Challa após os acontecimentos de Capitão América: Guerra Civil, quando regressa a casa, na isolada e tecnologicamente avançada nação africana de Wakanda, para assumir o papel de Rei após a trágica morte do pai. O aparecimento de um antigo inimigo vai testar a força de T'Challa enquanto Rei e como Black Panther, e arrastá-lo para um conflito que coloca em risco o destino de Wakanda e do mundo.

The Florida Project (2017)
Orlando, Florida. Um paraíso soalheiro ao qual acorrem anualmente milhões de turistas de todo o mundo. Um reino mágico que preside sobre incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos e estâncias de férias. Mas a escassos passos desta área de deslumbramento e felicidade, decorre uma história bem diferente. A história de uma precoce menina de 6 anos e do seu grupo de amigos numas férias de Verão cheias de assombro infantil, possibilidades e um sentimento de aventura, enquanto os adultos à sua volta lutam para sobreviver.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Crítica: Linha Fantasma / Phantom Thread (2017)

"Whatever you do, do it carefully." 
Alma


*9/10*

Paul Thomas Anderson regressa esplendoroso e inspirado, tal como Daniel Day-Lewis, naquele que diz ser o seu último papel. Linha Fantasma absorve o perfeccionismo de um artista que vive apenas para a sua criação. Quando o amor chega, os dois lutam por espaço na sua vida.

O perfeccionismo do criador revê-se também no trabalho de toda a equipa de Linha Fantasma, num assombro de talento. A par disso, é criada uma aura sobrenatural que surge de forma subtil e muito realista, onde a forma de encarar a morte ganha um papel de destaque.


Na  Londres  do  pós-guerra,  o famoso costureiro  Reynolds  Woodcock  (Daniel  Day-Lewis)  e  a  irmã  Cyril  (Lesley Manville) estão no centro da moda Britânica, vestindo realeza, estrelas de cinema, herdeiras, socialites e damas com o distinto estilo d’A Casa de Woodcock. As mulheres entram e saem da vida de Reynolds, providenciando-lhe inspiração e companhia, até que ele se cruza com uma  jovem  e  perseverante  mulher,  Alma  (Vicky  Krieps),  que  rapidamente  se  torna  uma fixação na sua vida, como musa e amante. Antes controlada e planeada, ele vê agora a sua vida despedaçada pelo amor.

O génio admirado, por vezes intratável, arrogante e obcecado com o seu trabalho, também se apaixona, mas não é qualquer mulher que o irá suportar. Só mesmo Alma, a sua musa. Essa mulher especial, forte, provocadora, sem receios, nem rodeios. Escrúpulos ainda lhe restam alguns e parecem ser os suficientes para que a poção de amor resulte.


Linha Fantasma deve ser visto e sentido, quer pela história de paixão desenhada e cosida à mão, pela beleza dos vestidos, pela delicadeza dos planos de câmara, dos actores, da fotografia, do som e, principalmente, por ter sido filmado em película.

Daniel Day-Lewis é metódico, elegante, encarna o estilista como se estivesse a fazer de si mesmo. Cada papel, cada novo Day-Lewis, ele que é um dos melhor actores da sua geração. Rígido mas frágil, apaixonado mas igualmente enlouquecido quando as emoções fogem ao seu controlo, é um homem aparentemente decidido mas que depende em demasia da irmã e de outras mulheres que compõem a sua vida. Ele esconde segredos nas bainhas, segredos que prefere partilhar com as roupas que desenha, mais do que com as pessoas que o rodeiam. Lesley Manville e Vicky Krieps acompanham-no e dão-lhe regras e vida, respectivamente. Ambas com interpretações à altura do protagonista, Manville é magnética na pele de Cyril, a irmã omnipresente e controladora. Vicky Krieps oferece um misto de fragilidade e rebeldia a Alma, que a torna especialmente misteriosa.


Paul Thomas Anderson pinta um quadro em movimento através da sua câmara, sendo realizador e director de fotografia do seu filme. Ele joga com a iluminação, com o rodopiar das modelos nos vestidos de Reynolds, potencia as suas cores suaves, os tons pastel, as peles pálidas, em contraste com a decoração em redor. O trabalho de som tem um papel especialmente relevante em Linha Fantasma, nos momentos em que até barrar manteiga numa tosta causa um ruído impossível de aguentar para o protagonista. Vemo-nos a sentir os ruídos da mesma forma: tudo é demasiado barulhento e perturbador quando se precisa de foco. A banda sonora de Jonny Greenwood acompanha a narrativa na perfeição.


Paul Thomas Anderson presenteia-nos com um dos melhores filmes da sua carreira. Day-Lewis hipnotiza-nos e ensina-nos que só quando está de caras com a morte é que o Homem vive.

domingo, 11 de fevereiro de 2018

Sugestão da Semana #311

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Todo o Dinheiro do Mundo, de Ridley Scott. A crítica não tem sido meiga com o filme, que em cima da data de estreia substituiu Kevin Spacey por Christopher Plummer, mas nada como ver para crer. Plummer está nomeado para o Oscar de Melhor Actor Secundário.

TODO O DINHEIRO DO MUNDO


Ficha Técnica:
Título Original: All the Money in the World
Realizador: Ridley Scott
Actores: Michelle Williams, Christopher Plummer, Mark WahlbergCharlie Plummer
Género: Biografia, Crime, Drama
Classificação: M/14
Duração: 132 minutos