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domingo, 8 de setembro de 2024

Sugestão da Semana #630

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Beetlejuice Beetlejuice, de Tim Burton, que traz Michael Keaton de volta ao papel icónico.

BEETLEJUICE BEETLEJUICE


Ficha Técnica:
Título Original: Beetlejuice Beetlejuice
Realizador: Tim Burton
Elenco: Michael Keaton, Winona Ryder, Catherine O'Hara, Jenna Ortega, Justin Theroux, Willem Dafoe, Monica Bellucci
Género: Comédia, Fantasia, Mistério, Terror
Classificação: M/12
Duração: 104 minutos

domingo, 10 de março de 2024

Crítica: Pobres Criaturas / Poor Things (2023)

"I have adventured it and found nothing but sugar and violence."
Bella Baxter


*8.5/10*


O arrojo de Yorgos Lanthimos não é para todos os gostos. Os seus filmes podem provocar um contraditório misto de sensações e sentimentos: admiração, repulsa, descrença ou fascínio. Pobres Criaturas segue a mesma linha do choque e sordidez, habituais no realizador, enquanto consegue ser um admirável conto sobre a emancipação feminina (mesmo que tudo possa ter começado pela ambição desmedida de um homem).

Pobres Criaturas acompanha "a fantástica evolução de Bella Baxter (Emma Stone), uma mulher ressuscitada pelo brilhante e heterodoxo médico Godwin Baxter (Willem Dafoe). Sob a protecção de Baxter, Bella quer aprender. Sedenta por conhecer o mundo, foge com Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), um advogado elegante e debochado, numa aventura vertiginosa. Livre dos preconceitos do seu tempo, Bella cresce firme no propósito de defender a igualdade e a libertação".


Eis uma protagonista apaixonante que cresce (não só literal, como intelectualmente) ao longo das quase duas horas e meia de filme. Bebé, criança, adolescente e adulta. A maturidade conquista-se fora de casa mas, ainda enclausurada, Bella já mostra a sua genica e rebeldia.

Mas Bella solta as amarras, procura a independência fora de portas - com paragens em Lisboa, Alexandria e Paris -, e entre diversas relações abusivas, ela faz escolhas, independentemente da vontade dos outros. Depois de descobrir a sexualidade, Bella luta e vai conquistando a sua liberdade e identidade individual. Cruza-se com personagens que lhe enriquecem o pensamento - e que delícia são os (poucos) momentos que passa com Martha (Hanna Schygulla) e Harry (Jerrod Carmichael), que conhece durante a viagem de navio - e é visível como a ingenuidade inicial se vai dissipando. A chegada a Paris leva-a ao seu momento mais decadente e humilhante, mas aprende depressa a definir regras no meio da degradação que, no fundo, se torna em apenas mais uma escolha.


Se Pobres Criaturas funciona tão bem, muito se deve à extraordinária ligação entre Emma StoneYorgos Lanthimos. A actriz encarna a evolução da personagem com total confiança no realizador. Expõe-se física e emocionalmente, experimenta emoções, movimentos e trejeitos incomuns, transfigura-se e supera todas as provas com distinção. O talento de Stone revela-se na sua plenitude na pele de Bella. E, apesar do principal pecado de Lanthimos ser não saber quando parar e estender-se em devaneios que nada acrescentam, certo é que a protagonista é tão viciante que se poderia continuar a acompanhá-la meses a fio - quem sabe numa série sobre ela?


Esteticamente irrepreensível - e filmado em película -, direcção artística, caracterização, guarda-roupa e fotografia criam um imaginário antiquado-futurista, entre sonho e realidade - mais onírico que realista, efectivamente. Uma realidade, em muitos momentos, surrealista, repleta de elementos cómicos e incómodos - muitos deles fruto das invenções de Godwin Baxter, uma espécie de Dr. Victor Frankenstein ao estilo de Lanthimos -, bem como dramáticos, tudo tão bem conduzido pela provocadora banda sonora, de Jerskin Fendrix.

Destaque para a utilização da lente "olho de peixe" - que Lanthimos tem tornado sua imagem de marca - e a alternância do preto e branco inicial, correspondente aos primeiros tempos da vida de Bella no ambiente controlado da casa de Godwin, passando o filme a ser a cores assim que Bella foge com Duncan, rumo ao desconhecido.


E, se há personagens misóginas, Pobres Criaturas faz-lhes frente e revela ser o seu contrário: é sobre empoderamento feminino, sobre uma Mulher à procura do seu lugar no mundo - e a encontrá-lo.

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Sugestão da Semana #598

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Pobres Criaturas, de Yorgos Lanthimos, protagonizado por Emma Stone.

POBRES CRIATURAS


Ficha Técnica:
Título Original: Poor Things
Realizador: Yorgos Lanthimos
Elenco: Emma Stone, Mark Ruffalo, Willem Dafoe, Ramy Youssef, Jerrod Carmichael, Margaret Qualley, Christopher Abbott, Damien Bonnard
Género: Comédia, Drama, Romance
Classificação: M/16
Duração: 141 minutos

domingo, 24 de abril de 2022

Sugestão da Semana #504

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o novo filme de Robert Eggers, O Homem do Norte, que já tem crítica no Hoje Vi(vi) um Filme.



Ficha Técnica:
Título Original: The Northman
Realizador: Robert Eggers
Elenco: Alexander Skarsgård, Nicole Kidman, Claes Bang, Ethan Hawke, Anya Taylor-Joy, Gustav Lindh, Björk, Willem Dafoe, Ralph Ineson
Género: Acção, Aventura, Drama
Classificação: M/16
Duração: 136 minutos

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Crítica: O Homem do Norte / The Northman (2022)

"I will avenge you, Father. I will save you, Mother. I will kill you, Fjölnir."

Amleth


*8/10*

Robert Eggers regressa com o visceral O Homem do Norte (The Northman), onde lendas e espíritos se juntam numa acção comandada pelo desejo de vingança. Semelhanças com Hamlet, de William Shakespeare, não são coincidência, já que ambos se inspiram no lendário herói nórdico, Amleth. Contudo, Eggers, em coautoria com o escritor islandês Sjón, cria a sua própria visão dos mitos e lendas escandinavos, inserindo-os no universo sujo e sombrio que caracteriza os seus filmes.

"Durante a viragem do século X, na Islândia, o jovem príncipe Amleth está à beira de se tornar um homem quando o pai é brutalmente assassinado pelo tio, que rapta a mãe do rapaz. Fugindo do seu reino insular por barco, jura vingança. Duas décadas mais tarde, Amleth é um viking berserker que invade aldeias eslavas. Num desses lugares, uma vidente recorda-o do seu voto: vingar o pai, salvar a mãe, matar o tio. Viajando num navio de escravos para a Islândia, Amleth infiltra-se na quinta do seu tio com a ajuda de Olga, uma mulher eslava."

Ainda que a história que inspira o filme de Eggers já seja conhecida, o desenlace não é óbvio nem desilude. A vingança e o desejo de justiça são motivação para cada acto de Amleth, onde a acção é contrabalançada com suspense e misticismo - tudo bem ao estilo do realizador (basta lembrar O Farol A Bruxa) - e muita violência.

O Homem do Norte é exímio na recriação do ambiente inóspito e brutal da época, das batalhas sangrentas, das perigosas viagens de barco nos mares do norte, do trabalho escravo ou da leviandade com que os poderosos tratam os seus subordinados.

No protagonista, Amleth, são trabalhados muitos sentimentos e emoções: da criança que admira o pai e quer estar à altura das suas expectativas, ao trauma que alimenta o desejo de vingança e o obriga a partir para terras desconhecidas; ou do adulto selvagem e implacável, que recupera o seu lado racional e retoma o desejo de fazer justiça ao pai e salvar a mãe. Ao fim de 20 anos, Amleth reencontra-se com o passado e tem a oportunidade de experimentar muitos sentimentos que deixou de parte - entre eles o amor. Alexander Skarsgard revela-se empenhado e tão capaz quer na componente física do papel - onde adopta uma postura quase animalesca -, como na psicológica, com diferentes nuances emocionais ao longo da longa-metragem.

Mas é tecnicamente que O Homem do Norte realmente se eleva. Nos cenários gelados da Islândia, há que dar todo o mérito ao fabuloso trabalho da direcção de fotografia de Jarin Blaschke (o mesmo dos anteriores filmes de Eggers) que, entre o gelo, a lama e os vulcões fumegantes, consegue captar, através da iluminação das imagens - também diurnas, mas em especial as nocturnas -, os corações gélidos das personagens e o calor do ódio que carregam em si. As sequências de acção são intensas e bem coreografadas, potenciadas mais ainda pela excelente montagem de Louise Ford. A pairar, qual fantasma, a banda sonora de Robin Carolan e Sebastian Gainsborough funde-se com os uivos e gritos de guerra ou de terror.

O Homem do Norte veio alargar o espectro da filmografia de Robert Eggers, reforçando a criatividade e o talento que o realizador tem para entorpecer as audiências e, ao mesmo tempo, prendê-las à visceralidade tanto visual como psicológica da sua obra.

domingo, 21 de novembro de 2021

Sugestão da Semana #482

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o novo filme de Paul Schrader, The Card Counter: O Jogador, com Oscar Isaac no papel principal. A longa-metragem já tem crítica no Hoje Vi(vi) um Filme.




Ficha Técnica:
Título Original: The Card Counter
Realizador: Paul Schrader
Elenco: Oscar Isaac, Tiffany Haddish, Tye SheridanWillem Dafoe
Género: Crime, Drama, Thriller
Classificação: M/16
Duração: 111 minutos

terça-feira, 16 de novembro de 2021

Crítica: The Card Counter: O Jogador (2021)

*8.5/10*


Protagonistas misteriosos, assombrados por traumas bem guardados, são os eleitos de Paul SchraderThe Card Counter: O Jogador esconde um passado tortuoso por detrás de uma mão cheia de trunfos. 

"Tell só quer jogar às cartas. A sua existência espartana no trilho dos casinos termina quando é abordado por Cirk, um jovem vulnerável e furioso que procura ajuda para levar a cabo o seu plano de vingança contra um coronel. Tell vê uma hipótese de redenção. Ganha o apoio da misteriosa financiadora de jogos de azar La Linda, e leva Cirk de casino em casino até que o improvável trio coloca a sua mira na World Series of Poker. Mas manter Cirk no caminho certo prova-se impossível e Tell é arrastado de volta para a escuridão do seu passado."


O jogo é uma fuga para o protagonista - está longe de ser um vício. Depois de cumprir pena na prisão, o ex-soldado Tell dedica-se a jogar nos casinos das cidades por onde passa, dorme no quarto de motel mais impessoal possível, não pretende ganhar raízes ou criar laços, mas nem tudo pode estar sempre sobre o seu controlo. Há um passado que quer apagar da memória, mas este teima em não o deixar de atormentar. Eis a misteriosa "personagem-tipo" de Paul Schrader interpretada com a sobriedade exigida por Oscar Isaac, cada vez mais maduro.

Ao conhecer Cirk, um jovem marcado por um pai cujo passado se cruza, mesmo que indirectamente, com o de Tell (bem como a partilha de um inimigo comum), o jogador baixa a guarda e deixa o jovem aproximar-se da sua rotina disciplinada. E se Cirk, dominado por desejos de vingança, desperta sentimentos de compaixão no protagonista, ao mesmo tempo, surge uma mulher na sua vida: La Linda e as suas propostas de negócio não o deixam indiferente. 


Os dois fazem o protagonista desviar-se do seu caminho predefinido e arriscar mais do que se costuma permitir. E é na incerteza do risco que The Card Counter se constrói, com a mestria de Schrader, aliada à fabulosa direcção de fotografia de Alexander Dynan, onde luzes e espelhos (dos casinos) e as sombras do passado que regressa conquistam espaço, tal qual as personagens e suas singularidades.

Tell não se comanda pela sorte ao jogo. Para ele, à mesa do casino, contam-se as cartas e joga-se com o bluff, sabendo sair no momento certo. Já na vida real, nem sempre é possível. Em The Card Counter: O Jogador não há santos, mas existe um muito forte desejo de redenção.

domingo, 14 de novembro de 2021

Sugestão da Semana #481

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o filme de Wes AndersonCrónicas de França.

CRÓNICAS DE FRANÇA


Ficha Técnica:
Título Original: The French Dispatch
Realizador: Wes Anderson
Elenco: Bill Murray, Benicio del Toro, Frances McDormand, Jeffrey Wright, Adrien Brody, Tilda Swinton, Owen Wilson, Timothée Chalamet, Léa Seydoux, Mathieu Amalric, Lyna Khoudri, Steve Park, Liev Schreiber, Elisabeth Moss, Edward Norton, Willem Dafoe, Lois Smith, Saoirse Ronan, Christoph Waltz, Cécile de France
Género: Comédia, Drama, Romance
Classificação: M/14
Duração: 108 minutos

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Crítica: O Farol / The Lighthouse (2019)

"And I'm damn-well wedded to this here light, and she's been a finer, truer, quieter wife than any alive-blooded woman."
Thomas Wake


*8/10*

Das profundezas do Mar às entranhas dos Homens, Robert Eggers regressou para criar um ambiente fantasmagórico, suportado por dois actores de talento inesgotável, por um formalismo cheio de homenagens e com mitos e lendas a compor o argumento simples de O Farol (The Lighthouse).

Depois de A Bruxa (2015), o realizador regressa à atmosfera que confunde o sobrenatural com as crenças doentias, resultando num terror muito característico, essencialmente psicológico. Os animais e a Natureza voltam a ter um papel fulcral no decorrer da acção em ambos os filmes.

Em finais do século XIX, dois faroleiros, Ephraim Winslow (Robert Pattinson) e Thomas Wake (Willem Dafoe), chegam a uma remota ilha da Nova Inglaterra para cuidar do farol, mas a convivência não é fácil. Os dois tentam manter a sua sanidade, com álcool, danças e histórias misteriosas que atormentam a mente do mais jovem. Entretanto, uma tempestade despoleta, e o navio que os vem buscar tarda em chegar.


Mitos dos mares - sereias, polvos, gaivotas -, tensão sexual, segredos escondidos na luz do farol, solidão e isolamento, eis os ingredientes de O Farol, que Robert Eggers trabalha da melhor forma para construir um marco do terror contemporâneo, reforçando a sua visão, em continuidade com as ideias desenvolvidas em A Bruxa.

O argumento é simples: dois homens de diferentes gerações estão mais de um mês sozinhos numa ilha, onde têm de cuidar de um farol e estruturas adjacentes. A partir daí, as mentes de cada um trabalham sem parar e a loucura bate à porta. As superstições de Wake depressa chocam com o cepticismo de Winslow, mas enquanto o tempo passa, realidade e mitologia revelam semelhanças inesperadas. As ideias confundem-se, alucinações misturam-se com a realidade. E as experiências sucedem-se, bem como os segredos.


A plateia inquieta-se, mas aprecia as fabulosas interpretações de Willem Dafoe e Robert Pattinson - o veterano de talento consolidado e o jovem em ascensão capaz de qualquer papel - numa química que vai do companheirismo ternurento à mais violenta das relações. Prestações tão físicas como psicológicas, intimas, atordoantes.

Tecnicamente, Robert Eggers quis deixar marca. Filmou em 35 mm, a preto e branco, num formato poucas vezes utilizado (1.19 : 1), criando uma atmosfera de clausura, sem fuga possível - ou não estivéssemos numa ilha. O trabalho de direcção de fotografia de Jarin Blaschke joga com luzes e sombra de forma ímpar, fazendo-nos recuar no tempo, lembrando o expressionismo alemão. O terror ainda se adensa mais na banda sonora de Mark Korven, aterradora.


Herman Melville, Edgar Allan PoeH. P. LovecraftF. W. Murnau, todos espreitam pelas janelas de O Farol, quais gaivotas omnipresentes naquela ilha. Todos influenciam Eggers, que vai construindo uma personalidade forte enquanto realizador, perseguindo mitos, lendas e superstições.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Sugestão da Semana #416

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca O Farol, de Robert Eggers, com Willem Dafoe e Robert Pattinson. O filme tem estreia limitada em Portugal, mas ainda o podes ver esta tarde, pelas 17h15, e no dia 18 de Fevereiro, às 22h00, no Espaço Nimas, em Lisboa, e esta Segunda-feira, 17, às 21h30, no Teatro Académico Gil Vicente, em Coimbra.

O FAROL


Ficha Técnica:
Título Original: The Lighthouse
Realizador: Robert Eggers
Elenco: Robert Pattinson, Willem Dafoe
Género: Drama, Fantasia, Terror
Classificação: M/16
Duração: 109 minutos

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Sugestão da Semana #359

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Vox Lux, de Brady Corbet, com Natalie Portman e Jude Law no elenco. A crítica do Hoje Vi(vi) um Filme pode ser lida aqui.



Ficha Técnica:
Título Original: Vox Lux
Realizador: Brady Corbet
Actores: Raffey Cassidy, Natalie Portman, Willem Dafoe, Jude LawStacy Martin
Género: Drama, Música
Classificação: M/14
Duração: 114 minutos

quinta-feira, 1 de março de 2018

Oscars 2018: Os Actores Secundários

Percorro agora os nomeados para o Oscar de Melhor Actor Secundário. É uma categoria com dois desempenhos muito bons, e uma ausência muito notória: Armie Hammer merecia um lugar pelo seu papel em Chama-me Pelo Teu Nome. Eis os cinco nomeados, por ordem de preferência.

1. Christopher Plummer, Todo o Dinheiro do Mundo (All the Money in the World)


Chegamos ao fim de Todo o Dinheiro do Mundo apaixonados pela interpretação de Christopher Plummer. É ele, na realidade e ironicamente (dada a troca tardia de Spacey por Plummer), a estrela do filme. O veterano é perfeito a interpretar esta personagem tão ambígua, um homem inteligente, arrogante, inacessível e avarento, que nutre grande amor pelo neto raptado. É neste paradoxo de características que reside o encanto da personagem que consegue ser desprezível mas igualmente calorosa.

2. Sam Rockwell, Três Cartazes à Beira da Estrada (Three Billboards outside Ebbing, Missouri)


Sam Rockwell é um camaleão como Dixon, o homem intragável, intratável, violento e com um ódio desmedido que toma conta dos seus actos. É uma criança grande, que veste farda e usa armas, enquanto não larga os headphones ou as revistas de banda desenhada. A sua personagem sofre uma grande transformação ao longo do filme e há valores que vamos descobrindo neste homem imaturo que nos vão surpreender.

3. Willem Dafoe, The Florida Project


Willem Dafoe veste a pele do apaziguador gerente do motel. Ele é o responsável por manter a ordem e por que tudo funcione e, ao mesmo tempo, é um pai para grande parte dos hóspedes - com os seus próprios dramas familiares a pairar muito superficialmente. Uma interpretação tranquila mas que gera uma intensa empatia com a plateia.

4. Woody Harrelson, Três Cartazes à Beira da Estrada (Three Billboards outside Ebbing, Missouri)


Woody Harrelson é o desafiado chefe da polícia, um dos bons, mas impotente, desencantado, é um homem em claro sofrimento. Uma interpretação curta e cheia de simplicidade a que não falta muito carisma.

5. Richard Jenkins, A Forma da Água (The Shape of Water)


Richard Jenkins é o eterno amigo da protagonista de A Forma da Água. Um desempenho cheio de sensibilidade, de um homem que, por força da época, esconde publicamente a sua orientação sexual. Ao mesmo tempo, transmite simpatia e proporciona momentos tão divertidos como comoventes.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Crítica: The Florida Project (2017)

"These are the rooms we're not supposed to go in... But let's go anyways!"
Moonee

*7/10*

A dura realidade que se esconde por detrás das cores vivas e da alegria da Disney é pintada em tons de lilás em The Florida Project, um elogio à infância sem regras e onde a liberdade é a rainha. Sean Baker parece querer deixar a sua marca no cinema como um realizador humanista, ao filmar sem preconceitos.

A ausência de regras faz da infância das crianças deste filme um pouco menos inocente e muito mais vivida, onde a alegria reside nas mais pequenas e simples experiências.


Tudo acontece em Orlando, Florida. Local por onde passam milhões de turistas todos os anos, um reino mágico rodeado de incontáveis parques temáticos, jantares com espectáculos e estâncias de férias. Mas a escassos passos desta área de deslumbramento e felicidade, decorre uma história bem diferente. A história de uma precoce menina de seis anos e do seu grupo de amigos numas férias de Verão cheias de assombro infantil, possibilidades e um sentimento de aventura, enquanto os adultos à sua volta lutam para sobreviver.

The Florida Project é um filme visualmente cativante, que explode num contraste de cores vivas e alegres a lembrar os castelos da vizinha Disney, com a paradoxal realidade decadente e infeliz, onde são as crianças que ainda a iluminam. Há um retrato sócio-económico indissociável desta longa-metragem, que dá a conhecer este outro lado da Disney World, onde a pobreza e o desencanto espreitam.

A fantasia, os sonhos, os riscos que não existem para crianças de seis anos, a vontade de explorar, a ausência de vergonha para pedir uns trocos e dividir um gelado, a linguagem vulgar de adultos que sai como farpas da boca de crianças. São estes os encantos do naturalismo com que Sean Baker filma.

A história que rodeia a família da pequena protagonista é revoltante de tão verosímil, por haver realmente casos como o seu. A mãe irresponsável e vulgar, de vocabulário e modos grosseiros, que ama a filha mas não tem maturidade suficiente para fazer as escolhas certas. The Florida Project peca por essa vulgaridade, mas ganha por tentar contá-la como se fosse um conto de fadas.

Visualmente, The Florida Project é um mar de cores, com tons garridos a contrastar com a narrativa pesada e degradante. A direcção de fotografia faz um bom trabalho e capta planos bastante intensos.

No elenco, destaca-se o nomeado para Melhor Actor Secundário, Willem Dafoe, na pele do apaziguador gerente do motel. Ele é o responsável por manter a ordem e por que tudo funcione e, ao mesmo tempo, é um pai para grande parte dos hóspedes - com os seus próprios dramas a pairar muito superficialmente. Mas o grande desempenho é mesmo o da pequena Brooklynn Prince, com uma energia e à vontade imensos para actriz tão jovem.


The Florida Project é um conto de fadas que pode não ter um final feliz, mas traz ao cinema actual um realismo impressionante pintado a cores vivas e onde a felicidade é proporcionada por uma liberdade sobre a qual raramente reflectimos.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Sugestão da Semana #312

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca The Florida Project, de Sean Baker. O filme valeu a Willem Dafoe a nomeação para Melhor Actor Secundário nos Oscars.

THE FLORIDA PROJECT


Ficha Técnica:
Título Original: The Florida Project
Realizador: Sean Baker
Actores: Brooklynn Prince, Bria Vinaite, Willem DafoeChristopher RiveraValeria CottoMela Murder
Género: Drama
Classificação: M/14
Duração: 111 minutos

segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Lisbon & Sintra Film Festival'17: Programação

O Lisbon & Sintra Film Festival começa no dia 17 e prolonga-se até 26 de Novembro em Lisboa e Sintra. Serão exibidos mais de 180 filmes e entre os convidados desta edição estão nomes como Isabelle Huppert, David Cronenberg, Robert Pattinson, Abel Ferrara e Willem Dafoe, entre muitos outros, fora os que ainda poderão aparecer.


Na Selecção Oficial - Em Competição, encontram-se 13 longas-metragens: Cocote, de Nelson​ ​Carlo​ ​de​ ​Los​ ​Santos, Geu-Hu ​(The Day After), de​ ​Hong​ ​Sangsoo, How to Talk to Girls at Parties, de ​John​ ​Cameron​ ​Mitchell, La Libertad del Diablo, de Everardo​ ​González, Lerd​ ​(A Man of Integrity)​, de Mohammad​ ​Rasoulof, Les Gardiennes, de Xavier​ ​Beauvois, Lucky, de​​ ​John​ ​Carroll​ ​Lynch, Šerkšnas (Frost), de Sharunas​ ​Bartas, Tesnota (Closeness), de ​Kantemir​ ​Balagov, Verão Danado, de Pedro Cabeleira, e Western, de ​Valeska​ ​Grisebach.

Também na Selecção Oficial mas Fora de Competição estão filmes muito esperados como A Hora mais Negra, de​​ ​Joe​ ​Wright, First Reformed, de Paul​ ​Schrader, I Love You, Daddy, do agora tão polémico ​Louis​ ​C.K., It Comes at Night, de Trey​ ​Edward​ ​Shults, Last Flag Flying, de Richard​ ​Linklater, Mektoub, My Love: Canto Uno, de Abdellatif​ ​Kechiche, ou Roda Gigante, de Woody Allen.


Para além das primeiras novidades anunciadas em Junho passado, sabemos agora que os artistas alvo de homenagens e retrospectivas são Isabelle Huppert, Abel Ferrara, Alain Tanner, Julian Schnabel, João Mário Grilo, José Vieira e Peter Brook.

O realizador pioneiro de uma filmografia dedicada à emigração - em especial aos portugueses que partiram para França nos anos 60 -, José Vieira, terá direito a uma Retrospectiva da sua obra no festival, onde marcará presença. Souvenirs d'un Futur RadieuxOs EmigrantesO Pão que o Diabo AmassouLe Bateau en Carton e A Ilha dos Ausentes são alguns dos títulos exibidos no LEFFEST

Nas sessões especiais, destaque para o Foco Mathieu Amalric, com​ ​a​ ​presença​ ​do​ ​realizador, e para The Exorcist Revisited que conta com a exibição do clássico do terror de William Friedkin, de 1973, O Exorcista, e com o documentário The Devil and the Father Amorth, onde o realizador conhece o Padre Gabriele Amorth, conhecido como "o exorcista do Vaticano", filmando o seu nono exorcismo.

O actor Robert Pattinson marcará presença no LEFFEST'17, no dia 23 de Novembro, para uma conversa com o público e com o escritor Don DeLillo, após a exibição do filme Cosmopolis, no Centro Cultural Olga Cadaval. A 25 de Novembro, o actor vem ao Monumental para uma sessão Q&A após a projecção de Good Time, dos irmãos Safdie.

No Teatro, o público do LEFFEST terá a oportunidade de assistir a Battlefield​,​ de​ ​Peter​ ​Brook​ ​e​ ​Marie-Hélène​ ​Estienne, Ensaio para uma Cartografia, de Mónica​ ​Calle, e Colecção de Amantes, de Raquel André.


Para conhecer o programa completo do Lisbon & Sintra Film Festival e horários é só consultar o site http://www.leffest.com ou o facebook do festival https://www.facebook.com/leffest/.

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Sugestão da Semana #267

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Para Além das Cinzas, com Christian Bale, um filme que tardou, mas finalmente teve estreia nas salas portuguesas.

PARA ALÉM DAS CINZAS


Ficha Técnica:
Título Original: Out of the Furnace
Realizador: Scott Cooper
Actores: Christian Bale, Casey Affleck, Zoe SaldanaSam ShepardWillem DafoeForest Whitaker
Género: Crime, Drama, Thriller
Classificação: M/16
Duração: 116 minutos

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Crítica: Grand Budapest Hotel / The Grand Budapest Hotel (2014)

"Keep your hands off my lobby boy!"
M. Gustave
*7/10*

Fiel a si próprio e ao seu rigoroso estilo estético, Wes Anderson surpreende com a divertida e colorida comédia, Grand Budapest Hotel. Munido - como sempre - de um excelente elenco e de mais uma história mirabolante, o realizador apresenta-nos uma amizade improvável entre o paquete e o concierge de um hotel.

Grand Budapest Hotel narra então as aventuras de Gustave H (Ralph Fiennes), um lendário concierge de um famoso hotel europeu durante as duas guerras, e Zero Moustafa (Tony Revolori), o paquete que se torna seu amigo de confiança. A história envolve o roubo e a recuperação de uma preciosa pintura renascentista e a luta por uma enorme fortuna de família - tudo sob o cenário de um Continente que passa por inesperadas e dramáticas mudanças.


O argumento é inteligente e cheio de humor - apesar de um ou outro momento em que Wes teima na mesma piada até à exaustão -, e para o enriquecer ali estão as (muitas e) caricatas personagens. Entre o elenco encontramos nomes como Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Mathieu AmalricAdrien BrodyWillem DafoeHarvey KeitelJude LawBill MurrayEdward NortonTilda Swinton, entre muitos outros. E, aqui, o destaque mais óbvio recai no camaleónico Fiennes, que deslumbra num desempenho emblemático e quase inesperado. Extravagante e cheio de classe, ele é Gustave H, o nosso hilariante protagonista.

Mas é na componente mais técnica que Grand Budapest Hotel se distingue realmente. O rigor técnico predomina, onde domina a cor, um ambiente frenético, os planos geométricos, tudo minuciosamente estudado. A par da realização, a banda sonora, o guarda-roupa, a caracterização e a direcção artística são fundamentais na construção de uma odisseia de humor e excentricidade.