sábado, 15 de janeiro de 2022

Os Melhores do Ano: Top 20 [10.º - 1.º] #2021

Depois da primeira parte do TOP 20 de 2021 do Hoje Vi(vi) um Filme, revelamos agora os dez lugares cimeiros. Há uma certa melancolia latente nestes títulos, a alguns junta-se-lhe a revolta, a outros a saudade. 

Eis os meus 10 favoritos de 2021 (estreados no circuito comercial de cinema e streaming, em Portugal). 

10.º Pig - A Viagem de Rob, de Michael Sarnoski (2021)

Pig - A Viagem de Rob é a primeira longa-metragem de Michael Sarnoski, um filme cru e melancólico sobre solidão, perda e amor incondicional.


9.º Uma Miúda com Potencial / Promising Young Woman, de Emerald Fennell (2020)

Através da protagonista, Cassie, o filme de Emerald Fennell quer fazer justiça, enquanto joga, ironicamente, com a culpabilização da vítima e o elogio do criminoso. Do título às situações retratadas, Uma Miúda Com Potencial tudo discorre em redor de abusos e da noção de consentimento. O argumento constrói-se a partir daí e, dividido em vários actos, é inesperado até ao fim (mesmo que ambicionássemos uma conclusão bem mais inspirada).


8.º A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos (2020)

O mergulho nas memórias que uma casa guarda, ao longo de décadas de vida em comum, traz razões, reflexão, imaginação. E o ciclo da vida, que por vezes se repete, mesmo que de formas distintas, pode unir na dor e na experiência. O papel da Mãe na vida dos filhos; uma mãe árvore, qual mãe Natureza; a incapacidade de qualquer filho lidar com a ausência da figura materna, e a luta que trava com essa ideia; este filme transforma-se e transforma as emoções de quem o vê, tal como a antiga invenção de uma "metamorfose dos pássaros", que tranquiliza e apazigua tudo o que é impossível de explicar.


7.º Undine, de Christian Petzold (2020)

O tom trágico do cinema de Christian Petzold vem-se firmando em cada filme, alcançando uma aura mitológica e mágica no mais recente Undine. A dualidade de significados paira desde o início, num filme desafiante e encantador.


6.º O Poder do Cão / The Power of the Dog, de Jane Campion (2021)

Para além das vacas e de homens a cavalo (ou dos índios que aqui surgem em paz, longe de ser uma ameaça), há pouco de western no filme de Jane Campion. Em jogo estão relações interpessoais, que vão do amor à humilhação, da provocação à cumplicidade. Em redor da narrativa, está ainda aquilo que a sociedade espera de cada um, segundo as convenções da época; já quem vive fora da norma, o outsider naquele local, pode ser facilmente a vítima - ou o predador.


5.º O Pai / The Father, de Florian Zeller (2020)

O Pai aborda uma história simples e realista de envelhecimento e perda - de faculdades, de memórias, de laços... -, mas igualmente de dedicação e mágoa de uma filha. Zeller cria um drama desolador, pincelado por momentos de humor requintado, porque na tristeza também se encontram alguns sorrisos e amparo.


4.º Mães Paralelas / Madres paralelas, de Pedro Almodóvar (2021)

Pedro Almodóvar regressa às mulheres do seu Cinema, enquanto também recupera a memória do povo espanhol, que muitos querem que o tempo apague. Em Mães Paralelas, os laços de sangue e a herança histórica andam de mãos dadas.


3.º The Card Counter: O Jogador, de Paul Schrader (2021)

Tell não se comanda pela sorte ao jogo. Para ele, à mesa do casino, contam-se as cartas e joga-se com o bluff, sabendo sair no momento certo. Já na vida real, nem sempre é possível. Em The Card Counter: O Jogador não há santos, mas existe um muito forte desejo de redenção.


2.º Colectiv - Um Caso de Corrupção / Collective, de Alexander Nanau (2019)

Directamente da Roménia, Colectiv é um documentário que expõe as fraquezas e pecados de um Estado corrupto e doente. O realizador Alexander Nanau leva-nos aos bastidores da política e de uma investigação jornalística na sequência de um caso arrepiante.


1.º Mais Uma Rodada / Druk, de Thomas Vinterberg (2020)

Thomas Vinterberg convida-nos para um copo, para que o álcool de Mais Uma Rodada (Druk / Another Round) nos leve a uma reflexão sobre a vontade de viver. Esta ideia aparentemente louca não provoca ressacas, pelo contrário, é capaz de nos divertir e comover, na mesma medida.

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