terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Os Melhores do Ano: Top 20 [10.º - 1.º] #2020

Depois da primeira parte do TOP 20 de 2020 do Hoje Vi(vi) um Filme, revelo agora os dez lugares cimeiros. Conclusão a tirar dos melhores filmes de 2020: a guerra, seja em sentido literal, seja a luta que muitos travam há décadas pela igualdade e justiça é um dos temas fortes do cinema do ano que acabou. Mas não será fácil tirar considerações de um Top 10 tão equilibrado, onde foi difícil escolher o melhor.

Eis os meus 10 favoritos de 2020 (estreados no circuito comercial de cinema e streaming, em Portugal). 


10. O Farol / The Lighthouse (2019), Robert Eggers

Das profundezas do Mar às entranhas dos Homens, Robert Eggers regressou para criar um ambiente fantasmagórico, suportado por dois actores de talento inesgotável (Willem Dafoe e Robert Pattinson), por um formalismo cheio de homenagens e com mitos e lendas a compor o argumento simples de O Farol.


9. A Criança Zombie / Zombi Child (2019), Bertrand Bonello

Os fantasmas da Revolução e da Colonização incorporam o filme de Bertrand Bonello, A Criança Zombie, numa confrontação brutal entre colonizados, colonizadores, passado e presente, crenças, medos e feitiçaria. Eis a metáfora do horror do colonialismo numa peça de ficção.


8. O Paraíso, Provavelmente / It Must Be Heaven (2019), Elia Suleiman

Partimos à boleia de Elia Suleiman e vamos à Palestina, passando por Paris e Nova Iorque. Uma sátira espirituosa, bem ao estilo do cineasta palestiniano. O Paraíso, Provavelmente é o retrato de uma luta interior entre passado e presente, uma fuga após um momento triste e doloroso, em busca da paz interior e da esperança no futuro, que, provavelmente, só encontrará no regresso à sua terra natal.


7. Sempre o Diabo / The Devil All the Time (2020), Antonio Campos

Sempre o Diabo, de Antonio Campos, é um retrato violento e trágico de uma América profunda de meados dos anos 50, onde personagens se cruzam e definem o destino umas das outras, numa narrativa circular. Uma experiência violenta e imersiva com interpretações de tirar o fôlego.


6. Para Sama / For Sama (2019), Waad Al-Kateab e Edward Watts

Para Sama, de Waad Al-Kateab e Edward Watts, leva-nos para o centro do conflito em Alepo, na Síria, entre 2012 e 2017, e filma os acontecimentos na primeira pessoa, de uma perspectiva feminina, como mulher e mãe.


5. Small Axe - Lovers Rock (2020), Steve McQueen

Através da lente do realizador, somos contagiados pela festa, pelas danças, pelas roupas, pela música, qual viagem no tempo cinematográfica - sem contudo deixar de tocar subtilmente em alguns dos problemas da comunidade, seja o racismo, a pobreza ou a violência. Das jovens paixões avassaladoras, aos enganos, invejas, mas também com solidariedade e amizade, Lovers Rock é de uma beleza imensa, e uma obra de singular criatividade da parte do realizador.


4. Honeyland - Terra do Mel (2019), Tamara Kotevska e Ljubomir Stefanov

Honeyland - A Terra do Mel mostra-nos a harmonia entre a Natureza e o ser humano, através da relação de uma mulher apicultora e as suas abelhas, com uma consciência ecológica bem presente. Tão cruel como encantador, confronta-nos com a ganância do Homem, o desrespeito pelo próximo e pelo meio ambiente, ao mesmo tempo que nos dá esperança para continuar a acreditar no bem, na afeição sincera e na entreajuda sem esperar nada em troca.


3. Os Miseráveis / Les Misérables (2019), Ladj Ly

Na sua primeira longa-metragem, Os Miseráveis, Ladj Ly confronta a França e o Mundo com a raiz dos seus problemas sociais, numa analogia certeira com o romance homónimo de Victor Hugo. Ao citar o autor, no final do filme, resume bem a poderosa mensagem que pretende passar. Os Miseráveis é um thriller revolucionário e reaccionário que grita por socorro, ao país e ao mundo, e torna visíveis aqueles que a sociedade automaticamente ostraciza e coloca à margem, com rótulos e sem esperança de futuro.


2. Mosquito (2020), João Nuno Pinto

Mosquito é o épico de guerra português, que deambula pela História, memória e alucinação, num confronto com o pecado colonial e a vergonha infindável de se falar sobre ele. Uma atordoante epopeia de descobertas onde não há heróis.


1. Diamante Bruto / Uncut Gems (2019), Josh Safdie e Ben Safdie

Das entranhas do Homem, para o âmago da pedra preciosa, Diamante Bruto explora sensações e vícios, com um protagonista assombrado pela tragédia, que nunca deixa de viver no limite. 

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