Depois da primeira parte do Top 20 de 2022 do Hoje Vi(vi) um Filme, revelamos agora os dez lugares cimeiros. Rebeldia, feminismo ou nostalgia são os principais ingredientes deste Top 10.
Eis os meus 10 favoritos de 2022 (estreados no circuito comercial de cinema e streaming, em Portugal).
X é nostalgia pura, um slasher moderno que é todo ele uma homenagem ao cinema de terror (e não só).
9.º Revolta (2022), de Tiago R. Santos
São apenas quatro actores dentro de uma casa, durante um jantar que não o chega bem a ser, assombrado pela pandemia, pelos filmes de John Carpenter, pelas redes sociais e por uma revolução nas ruas de Lisboa. Um filme minimalista e claustrofóbico, tal qual a época em que foi filmado.
8.º O Menu / The Menu (2022), de Mark Mylod
A experiência cinematográfico-gastronómica que O Menu, de Mark Mylod, proporciona não é para palatos sensíveis. Ralph Fiennes é o chef anfitrião, que dita as ordens neste pesadelo de emoções culinárias. E que delícia de comédia negra!
7.º Fogo-Fátuo (2022), de João Pedro Rodrigues
Provocador, sarcástico e eficaz, Fogo-Fátuo mantém e vai além dos temas que têm marcado a filmografia de João Pedro Rodrigues. O passado esclavagista português é indissociável da narrativa principal, mas igualmente a sexualidade, a política, os incêndios e o racismo. Assente essencialmente na estética, no culto dos corpos, o filme irá sempre despoletar sentimentos - sejam eles quais forem - na plateia, e ficará na cabeça - temas, imagens e canções - durante muito tempo.
Joachim Trier nunca traz temas fáceis para o seu cinema. Na aparente simplicidade dos seus filmes, há uma complexidade de emoções e sentimentos. A Pior Pessoa do Mundo é mais um exemplo - talvez o melhor da sua carreira - de como uma longa-metragem é capaz de criar um conflito de sentimentos na plateia, ao mesmo tempo que retrata as personagens com um realismo tão doce como cruel - tal qual a vida.
5.º Flee - A Fuga / Flugt (2021), de Jonas Poher Rasmussen
Flee - A Fuga revela na tela do cinema as confissões de uma vida e o sofrimento de um homem, guardado em segredo absoluto, ao longo de muitos anos. Jonas Poher Rasmussen cria um documentário, que junta a animação às imagens de arquivo, e conta ao Mundo a amarga história de superação de um jovem refugiado, de Cabul a Copenhaga.
3.º A Nossa Terra, O Nosso Altar (2020), de André Guiomar
Em A Nossa Terra, o Nosso Altar, André Guiomar entra no quotidiano e na intimidade das famílias do bairro do Aleixo (entretanto demolido), no Porto, ao longo de vários anos, seguindo a tensão e as mudanças impostas a uma comunidade unida por laços tão fortes como os de sangue.
2.º A Filha Perdida / The Lost Daughter (2021), de Maggie Gyllenhaal
Muito para além da maternidade, A Filha Perdida é também sobre liberdade de escolha, emancipação, arrependimento e redenção. Sem julgamentos, Maggie Gyllenhaal solidariza-se com as Ledas da vida real, contra expectativas desiguais.
1.º Drive My Car (2021), de Ryûsuke Hamaguchi
Ryûsuke Hamaguchi conduz-nos pela estrada sinuosa das emoções em Drive My Car e, na sua aparente simplicidade, chega aos mais profundos sentimentos, dentro e fora do ecrã. As três horas de filme propõem reflexão, introspecção e, todavia, nunca monotonia. Se, por um lado, uma morte precoce vem mudar a vida de várias personagens e o foco da acção, por outro, o Teatro - o texto e as palavras - tem um papel central na exorcização dos fantasmas que se teima em não deixar partir.
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