sexta-feira, 31 de julho de 2020

Crítica: A Flor da Felicidade / Little Joe (2019)

*7/10*



A Flor da Felicidade, de Jessica Hausner, conduz-nos a uma experiência essencialmente estética, onde o terror psicológico nos faz balançar entre a paranóia e os efeitos secundários de uma experiência científica. O egoísmo inerente à busca incessante pela felicidade pode fazer com que a Natureza, criada em laboratório, se queira vingar...

Nos tempos que correm, ver o filme de Jessica Hausner transporta-nos para um ambiente tão familiar que torna a experiência ainda mais assustadora. As personagens usam máscara e conversam sobre uma possível infecção viral. Querem ficção mais actual e assustadora?


Alice (Emily Beecham) é uma fitóloga experiente, que trabalha numa empresa especializada no desenvolvimento de novas espécies de plantas, onde criou uma flor muito particular, com um vermelho intenso, notável pela sua beleza e benefícios terapêuticos. Se for conservada à temperatura adequada, bem alimentada e se falarmos com ela regularmente, a planta deixa o seu dono feliz. Alice quebra o regulamento da empresa ao oferecer uma destas flores ao seu filho adolescente, Joe. Juntos, dão-lhe o nome Pequeno Joe (Little Joe). Mas, à medida que a planta cresce, Alice é inundada por dúvidas quanto à sua criação: talvez esta planta não seja tão inofensiva como o nome sugere.

A realizadora criou um filme repleto de influências, mas que assume uma personalidade muito própria, não apenas na abordagem temática, como em termos visuais e estéticos. O ambiente de A Flor da Felicidade é quase tão estéril como Little Joe, desde o visual milimetricamente filmado e iluminado - excelente trabalho do director de fotografia Martin Gschlacht, que valoriza as cores garridas no branco glaciar do laboratório ou a luz néon em casa de Alice, criando uma atmosfera quase extra-terrestre -, à frieza de sentimentos das personagens. 

O terror que paira em redor da vida de Alice, com desconfianças e inseguranças a minar e a fazê-la duvidar da sua competência enquanto cientista, vê-se adensado pela fabulosa e aterradora banda sonora do compositor japonês Teiji Ito. Eis mais um elemento certeiro e angustiante de A Flor da Felicidade, espalhando o pólen do suspense e da estranheza para lá do ecrã.


Para além de todas as questões éticas que uma experiência destas pode levantar, a dúvida que persiste está entre os poderes malignos de uma flor (eis um vilão criado pelo Homem ou é ele o próprio Homem?) e a preocupação maternal levada ao extremo de um esgotamento emocional. De destacar que as personagens que mais receiam os efeitos nefastos de Little Joe são mulheres, elas próprias as mais difíceis de convencer.

Apesar de, a certo momento, tudo se tornar algo previsível, Jessica Hausner revela maturidade e destreza ao levar para o grande ecrã um filme que eleva da sua personalidade enquanto cineasta. É capaz de provocar uma desconfortável estranheza na plateia, mas igualmente um encantamento, qual perfume da flor da felicidade, que não nos deixar tirar os olhos da acção.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Estreias da Semana #428

Esta Quinta-feira, chegam aos cinemas portugueses seis novos filmes. A Flor da FelicidadeZé Pedro Rock & Roll são duas das estreias.

A Flor da Felicidade (2019)
Little Joe
Alice, mãe solteira, é uma fitóloga experiente que trabalha numa empresa especializada no desenvolvimento de novas espécies de plantas, onde criou uma flor muito particular, com um vermelho intenso, notável pela sua beleza e benefícios terapêuticos. Na verdade, se for conservada à temperatura adequada, bem alimentada e se falarmos com ela regularmente, a planta deixa o seu dono feliz. Alice quebra o regulamento da empresa ao oferecer uma destas flores ao seu filho adolescente, Joe. Juntos, dão-lhe o nome Pequeno Joe. Mas, à medida que a planta cresce, Alice é inundada por dúvidas quanto à sua criação: talvez esta planta não seja tão inofensiva como o nome sugere.

Capone (2020)
Outrora um cruel contrabandista e chefe da máfia que governava Chicago com mão de ferro, Alphonse Capone era o gangster mais famoso e temido dos EUA. Aos 47 anos, após quase uma década de prisão, a demência apodrece-lhe a mente e o seu passado torna-se presente à medida que as memórias angustiantes das suas origens violentas regressam para o atormentar.

Judy & Punch: Amor e Vingança (2019)
Judy & Punch
Na cidade de Seaside, que por acaso fica longe do mar, Judy e Punch tentam ressuscitar o seu espectáculo de marionetas. A actuação é um sucesso graças ao desempenho superior de Judy, mas a ambição de Punch e o consumo desmedido de whiskey conduzem a uma tragédia inevitável que Judy tem de vingar.

O Teu Melhor Amigo (2020)
Think Like a Dog
Uma experiência caseira que acaba mal faz com que um prodígio de apenas 12 anos desenvolva uma inesperada ligação telepática com o seu cão.

Postais Mortíferos (2020)
The Postcard Killings
Baseado no bestseller de James Patterson e Liza Marklund, Postais Mortíferos acompanha a vida de Jacob Kanon, um detective nova-iorquino em busca do responsável pela morte da sua filha e genro, brutalmente assassinados em Londres. No decorrer do caso, começa também a investigar histórias de casais recém-casados alvos de homicídios, em que os corpos das vítimas são transformados em clássicas obras de arte, sempre acompanhados por um cartão-postal.

Zé Pedro Rock & Roll (2019)
Zé Pedro, figura maior do rock português, foi também o seu grande impulsionador, não só enquanto guitarrista dos Xutos e Pontapés, mas também através na divulgação do género como crítico de música, radialista e dono do Johnny Guitar, mítico clube lisboeta e sala de concertos, onde muitas bandas deram os primeiros passos.

FEST 2020: Games People Play fecha programação

Está fechada a programação do FEST | Novos Realizadores, Novo Cinema que arranca este domingo, 2 de Agosto, e prolonga-se até dia 9, em Espinho, Porto e Lisboa.


Games People Play, primeira longa da realizadora finlandesa Jenni Toivoniemi (premiada com a curta-metragem The Committee, de 2016) junta-se ao programa do festival. O filme acompanha as histórias e dinâmicas de um grupo de amigos fechados numa casa no campo, durante uma festa de aniversário. 

Num ano diferente, com maior foco na proposta cinematográfica, e para além da programação já anunciada em Junho (selecção de longas em competição e foco no cinema Letão), o FEST revelou agora as sessões Fast Forward, onde o evento continua a olhar os mais recentes trabalhos de cineastas que passaram pelas suas edições anteriores. Destaque para o polaco Jakub Radej, vencedor do Lince de Prata em 2017, que regressa com Ricochets; e ainda para as novas obras de Zgjim Terziqi, Dimitris Argyriou, Yotam Ben-David, Milda Baginskaitė e Tarek Roehlinger.

Dando continuidade ao trabalho iniciado em 2019, o FEST traz a Espinho algumas das obras nacionais que mais têm chamado a atenção: Mistérios Negros, de Pedro Lino, Cenas de uma vida amorosa, de Miguel Afonso, e Häuschen - a Herança, de Paulo A. M. Oliveira e Pedro Martins, fazem parte da secção Portuguese Outlook

No total são mais de 230 filmes que ocuparão a cidade de Espinho, polo central de uma edição que, pela primeira vez, se estende a Porto e Lisboa. Em Espinho, as sessões decorrem no Auditório da Junta de Freguesia e no cinema drive-in instalado no parque de estacionamento da Nave Desportiva. As extensões simultâneas farão circular as longas em competição pelo Cinema Trindade e Cinema Ideal e as curtas pela Casa Comum da Reitoria da Universidade do Porto. 

A programação completa e outras informações sobre o FEST | Novos Realizadores, Novo Cinema pode ser consultada em www.fest.pt.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Crítica: O Que Arde (2019)

*7.5/10*


Em O Que Arde, Oliver Laxe filma os incêndios na Galiza, que tanto se assemelham à realidade que assola também o território português todos os Verões. O protagonista é um pirómano, de regresso à sua aldeia isolada no meio da natureza, num filme composto, essencialmente, por actores amadores.

Amador Coro é um homem condenado por ter provocado um incêndio. Quando sai da prisão, regressa à sua aldeia, aninhada nas montanhas da Galiza, onde vive a mãe, Benedicta, e as suas três vacas. A vida decorre lentamente, ao ritmo tranquilo da natureza. Até ao dia em que um fogo vem devastar a região.


No meio de uma história simples, o realizador pretende abordar a figura do incendiário e a forma como a sociedade pode ostracizar alguém. A plateia poderá reflectir, já que nem tudo precisa ser dito, mas é nas imagens que se encontram as verdadeiras virtudes de O Que Arde.

Fugindo, por vezes, quase para o documental, o filme mostra-nos uma realidade tão presente nos noticiários todos os Verões, transportando-a para a Sétima Arte. O fogo e o seu combate são filmados com uma incrível proximidade, como nunca se vira no cinema. E o incêndio que ali vemos é real.

Ao mesmo tempo, a opção de Laxe em filmar quase a totalidade de O Que Arde em película de 16mm tornou o ambiente mais misterioso, sombrio, íntimo e muito mais cinematográfico. O trabalho da direcção de fotografia tem um papel fundamental na experiência de visualização. 


As cores quentes das enormes chamas dos incêndio contrastam em vivacidade com o rasto cinzento da floresta queimada. E com esse reincidir do Passado, também os ressentimentos, desconfianças e acusações se aprofundam.

O Homem e a Natureza são capazes de se regenerar, é certo, mas as cicatrizes ficam - na memória e na paisagem.

IndieLisboa 2020: Programação fechada

A 17.ª edição do IndieLisboa - Festival Internacional de Cinema já tem a programação fechada. O evento acontece entre 25 de Agosto e 5 de Setembro, e conta com mais de 240 filmes programados.


Para além das retrospectivas e filmes já reveladas (aqui, aqui, aqui e aqui), o festival avança agora com o que faltava anunciar, numa edição que seguirá todas as regras de segurança da DGS dentro e fora das salas (estas com espaçamento e lotação limitada).

A cerimónia de abertura do festival acontece no dia 25 de Agosto, às 19h00, na sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, com o filme La Femme de Mon Frère, de Monia Chokri.

A encerrar esta edição estará Um Animal Amarelo, de Felipe Bragança, exibido a 5 de Setembro, pelas 21h30, no Grande Auditório da Culturgest.

Destaque ainda para as Sessões Especiais agora anunciadas: Fojos, documentário de Anabela Moreira e João Canijo; 28 ½, de Adriano Mendes; e a primeira longa-metragem do compositor islandês Jóhann Jóhannsson, Last and First Man. Nas curtas, Adeus Senhor António, de Júlia Buisel, e Para Cá do Marão, de José Mazeda, são duas das adições ao programa.

Há que referir ainda o programa Cinema e 5L, feito este ano em parceria com o Festival literário Lisboa 5L, um conjunto de quatro documentários, da autoria de Carlos Vaz Marques, com realização de Graça Castanheira e produção da Midas Filmes, sobre vencedores do Prémio Saramago: João Tordo, Adriana Lisboa, Ondjaki e Paulo José Miranda.

A propósito dos 20 anos da Agência da Curta Metragem, o IndieLisboa escolheu Gabriel Abrantes para olhar para o cinema português de curta-metragem. De Carlos Conceição a Miguel Gomes, de Leonor Teles a João Moreira (com Bruno Aleixo) são as propostas do realizador.

Este ano, o festival conta também com sessões ao ar livre no Cineteatro Capitólio e na Esplanada da Cinemateca.

O encontros promovidos pelas LisbonTalks e pelas actividades de indústria do festival passam para o online, este ano dedicadas aos actores e à representação no audiovisual nacional. Terá ainda lugar, presencialmente, uma conversa intitulada Forum 50 & Ousmane Sembène: o cinema como forma de reflexão e acção política, no dia 27 de Agosto na esplanada da Cinemateca Portuguesa e em parceria com o Goethe-Institut Lisboa.

Nas actividades direccionadas exclusivamente a profissionais, anuncia-se a programação das Lisbon Screenings (onde são apresentados novos filmes portugueses terminados ou ainda por terminar à procura de uma estreia mundial ou internacional). Destaque para as novas longas metragens de Cláudia Alves, João Botelho, Júlio Alves e Sérgio Tréfaut, e as novas curtas metragens de Clara Jost, Ico Costa, Laura Carreira, Tomás Paula Marques, entre outros.

Toda a programação pode ser consultada em www.indielisboa.com.

Emmy Awards 2020: Nomeados

Os nomeados para os Emmy Awards 2020 foram anunciados esta Terça-feira. Watchman e The Marvelous Mrs. Maisel foram as séries com mais nomeações, com 26 e 20, respectivamente.


Os vencedores da 72.ª edição dos Emmy Awards serão revelados no dia 20 de Setembro, numa cerimónia apresentada por Jimmy Kimmel.

Conhece a lista de nomeados:

Melhor Série - Drama
Better Call Saul (AMC)
The Crown (Netflix)
The Handmaid's Tale (Hulu)
Killing Eve (BBC America)
The Mandalorian (Disney+)
Ozark (Netflix)
Stranger Things (Netflix)
Succession (HBO)

Melhor Série - Comédia
Curb Your Enthusiasm (HBO)
Dead to Me (Netflix)
The Good Place (NBC)
Insecure (HBO)
The Kominsky Method (Netflix)
The Marvelous Mrs. Maisel (Amazon)
Schitt's Creek (Pop)
What We Do in the Shadows (FX)

Melhor Minissérie
Little Fires Everywhere (Hulu)
Mrs. America (FX on Hulu)
Unbelievable (Netflix)
Unorthodox (Netflix)
Watchmen (HBO)

Melhor Actor em Série - Drama
Jason Bateman (Ozark)
Sterling K. Brown (This Is Us)
Steve Carell (The Morning Show)
Brian Cox (Succession)
Billy Porter (Pose)
Jeremy Strong (Succession)

Melhor Actriz em Série - Drama
Jennifer Aniston (The Morning Show)
Olivia Colman (The Crown)
Jodie Comer (Killing Eve)
Laura Linney (Ozark)
Sandra Oh (Killing Eve)
Zendaya (Euphoria)

Melhor Actor em Série - Comédia
Anthony Anderson (Black-ish)
Don Cheadle (Black Monday)
Ted Danson (The Good Place)
Michael Douglas (The Kominsky Method)
Eugene Levy (Schitt's Creek)
Ramy Youssef (Ramy)

Melhor Actriz em Série - Comédia
Christina Applegate (Dead to Me)
Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)
Linda Cardellini (Dead to Me)
Catherine O'Hara (Schitt's Creek)
Issa Rae (Insecure)
Tracee Ellis Ross (Black-ish)

Melhor Actor em Minissérie ou Filme para Televisão
Jeremy Irons (Watchmen)
Hugh Jackman (Bad Education)
Paul Mescal (Normal People)
Jeremy Pope (Hollywood)
Mark Ruffalo (I Know This Much Is True)

Melhor Actriz em Minissérie ou Filme para Televisão
Cate Blanchett (Mrs. America)
Shira Haas (Unorthodox)
Regina King (Watchmen)
Octavia Spencer (Self Made)
Kerry Washington (Little Fires Everywhere)

Melhor Actor Secundário em Série - Drama
Giancarlo Esposito (Better Call Saul)
Bradley Whitford (The Handmaid's Tale)
Billy Crudup (The Morning Show)
Mark Duplass (The Morning Show)
Nicholas Braun (Succession)
Kieran Culkin (Succession)
Matthew Macfadyen (Succession)
Jeffrey Wright (Westworld)

Melhor Actriz Secundária em Série - Drama
Laura Dern (Big Little Lies)
Meryl Streep (Big Little Lies)
Helena Bonham Carter (The Crown)
Samira Wiley (The Handmaid's Tale)
Fiona Shaw (Killing Eve)
Julia Garner (Ozark)
Sarah Snook (Succession)
Thandie Newton (Westworld)

Melhor Actor Secundário em Série - Comédia
Andre Braugher (Brooklyn Nine-Nine)
William Jackson Harper (The Good Place)
Alan Arkin (The Kominsky Method)
Sterling K. Brown (The Marvelous Mrs. Maisel)
Tony Shalhoub (The Marvelous Mrs. Maisel)
Mahershala Ali (Ramy)
Kenan Thompson (Saturday Night Live)
Daniel Levy (Schitt's Creek)

Melhor Actriz Secundária em Série - Comédia
Betty Gilpin (GLOW)
D'Arcy Carden (The Good Place)
Yvonne Orji (Insecure)
Alex Borstein (The Marvelous Mrs. Maisel)
Marin Hinkle (The Marvelous Mrs. Maisel)
Kate McKinnon (Saturday Night Live)
Cecily Strong (Saturday Night Live)
Annie Murphy (Schitt's Creek)

Melhor Actor Secundário em Missérie e Filme para Televisão
Dylan McDermott (Hollywood)
Jim Parsons (Hollywood)
Tituss Burgess (Unbreakable Kimmy Schmidt: Kimmy vs. The Reverend)
Yahya Abdul-Mateen II (Watchmen)
Jovan Adepo (Watchmen)
Louis Gossett Jr. (Watchmen)

Melhor Actriz Secundária em Missérie e Filme para Televisão
Holland Taylor (Hollywood)
Uzo Aduba (Mrs. America)
Margo Martindale (Mrs. America)
Tracey Ullman (Mrs. America)
Toni Collette (Unbelievable)
Jean Smart (Watchmen)

Melhor Actor Convidado em Série - Drama
Andrew Scott (Black Mirror)
James Cromwell (Succession)
Giancarlo Esposito (The Mandalorian)
Martin Short (The Morning Show)
Jason Bateman (The Outsider)
Ron Cephas Jones (This Is Us)

Melhor Actriz Convidada em Série - Drama
Cicely Tyson (How To Get Away With Murder)
Laverne Cox (Orange Is The New Black)
Cherry Jones (Succession)
Harriet Walter (Succession)
Alexis Bledel (The Handmaid's Tale)
Phylicia Rashad (This Is Us)

Melhor Actor Convidado em Série - Comédia
Fred Willard (Modern Family)
Dev Patel (Modern Love)
Adam Driver (Saturday Night Live)
Eddie Murphy (Saturday Night Live)
Brad Pitt (Saturday Night Live)
Luke Kirby (The Marvelous Mrs. Maisel)

Melhor Actriz Convidada em Série - Comédia
Angela Bassett (A Black Lady Sketch Show)
Maya Rudolph (Saturday Night Live)
Phoebe Waller-Bridge (Saturday Night Live)
Maya Rudolph (The Good Place)
Wanda Sykes (The Marvelous Mrs. Maisel)
Bette Midler (The Politician)

Melhor talk show
The Daily Show With Trevor Noah (Comedy Central)
Full Frontal With Samantha Bee (TBS)
Jimmy Kimmel Live! (ABC)
Last Week Tonight With John Oliver (HBO)
The Late Show With Stephen Colbert (CBS)

Melhor Programa de Competição
The Masked Singer
Nailed It
RuPaul's Drag Race
Top Chef
The Voice

Melhor Documentário ou Série Documental
American Masters
Hillary
McMillions
The Last Dance
Tiger King: Murder, Mayhem and Madness

Mais informações e nomeados em https://www.emmys.com/awards/nominees-winners.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Crítica: Jah Intervention / Intervenção Jah (2019)

*7.5/10*


Jah Intervention é uma performance poderosa, numa conjunção entre dança e luta, uma forma de expressão e de manifestação. Contra o racismo e contra a violência.

A curta-metragem realizada por Daniel Santos, e escrita e interpretada por Welket Bungué, tem passado por diversos festivais no mundo inteiro, e conquistou recentemente uma menção honrosa no  Screen.dance Film Festival, na Escócia, e está agora em competição no Moovy Tanzfilmfestival, em Colónia, na Alemanha.

"Intervenção Jah visa uma caminhada simbólica até à exaustão. A intervenção propõe o aquecimento pré-liminar que antecede um combate de titãs num ringue de boxe. A intervenção consiste no movimento do performer intuindo a queda repentina quando afectado por perfurações por balas de armas semi-automáticas. Segundo os resultados divulgados em 2017, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, as pessoas negras no Brasil ainda representam mais de metade da população do país. Entre 2005 e 2015 o número de pessoas negras assassinadas aumentou 18% e isso nos tornou também a maior parte das vítimas de homicídio, tendo correspondido a 71% do total de corpos registados." 


A presença de Welket Bungué domina o ecrã, com as desigualdades do Rio de Janeiro como pano de fundo: o Corcovado de um lado, a favela do outro. Eis a grandiosidade de um país desconstruído pela câmara de Daniel Santos e pela interpretação de Welket

A banda sonora envolve-nos ainda mais no manifesto de Jah Intervention, dando ritmo aos movimentos de libertação do actor, onde o olhar directo à câmara coloca também em nós espectadores, a responsabilidade de agir e lutar. É no Brasil, mas podia ser em Portugal, nos Estados Unidos da América ou em outras partes do mundo.

Daniel Santos e Welket Bungué trazem-nos um filme sensorial e profundo, onde o corpo, o olhar e a cidade se cruzam e assumem o comando da acção e das acções.

domingo, 26 de julho de 2020

Sugestão da Semana #427

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana dá destaque ao filme As Maravilhas de Montfermeil, de Jeanne Balibar. Eis uma escolha arriscada, mas que desperta curiosidade quer pelo tema, quer pela divisão de opiniões que começa a gerar, junto de público e crítica.

AS MARAVILHAS DE MONTFERMEIL


Ficha Técnica:
Título Original: Merveilles à Montfermeil
Realizadora: Jeanne Balibar
Elenco: Jeanne Balibar, Ramzy Bedia, Emmanuelle Béart, Mathieu Amalric, Bulle Ogier, Marlène Saldana, Philippe Katerine, Jean-Quentin Châtelain
Género: Comédia
Classificação: M/14
Duração: 109 minutos

sábado, 25 de julho de 2020

MOTELx 2020: De 7 a 14 de Setembro em Lisboa

O MOTELX - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa regressa ao Cinema São Jorge entre 7 e 14 de Setembro, após três dias de eventos Warm-Up ao ar livre.

Uma retrospectiva sobre racismo e cinema de terror, Pedro Costa e o muitos filmes realizados por mulheres são alguns dos destaques da programação da 14.ª edição. De acordo com as recomendações da DGS, o MOTELx terá este ano sessões mais espaçadas e de lotação reduzida, e dois dias extra para que se desfrute do festival com conforto e segurança.


Pesadelo Americano: O Racismo e o Cinema de Terror é o nome da retrospectiva que apresenta sete filmes precursores do movimento Black Lives Matter: The Intruder (Roger Corman, 1962), Ganja & Hess (Bill Gunn, 1973), White Dog (Samuel Fuller, 1982), The People Under the Stairs (Wes Craven, 1991), Candyman (Bernard Rose, 1992), Tales from the Hood (Rusty Cundieff, 1995) e Get Out (Jordan Peele, 2017).

A secção Quarto Perdido intitula-se este ano Pedro Costa – Filmar as Trevas e terá o cineasta como convidado. Serão exibidos Ne Change Rien (2009) e Cavalo Dinheiro (2014) e Pedro Costa falará sobre a sua afinidade com o universo do terror e do fantástico.

Na secção Serviço de Quarto, haverá muito cinema de terror no feminino: Saint Maud, de Rose GlassRelic, de Natalie Erika James; The Trouble with Being Born, de Sandra Wollner, são alguns dos destaques.

Já o cinema de Takashi Miike estará de regresso ao MOTELx nesta secção, com First Love. Na secção Doc Terror, o primeiro título anunciado é Scream, Queen! My Nightmare on Elm Street, um documentário sobre Mark Patton e o seu papel enquanto primeiro Scream Queen masculino em A Nightmare on Elm Street 2: Freddy’s Revenge, hoje um clássico do cinema LGBT.

Nesta edição, o MOTELx apresenta pela primeira vez um programa de Curtas Experimentais, e nas Curtas Internacionais haverá uma selecção de 20 curtas. Também o Prémio MOTELX – Melhor Curta de Terror Portuguesa / Méliès d'Argent está de volta, este ano com o prazo de inscrição prolongado até ao dia 2 de Agosto.

Warm-Up

No aquecimento para o MOTELx acontecem três eventos gratuitos e ao ar livre. A 3 de Setembro, o Convento de São Pedro de Alcântara recebe A Mulher-Sem-Cabeça, uma performance/concerto a partir de um texto de Gonçalo M. Tavares com ilustrações ao vivo de António Jorge Gonçalves e voz do MC Papillon. No dia 4 de Setembro, o Espaço Brotéria é palco de um jantar encenado a partir de um texto de Fernando Pessoa praticamente desconhecido do grande público: Um Jantar Muito Original (do semi-heterónimo Alexander Search). Trata-se de um projecto que recria o lado mais negro do poeta e conta com supervisão artística de Albano Jerónimo e encenação de duas estudantes de teatro e cinema, Matilde Carvalho e Rita Poças. A terminar, o dia 5 traz uma sessão de cinema ao ar livre no Largo Trindade Coelho, com filme a anunciar em breve.

Mais informações em https://www.motelx.org/.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Estreias da Semana #427

Esta Quinta-feira, chegaram aos cinemas portugueses cinco novos filmes. As Maravilhas de MontfermeilPatrick são duas das estreias.

As Maravilhas de Montfermeil (2020)
Merveilles à Montfermeil
Joëlle e Kamel fazem parte da equipa de Emmanuelle Joly, a nova presidente da Câmara Municipal de Montfermeil, mas estão a meio de um processo de divórcio. Toda a equipa está a trabalhar na implementação de uma nova e surpreendente política, cuja pedra angular é a criação da Escola Intensiva de Idiomas de Montfermeil. À medida que a cidade muda e prospera, Joëlle e Kamel discutem. Mas, poderá o amor entre ambos renascer por ocasião do Festival do Brioche?

Becky (2020)
A pequena Becky Hooper vai passar o fim-de-semana à casa do pai, junto a um lago. A relação entre ambos é tensa e o pai, Jeff, espera aproveitar a ocasião para se reaproximar da filha. Ao mesmo tempo, quatro condenados fogem de uma carrinha de transporte prisional e invadem a casa.

Clube dos Divorciados (2020)
Divorce Club
Após cinco anos de casamento, Ben continua perdidamente apaixonado. Até ao dia em que descobre que a mulher o está a trair. Humilhado, abatido e abandonado pelos que lhe são mais próximos, Ben tenta recuperar quando conhece Patrick, um antigo amigo, também ele divorciado, que se oferece para morar com ele. Ao contrário de Ben, Patrick pretende tirar proveito de todos os prazeres a que renunciou durante o casamento. Em pouco tempo, juntam-se-lhes outros foliões divorciados e, em conjunto, elaboram as primeiras regras do Clube dos Divorciados...

Ofélia (2019)
Ophelia
Ofélia (Daisy Ridley) ocupa o centro do palco como aia de confiança da Rainha Gertrude (Naomi Watts). Bela e inteligente, depressa atrai as atenções do garboso príncipe Hamlet (George MacKay) e um amor proibido floresce. À medida que as movimentações de guerra começam a surgir, o desejo e a traição começam a minar o Castelo Elsinore e Ofélia tem de decidir entre o verdadeiro amor e a sua própria vida para proteger um segredo perigoso.

Patrick (2019)
Patrick (Hugo Fernandes) tem 20 anos e vive em Paris com o namorado mais velho. Gere um site de pornografia adolescente, o que o leva a ser preso após uma rusga numa festa. As autoridades descobrem que Patrick é afinal Mário, raptado no interior de Portugal, em 1999, com oito anos. É-lhe dada a opção de voltar para a família e colaborar no desmantelamento de uma rede de pedofilia. Ao regressar ao local onde nasceu tenta adaptar-se a uma nova realidade, mas é recebido com desconfiança. A mãe tem dificuldade em reconhecer e comunicar com o filho. As duas identidades de Patrick entram em conflito: a vida de festas, drogas e promiscuidade em Paris; e a nova vida num meio rural e numa família destruída.

quinta-feira, 23 de julho de 2020

FICLO 2020: Vencedores

O FICLO - Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão anunciou os vencedores da edição de 2020. Longa Noite, de Eloy Enciso, foi o grande vencedor.


O júri do festival, composto por Lluís Miñarro, Carlos Natálio, Ruth Perez, Ana Isabel Soares e João Viana, entregaram o Prémio FICLO ao filme de Enciso pela "profunda honestidade estética – e um assumido posicionamento ético – acerca da obscuridade do regime franquista; o facto de a fragilidade absoluta das personagens, das próprias imagens, se transformar, nele, em grito contra intemporais formas de domínio e injustiça sobre cada ser humano".

O Prémio Especial do Júri foi para Campo, de Tiago Hespanha. "A grande e louvável liberdade estilística desta obra, assim como um trabalho visual e sonoro ao serviço do ambicioso projecto de construir um relato cosmogónico, que dá a saber como tratamos os ‘outros’ – incluindo os animais, foi o que nos fez atribuir ao filme uma menção especial do júri a Campo.", justificaram os jurados.

Foi ainda feita uma Menção de tributo à realizadora Marion Hänsel, falecida em Junho deste ano.
O júri decidiu fazer esta menção "em agradecimento e memória da realizadora, tão recentemente desaparecida, pela generosidade de, em Il Etait um Petit Navire, partilhar com o espectador a sua experiência pessoal de cinema e de vida como lugar de encontro. Hänsel mantém-se fiel a um olhar, a um modo de narrar o mundo, a partir da vulnerabilidade de uma cama de hospital, a partir dos impossíveis equilíbrios da vida e do seu amor por todas as artes."

FICLO - Festival Internacional de Cinema e Literatura de Olhão realizou-se entre os dias 15 e 21 de Julho.

domingo, 19 de julho de 2020

FICLO 2020: Valley of Souls / Tantas Almas (2019)

*9/10*


O luto de muitas famílias colombianas é transposto para Tantas Almas, de Nicolás Rincón Gille, numa homenagem introspectiva e cheia de significância.

A ideia de fazer Tantas Almas nasceu em 2008, enquanto Nicolás Rincón Gille preparava o documentário Los Abrazos del Río (2010). A violência paramilitar tinha devastado aquela zona da Colômbia, e o realizador decidiu viajar pelo Rio Magdalena, recolhendo testemunhos. 

A acção de Tantas Almas passa-se exactamente nas margens desse rio, em 2002. Após uma longa noite de pesca, José regressa a casa, na floresta, para descobrir que forças paramilitares lhe mataram os filhos, Dionísio e Rafael, e deitaram os corpos ao rio. José inicia uma viagem solitária para os recuperar e sepultar os seus corpos, a fim de impedir que as suas almas atormentadas fiquem presas neste mundo. A bordo da sua canoa, José descobre a magia de um país dilacerado.


A esperança e a fé inabalável deste pai são os motores que nos guiam rio abaixo e floresta adentro, com o perigo a espreitar nas margens, onde todos vivem com medo e superstição, e no rio, com a morte espalhada (e espelhada) na água.

No percurso silencioso, José mantém a descrição, sempre atento e educado. A morte acompanha-o de perto, por onde quer que vá e os poucos encontros fugazes que tem ao longo da jornada são um bom resumo do que o rio tem para dar: crueldade, medo, morte, fuga, mas também sonhos, bondade e esperança. E são estes três substantivos que fazem pairar algo de mágico em redor de José, incapaz de desistir, e nos deixam criar laços fortes com o protagonista.


A par da história, Tantas Almas apresenta ainda um magnífico trabalho da direcção de fotografia, de Juan Sarmiento G., ao filmar a noite com uma luz muito particular, e dando vida às cores da floresta - há um realismo mágico a percorrer as imagens, do início ao fim do filme.

Tantas Almas é um lamento silencioso de um país. O realizador Nicolás Rincón Gille é capaz de combater a brutalidade e a violência que rodeiam estes povos com todo o amor e simplicidade deste pescador.

Sugestão da Semana #426

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca O Que Arde, de Oliver Laxe.

O QUE ARDE


Ficha Técnica:
Título Original: O Que Arde
Realizador: Oliver Laxe
Elenco: Amador Arias, Benedicta Sánchez, Inazio AbraoElena Mar FernándezDavid de Poso
Género: Crime, Drama
Classificação: M/12
Duração: 86 minutos

sábado, 18 de julho de 2020

FICLO 2020: Roi Soleil, de Albert Serra (2018)

*6/10*


Com a estreia de A Morte de Luís XIV, de Albert Serra, a Galeria de Arte Graça Brandão recebeu Roi Soleil, em 2017, uma exposição/performance que retratava os últimos momentos de agonia do monarca francês, pelo actor Lluís Serrat. O resultado dessa experiência está neste filme.

Diante dos visitantes de uma galeria de arte, um actor representa a lenta agonia do monarca francês Luís XIV até à sua morte, num desafio físico e psicológico de enorme complexidade. Roi Soleil é uma reflexão sobre o significado visual do rosto do actor, além do profundo mistério por detrás de todas as representações genuínas. As três dimensões essenciais do seu corpo moribundo, a pessoa, o actor (a pessoa vaidosa que tem consciência de estar a ser filmada) e a personagem, são questionadas e entrelaçadas com sensualidade e inocência.

Esta obra experimental, muito ao estilo do cineasta, mostra-nos o trabalho do actor, a agonia da personagem e a admiração de quem assiste. Verão o actor talentoso ou o rei decrépito? 


Iluminado por uma luz avermelhada, qual sol poente, Lluís Serrat agoniza, rasteja, geme, mas também come bolinhos e vê-se ao espelho, qual Narciso, sem tirar a peruca ou perder as mordomias e vaidades da realeza, mesmo no leito da morte.

Alguns planos deste Roi Soleil de Albert Serra poderiam mesmo ser quadros expostos nas paredes de um museu. Já perto do final, dá-se a desconstrução e o público revela-se, perante o actor.

sexta-feira, 17 de julho de 2020

FICLO 2020: There was a Little Ship / Il était un petit navire (2019)

*7/10*


Após o desaparecimento, ainda tão recente, de Marion Hänsel (a realizadora faleceu em Junho), assistir a There Was a Little Ship toma um significado imenso. O último filme da cineasta e actriz belga é quase uma despedida não-intencional, onde faz uma espécie de retrospectiva da sua vida, durante uma longa estadia no hospital, em 2015.

Em tom confessional, There Was a Little Ship é uma espécie de diário de bordo, onde uma mulher (a própria Hänsel) hospitalizada por um período relativamente longo, observa o que a rodeia. Tem tempo para sonhar, revisitar certos momentos da sua vida. Essas memórias começam com o seu nascimento em 1949, em Marselha, e conduzem-nos a Antuérpia, Inglaterra, Nova Iorque, Paris, terminando na Flandres, em 2015, após ter alta hospitalar.


Neste documentário autobiográfico, quase poético, a realizadora aproveita o internamento, onde o tempo parece infinito, para entrar numa viagem introspectiva às recordações. Uma opção, talvez, para ajudar a passar os dias.

As imagens e rotinas diárias do presente contrapõem-se com as do passado: da infância na praia, à relação muito próxima com o avô e com a irmã mais cúmplice; o circo onde não gostou dos palhaços e a ida ao cinema ver um western com Gary Cooper; as dificuldades na escola aos 15 anos e a sua paixão pela pintura; a escola de artes em Inglaterra; a experiência difícil em Nova Iorque; a vida em Paris; a perda de alguém muito próximo; a relação com o pai, com a mãe e com o filho, entretanto nascido.


There Was a Little Ship é o relato poético e íntimo de uma vida em filme; com imagens de arquivo, intercaladas com novas filmagens, e a narração que nos faz revisitar os locais onde Marion Hänsel passou momentos importantes da sua infância, juventude e idade adulta.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Estreias da Semana #426

Esta Quinta-feira, chegam às salas de cinema sete novos filmes. Arkansas - Rei do Crime e O Que Arde são duas das estreias.

À Luz da Noite (2020)
The Sunlit Night

O pintor americano Frances e a emigrante russa Yasha são um par improvável que se encontra no círculo árctico. Frances chegou para dar um novo empurrão à sua carreira, enquanto Yasha acaba de enterrar o pai na terra dos vikings. Juntos sob um sol que nunca se põe, enterram o passado e descobrem o futuro e a família que não sabiam que tinham.

Arkansas - Rei do Crime (2020)
Arkansas
Dois pequenos criminosos, Kyle (Liam Hemsworth) e Swin (Clark Duke), vivem às ordens de um chefe do crime chamado Frog (Vince Vaughn), que nunca conheceram. Quando uma transacção corre muito mal, as consequências abalam a vida rotineira da dupla, porque vender produtos ilícitos é um negócio arriscado e duvidoso, sem margem para segundas oportunidades.

Correr Por Um Sonho (2019)
Ride Like a Girl
Desde miúda, Michelle Payne (Teresa Palmer) sonhava com o impossível: vencer a Melbourne Cup – uma duríssima corrida de cavalos. Criada apenas pelo pai, Paddy (Sam Neill), Michelle deixa a escola aos 15 anos para se tornar jockey, mas uma queda quase fatal põe fim ao seu sonho. No entanto, apoiada pela família, Michelle não desiste. Contra o parecer dos médicos e apesar dos protestos dos irmãos, ela decide continuar a montar e ultrapassar os obstáculos intransponíveis na luta pelo seu sonho.

O Espaço Entre Nós (2019)
Proxima
Sarah (Eva Green) é uma astronauta francesa integrada no programa de treino de astronautas da Agência Espacial Europeia em Colónia, na Alemanha, a única mulher a integrar o árduo programa. Vive sozinha com Stella, a sua filha de sete anos e sente-se culpada por não passar tanto tempo com ela como gostaria. Quando Sarah é escolhida para fazer parte da missão internacional Proxima, com um ano de duração, o caos abala a relação entre mãe e filha.

O Que Arde (2019)
Viendra le Feu
Amador Coro foi condenado por provocar um incêndio. Quando sai da prisão, não tem ninguém à sua espera. Regressa à aldeia, aninhada entre as montanhas da Galiza, onde vive a mãe, Benedicta, e as suas três vacas. A vida decorre lentamente, ao ritmo tranquilo da natureza. Até ao dia em que um fogo vem devastar a região.

Spycies: Agentes Especiais (2019)
Spycies
Vladimir, o gato, é o melhor agente especial dos Serviços Secretos, mas não é lá muito bom a cumprir ordens... Como castigo, é-lhe atribuída a missão de proteger o Radiuzite juntamente com um agente principiante, Hector, o rato. Quando o Radiuzite é roubado debaixo dos seus narizes, Vladimir e Hector são obrigados a trabalhar juntos. Uma missão para encontrarem o ladrão, redimirem-se enquanto espiões e salvarem o mundo.

The Operative - Agente Infiltrada (2019)
The Operative
Contratada pela Mossad como agente infiltrada em Teerão, Rachel (Diane Kruger) assume o disfarce de uma professora de inglês para crianças de famílias locais influentes e traça o plano da sua missão secreta: aceder aos registos de uma empresa de produtos electrónicos e usar este registo para intermediar a venda de componentes nucleares defeituosos aos Serviços Secretos Iranianos. Mas quando a missão se torna mais perigosa, Rachel decide desistir, forçando o seu chefe a encontrá-la antes que se torne uma ameaça para Israel.

FIKE 2020 - Festival Internacional de Curtas Metragens de Évora cancelado

A 17.ª edição do FIKE 2020 - Festival Internacional de Curtas Metragens de Évora foi cancelada, devido à pandemia de Covid-19. O evento está remarcado para 2021, entre os dias 21 e 25 de Setembro.


A organização do FIKE 2020 "decidiu seguir as medidas impostas pelo Governo para conter a propagação do novo coronavírus adiando para o próximo ano a sua realização", anunciou em comunicado. A comemoração dos 20 anos do Festival Internacional de Curtas Metragens de Évora acontecerá em Setembro de 2021.

Mais informações sobre o festival podem ser consultadas em https://www.festivalfike.com/ e no facebook: https://www.facebook.com/FIKE.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

FICLO 2020: Out Stealing Horses / Ut og stjæle hester (2019)

*6/10*


Out Stealing Horses, de Hans Petter Moland, adapta o romance homónimo de Per Petterson, e leva-nos numa viagem às memórias e aos sentidos de um homem marcado pela relação com o pai. Neste filme, a família tem um papel fundamental, e a Natureza protagoniza o deslumbre visual que a câmara proporciona.

Em Novembro de 1999, Trond (Stellan Skarsgård) tem 67 anos e vive isolado, após a morte da mulher. O aproximar do virar do milénio não lhe traz vontade de festejar, mas a chegada do Inverno apresenta-o ao vizinho Lars (Bjørn Floberg), que o faz recordar o Verão de 1948, quando tinha 15 anos, e a importância que o mesmo teve para a sua vida.


Out Stealing Horses vagueia entre a inocência da infância e o confronto com a idade adulta, em plena adolescência do protagonista. Aquele Verão inesquecível, que moldou Trond para sempre e tanto lhe ensinou, é reencontrado entre as memórias bem guardadas, e faz com que o protagonista reviva e compreenda melhor os acontecimentos, numa espécie de reconciliação com os seus e consigo mesmo.

Foi em 1948 que se deparou com a morte, provavelmente, pela primeira vez, com a traição, o abandono. O papel da família, em especial do "pai-modelo", alterou-se, para sempre, na percepção do jovem. Ao mesmo tempo, a liberdade e as sensações que a Natureza lhe proporcionou abarcam outras tantas recordações. Regressamos com ele ao passado, e revivemo-lo em conjunto, com as observações que Trond, agora adulto, faz enquanto narra a sua própria história - uma narração que se torna exaustiva, após a metade do filme.


E se a história em si não cativa como poderia, as imagens são o grande motor que faz Out Stealing Horses funcionar. São elas que transpiram a inocência e as transformações que o jovem Trond vivencia naquele Verão. A direcção de fotografia e o trabalho de som são capazes de nos fazer sentir as texturas, como se lhes tocássemos, como se ouvíssemos os sons da Natureza, que surgem tão envolventes no ecrã. As paisagens são arrebatadoras, desde a felicidade e aventura inicialmente espelhadas no Verão do passado, à sombria nostalgia do invernal presente. Ouvimos cada ruído, sentimos a neve, a água do rio, o nevoeiro, as plantas, os troncos das árvores, os insectos, pássaros, coelhos e restantes elementos.

Out Stealing Horses é, essencialmente, um filme de sensações, em que "roubar cavalos" representa o esplendor da juventude de Trond, espelhado na força da Natureza.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Lisboa Natura 2020 apresenta selecção oficial

O 1.º Festival Ecovídeo de Lisboa - Lisboa Natura 2020 - revelou a sua selecção oficial. O evento está marcado para os dias 18, 19, 25 e 26 de Setembro, na Estufa Fria.


O Arquivo Municipal de Lisboa anunciou os filmes seleccionados para o Lisboa Natura 2020, todos eles com "diferentes olhares sobre a Natureza e o ambiente natural em Lisboa. São múltiplas variantes dessa dimensão que o estado actual de pandemia veio assinalar a urgência de observar e preservar, e que o Lisboa Natura 2020 quis também registar".

"As obras participantes irão constituir um Arquivo Ecovideográfico em plataforma digital da Câmara Municipal de Lisboa e o vencedor receberá um prémio Colorfoto e Decathlon, patrocinadores da iniciativa", adianta a organização em comunicado.

O Lisboa Natura 2020 integra o programa da Lisboa Capital Verde Europeia 2020, e quer promover a reflexão, discussão e disseminação de temáticas ambientais e animais especificamente relacionadas com a capital portuguesa.

O júri, composto por figuras ligadas ao cinema e ao ambiente (Ilda Teresa de Castro, Inês Gil, Paula Craveiro, Lauro António e Teresa Castro) seleccionaram os seguintes 19 títulos: 

Selecção Oficial

ABRIL EM LISBOA, Raquel Montez, 2020, 1´30´´, Portugal - estreia mundial
A TINTA ESBATE-SE EM FORMA DE ONDAS, Carina Martins, 2016, 10´41´´, Portugal
ESTADO DE EMERGÊNCIA, Catarina Lopes, 2020, 1´53´´, Portugal - estreia mundial
MANIFESTAÇÃO ESTUDANTIL PELO CLIMA – COM AS CRIANÇAS, Rita Brás e Inês Abreu, 2019, 7´37´´, Portugal - estreia mundial
AS COISAS QUE FAZEMOS EM JARDINS, Maria Abrantes, 2020, 15´36´´, Portugal - estreia mundial
UM DIA DE LISBOA, Sebastião Antunes, António Faria e Helena Gökotta, 2019, 4´10´´, Portugal
LISBOA, SAUDADE, LUZ, Eduardo Correia Pinto, 2018, 2´15´´, Portugal
SOUNDS OF SILENCE, Mohammed Boubezari, 2020, 11´, Portugal - estreia mundial
SOVEREIGN CONDITION, João Bispo, 2019, 6´35´´, Portugal - estreia mundial
MANIFESTAÇÃO ESTUDANTIL PELO CLIMA – COM OS JOVENS, Rita Brás e Inês Abreu, 2019, 6´41´´, Portugal - estreia mundial
ATRAVESSAR A PAISAGEM: LISBOA DE TUK-TUK, Museu da Paisagem, 2019, 02´03´´, Portugal
EXTRA TROPICAL (YUCCA), Marie Ouazzani & Nicolas Carrier, 2020, 6´, Portugal - estreia mundial
DEPOIS DA PANDEMIA, João Esteves, 2020, 02´, Portugal - estreia mundial
MATA: QUINTA DAS CONCHAS E DOS LILASES, Miguel Cortes Costa, 2020, 5´26´´, Portugal - estreia mundial
INDIGNAÇÃO, Mário Pereira, 2017, 2´28´´, Portugal - estreia mundial
FALL OUT, Catarina Marto & Raquel Pedro, 2019, 1´59´´, Portugal
PRÓXIMA PARAGEM, Florence (Weyne) Robert, 2019, 7´30´´, Portugal
STONES ON THE PATH, Diogo Pessoa de Andrade, 2017, 01´, Portugal
CAP I INCORPORAÇÃO: ESTUDO COREOGRÁFICO SOBRE O RECONHECIMENTO DE UM LUGAR VIVO, Pedro Ramos - Ordem do O - Associação Cultural, 2018, 8´14´´, Portugal - estreia mundial

Mais informações aqui.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Crítica: O Paraíso, Provavelmente / It Must Be Heaven (2019)

"Sou palestiniano."
Elia Suleiman


*8.5/10*

Partimos à boleia de Elia Suleiman, que realiza escreve e protagoniza O Paraíso, Provavelmente, e vamos à Palestina, passando por Paris e Nova Iorque. Uma sátira espirituosa, bem ao estilo do cineasta palestiniano.

Eis uma lufada de ar fresco numa época de tormentos: O Paraíso, Provavelmente mostra-nos como há coisas que não mudam, para onde quer que se vá, e faz-nos rir de hábitos, costumes, turismo desenfreado ou estereótipos.

No filme, Elia Suleiman deixa a Palestina à procura de uma nova pátria. Mas a busca por uma nova vida torna-se numa comédia de enganos: quanto mais se afasta da Palestina, de Paris a Nova Iorque, mais os novos lugares lhe fazem lembrar o seu país natal. Um conto que explora a identidade, a nacionalidade e a pertença, no qual Suleiman coloca uma questão fundamental: onde nos podemos sentir "em casa"?


Sempre com o surrealismo a pairar, Elia Suleiman, qual Buster Keaton do seu tempo, guia-nos através do seu olhar, sem serem precisas palavras. Impávido e sereno - a expressão das suas sobrancelhas, contudo, é capaz de nos contar muitas histórias -, espreita o vizinho que lhe rega  o limoeiro, receia a turbulência do avião onde viaja, assiste ao desfile de mulheres na passerelle que são as ruas de Paris, aos polícias inesperados e de gestos tão geométricos e simétricos (quase tanto como os seus planos de câmara), aos discursos dos produtores que não gostam das suas ideias, aos turistas ou mesmo ao pássaro que lhe entra pela janela - sendo que este o obriga a alguma interacção.

Perante o mais inesperado dos cenários, Suleiman reage sempre com tranquilidade, deixando confusos ou curiosos muitos dos que se cruzam consigo. E, da nossa parte, encaramos com a normalidade possível a banal existência de norte-americanos armados, no mesmo país onde circulam anjos palestinianos. Porque a magia surge até no mais sujo e dantesco dos cenários.


O Paraíso, Provavelmente é o retrato de uma luta interior entre passado e presente, uma fuga após um momento triste e doloroso, em busca da paz interior e da esperança no futuro, que, provavelmente, só encontrará no regresso à sua terra natal.