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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Os Melhores do Ano: Top 20 [20.º-11.º] #2022

2023 já começou, e é mais que hora de fazer o nosso balanço do ano cinematográfico que terminou. Não vimos tantos filmes como gostaríamos, não houve muitos que nos enchessem as medidas. Ainda assim, fizemos o nosso Top 20 cujos filmes são bastante equilibrados, de diversos géneros cinematográficos e onde se destaca a qualidade, em especial do Top 10.

Eis o Top 20 de 2022 do Hoje Vi(vi) um Filme, sempre tendo em conta as estreias no circuito comercial de cinema em Portugal ao longo do ano e nas plataformas de streaming. Aqui ficam os meus eleitos, do 20.º ao 11.º lugares.

20.º Restos do Vento (2022), de Tiago Guedes 

Tiago Guedes pretende imiscuir-se no centro da violência e perceber como pode ela ter origem nas sociedades envolventes. Esta pequena vila sem nome guarda em si o rastilho que faz despertar o que de pior pode existir no ser humano. Rituais ultrapassados, escondidos dentro de baús, estão mais vivos do que se pensa, num local onde parece não existir lei. E, por muita boa vontade que alguns tenham, as novas gerações cultivam os piores vícios e medos, da mesma forma que os seus pais: com humilhação, violência, machismo e abusos.


19.º 28½ (2020), de Adriano Mendes

28½ é o espelho dos obstáculos e do desencanto que o fim da inocência - e da adolescência - traz a cada um. O foco é a protagonista Teresa e os desvios e desfoques que a vida leva, por vezes, e que as palavras não são suficientes para explicar. 


18.º Top Gun: Maverick (2022), de Joseph Kosinski

É num cinema quase artesanal que Top Gun: Maverick se revela uma lufada de ar fresco entre os filmes de acção frenéticos e cheios de CGI que povoam as salas. Eis como a simplicidade faz a diferença, e como ir ao cinema ver um blockbuster ainda pode oferecer boas surpresas. Eis Maverick no seu esplendor.


17.º O Homem do Norte / The Northman (2022), de Robert Eggers  

O Homem do Norte veio alargar o espectro da filmografia de Robert Eggers, reforçando a criatividade e o talento que o realizador tem para entorpecer as audiências e, ao mesmo tempo, prendê-las à visceralidade tanto visual como psicológica da sua obra.


16.º Crimes do Futuro / Crimes of the Future (2022), de David Cronenberg

A estranheza está de volta ao cinema de David Cronenberg. Num futuro onde tudo é antigo e está em ruínas, os corpos alteram-se e a dor, o prazer e a arte misturam-se para o êxtase das massas, que sempre deliraram com o grotesco. Eis Crimes of the Future, a sua estética singular e personagens tão ambíguas, mas igualmente fascinantes. 


15.º Casa Flutuante (2022), de José Nascimento 

Casa Flutuante marca o regresso de José Nascimento à ficção, numa alegoria entre o passado e o presente de Brasil e Portugal. Colonizadores contra índios, fazendeiros e poderosos contra a floresta e suas tribos: ganância vs. Natureza. O filme deixa-nos num limbo entre as origens e o sentimento de pertença, num filme que transcende fronteiras, crenças e possibilidades, através de uma aura mística impossível de catalogar.


14.º Nope (2022), de Jordan Peele 

Mistério, humor e muitas referências cinematográficas, fazem de Nope mais uma prova da criatividade de Jordan Peele, que reforça a sua posição como um dos mais notáveis realizadores de terror da actualidade.


13.º Alma Viva (2022), de Cristèle Alves Meira

Observadora nata, Cristèle Alves Meira revela grande talento para filmar o sobrenatural, com um toque de humor e intimidade, potenciada pelas memórias que guarda da infância. Aliada à experiência mágica que proporciona, Alma Viva é feminismo e é, com certeza, Mulher.


12.º Decisão de Partir / Decision to Leave / Heojil kyolshim (2022), de Park Chan-wook

Park Chan-wook adora enigmas cinematográficos e Decisão de Partir não foge à regra. Um filme desafiante, de crimes por resolver e amores impossíveis. 


11.º Os Fabelmans / The Fabelmans (2022), de Steven Spielberg

Steven Spielberg filma a sua magia do Cinema em Os Fabelmans, um épico autobiográfico em jeito de elogio à Sétima Arte e à família. Uma obra íntima e tocante, que reflecte a alma do seu autor. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Crítica: Restos do Vento (2022)

"Tu não podes falar disto a ninguém, percebeste? Ninguém."
Paulo


*7/10*

As tradições mais ancestrais servem de mote para uma história de poder e exclusão numa povoação perdida no interior norte de Portugal. Depois de A Herdade, Tiago Guedes regressa com Restos do Vento, um filme mais sombrio e angustiante que o seu antecessor, com quem partilha a particularidade da acção se passar também em épocas distintas - separadas por 25 anos.

Uma comunidade fechada em si e no machismo tóxico das suas tradições, vê-se assombrada por traumas passados, que emergem quando uma tragédia acontece. Todos guardam segredos, qual pacto de silêncio. Ao mesmo tempo, o estranho ou desconhecido também não é bem acolhido entre a população - mesmo que seja fruto dela.


Tiago Guedes - que assina igualmente o argumento juntamente com Tiago Rodrigues - pretende imiscuir-se no centro da violência e perceber como pode ela ter origem nas sociedades envolventes. Esta pequena vila sem nome guarda em si o rastilho que faz despertar o que de pior pode existir no ser humano. Rituais ultrapassados, escondidos dentro de baús, estão mais vivos do que se pensa, num local onde parece não existir lei. E, por muita boa vontade que alguns tenham, as novas gerações cultivam os piores vícios e medos, da mesma forma que os seus pais: com humilhação, violência, machismo e abusos.

Com uma premissa forte e um protagonista cheio de potencial, Restos do Vento não vai ao âmago das outras personagens, tornando-as superficiais e insensíveis, até mesmo pouco realistas. O início em crescendo, onde os rituais machistas, em que rapazes vestidos com fatos e capuz de serapilheira perseguem as jovens da aldeia para as açoitar (os caretos de Podence,  bem mais modernos, podem ser facilmente entendidos como inspiração para esta "tradição" ficcional), cativa as atenções da plateia para a brutalidade do Homem. Todavia, 25 anos passados, e após as festividades da terra, algo acontece que vem perturbar a aparente tranquilidade da povoação. É aí que o filme perde intensidade: há uma enorme quebra na acção, com decisões pouco consistentes, um suspense frágil e muita previsibilidade. 


Num elenco de grandes nomes do cinema português - como Nuno Lopes (Samuel), Isabel Abreu (Judite), Gonçalo Waddington (Vítor) ou João Pedro Vaz (Paulo) - é Albano Jerónimo quem se distingue, num papel muito diferente daqueles que o têm notabilizado. Ele é o protagonista, Laureano, um homem frágil e ingénuo, apesar do aspecto que assusta muitos com quem se cruza, e que vive à margem da comunidade, numa velha casa isolada. Solitário, apenas conta com o apoio de Judite, e com a companhia dos muitos cães errantes, os seus mais fiéis companheiros. Albano Jerónimo encarna Laureano de forma intensa, desde logo na transformação física que o levou a ganhar peso, assume o desleixo da personagem, o seu jeito de andar desengonçado, as expressões inocentes ou amedrontadas. Esta é a única personagem que mexe com a plateia e desperta verdadeira compaixão.


E mesmo com a falta de maior complexidade narrativa, Restos do Vento oferece-nos uma experiência desafiante, que mexe com emoções e faz reflectir sobre a (i)legitimidade da violência. Um filme capaz de provocar uma angústia latente dos dois lados do ecrã.

domingo, 25 de setembro de 2022

Sugestão da Semana #527

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o filme português, Restos do Vento, de Tiago Guedes.

RESTOS DO VENTO


Ficha Técnica:
Título Original: Restos do Vento
Realizador: Tiago Guedes
Elenco: Albano Jerónimo, Nuno Lopes, Isabel Abreu, João Pedro Vaz, Gonçalo Waddington, Leonor VasconcelosMaria João PinhoTónan Quito
Género: Drama
Classificação: M/14
Duração: 127 minutos

quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Estreias da Semana #527

Esta Quinta-feira, chegam às salas de cinema portuguesas cinco novos filmes, a que se junta a reposição de Avatar, de James Cameron, em versão remasterizada. No streaming, Blonde, de Andrew Dominik é a estreia em destaque.

A Conferência (2022)
Die Wannseekonferenz
A 20 de janeiro de 1942, altos representantes do regime nazi alemão reúnem-se numa villa perto de Berlim, para uma reunião que ficou na história como a Conferência de Wannsee. Estão presentes 15 dignitários pertencentes às SS, ao partido nacional-socialista e ao aparelho burocrático do governo. Foram convidados por Reinhard Heydrich, chefe da polícia de segurança, para uma "reunião seguida de pequeno-almoço". O único tema do encontro que durou cerca de 90 minutos foi o que os nazis chamaram "Solução Final para a Questão Judaica", ou seja, a organização e planificação detalhada do assassinato em massa de milhões de judeus em toda a Europa. Baseado na acta do encontro, escrita na altura por Adolf Eichmann.

Coração de Fogo (2022)
Vaillante / Fireheart
Desde criança, Georgia Nolan tem apenas um sonho: tornar-se bombeiro, tal como o pai. Infelizmente, a actividade está vedada às mulheres na Nova Iorque de 1930. Mas, quando os bombeiros da cidade começam a desaparecer numa série de incêndios misteriosos nos teatros da Broadway, Georgia vê uma oportunidade de ouro. Disfarça-se de "Joe" e junta-se à equipa de bombeiros improvisados encarregados de deter o incendiário.

Não Te Preocupes, Querida (2022)
Don't Worry, Darling
Alice e Jack têm a sorte de viver na comunidade idealizada de Vitória, uma cidade experimental construída para abrigar os que trabalham para o ultrassecreto Projecto Vitória e as suas famílias. O optimismo social dos anos de 1950, exacerbado pelo líder do projecto, Frank – visionário corporativo e guru motivacional – é a base da vida quotidiana desta utopia. Enquanto os maridos passam o dia na sede do projecto, a trabalhar no "desenvolvimento de materiais progressivos", as suas mulheres passam o tempo a desfrutar da beleza, luxo e vida social da comunidade. A vida é perfeita e a empresa responde a todas as necessidades dos residentes. Tudo o que pedem em troca é discrição e compromisso à causa. Mas quando começam a aparecer pequenas fissuras naquela vida perfeita, expondo sinistras falhas debaixo da atraente fachada, Alice não consegue resistir a perguntar o que estarão a fazer em Vitória, e porquê. E quanto estará ela disposta a arriscar para o saber?

Restos do Vento (2022)
Uma tradição pagã numa vila do interior de Portugal deixa traços dolorosos num grupo de jovens adolescentes. 25 anos depois, ao reencontrarem-se, o passado ressurge e a tragédia instala-se.

Rumba la Vie (2022)
Tony, um motorista de autocarro escolar de 50 e poucos anos, ambientado aos seus velhos costumes e preconceitos, vive um estilo de vida solitário e retraído. Alarmado por um ataque cardíaco, decide enfrentar o passado e entrar em contacto com Maria, a filha que nunca conheceu, inscrevendo-se na escola de dança que ela dirige. Mas não se pode improvisar a rumba! Nas suas botas de cowboy e casaco de ganga, Tony terá de aprender a dançar para conquistar a filha. Ao mesmo tempo, vai conhecer-se a si próprio e abrir-se aos outros.

Netflix Portugal

Estreia a 23 de Setembro:

Blonde (2022)
O filme reimagina a vida de um dos mais duradouros ícones de Hollywood: Marilyn Monroe. Desde a infância volátil e a juventude atribulada, como Norma Jeane, até à ascensão ao estrelato, aos casos amorosos e à pressão insuportável da Hollywood dos anos 50 e 60, Blonde oscila entre facto e ficção enquanto explora a diferença entre as personalidades pública e privada da artista.

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Oscars 2023: Academia Portuguesa de Cinema revela os 5 nomeados para candidato português a Melhor Filme Internacional

A Academia Portuguesa de Cinema revelou quais os cinco filmes nomeados para a votação do candidato de Portugal à categoria de Melhor Filme Internacional na 95.ª edição dos Oscars

Alma Viva, de Cristèle Alves Meira (Midas Filmes), Lobo e Cão, de Cláudia Varejão (Terratreme Filmes), Mal Viver, de João Canijo (Midas Filmes), Restos do Vento, de Tiago Guedes (Leopardo Filmes), e Salgueiro Maia – O Implicado, de Sérgio Graciano (Sky Dreams), são os filmes escolhidos pelo comité de de pré-seleção, composto pelos membros da Academia Portuguesa de Cinema, Alexandra Ramires (realizadora de animação), Ivo Canelas (actor), Jorge Paixão da Costa (realizador), Luís Branquinho (director de fotografia), Margarida Marinho (actriz), Paulo Furtado (compositor) e Tathiani Sacilotto (produtora).

O processo passará agora por um período de votação entre os membros da Academia, que decorre de 1 a 18 de Setembro, e o filme seleccionado será anunciado a 19 de Setembro.

A 95.ª edição dos Oscars está marcada para 12 de Março de 2023, em Hollywood, Los Angeles, nos Estados Unidos da América. 

Sobre os filmes candidatos:

Alma Viva

"Na sua primeira longa-metragem, Cristèle Alves Meira filmou no norte de Portugal, na região de Vimioso, de onde a sua família é originária, a história de Salomé, uma menina filha de emigrantes portugueses em França que vem todos os anos passar as férias de verão com a sua avó, com quem tem uma forte ligação afectiva e espiritual. O filme retrata a emigração portuguesa, as famílias que se separam e as complexas diferenças económicas e sociais que daí advêm."


Lobo e Cão

"Rodado na Ilha de São Miguel, nos Açores, com um elenco de actores não-profissionais, a longa-metragem de Cláudia Varejão vai ter estreia absoluta na 79ª edição do Festival de Veneza, que acontece até 10 de Setembro. Com produção da Terratreme e coprodução da francesa La Belle Affaire, Lobo e Cão dá-nos a conhecer a realidade insular através de Ana, do seu grupo de amigos e da sua família. O filme cruza realidade e ficção, numa ode à comunidade queer desta ilha."


Mal Viver

"O filme de João Canijo, com produção Midas Filmes, é sobre mães que não conseguem amar as filhas que, por sua vez, não conseguem ser mães. Conta a história de uma família de cinco mulheres que herdou um hotel de província e tenta salvá-lo da ruína. Com a chegada da mais nova mulher da família, feridas e disputas adormecidas são reabertas, num fim-de-semana em que os próprios clientes do hotel, vivem relações atribuladas."


Restos do Vento

"Restos do Vento, realizado por Tiago Guedes, vai ter a sua estreia nos cinemas portugueses no próximo dia 22 de Setembro. A longa-metragem baseia-se numa tradição pagã de uma vila do interior de Portugal, que deixa traços dolorosos num grupo de jovens adolescentes. 25 anos depois, ao reencontrarem-se, o passado ressurge e a tragédia instala-se."


Salgueiro Maia – O Implicado

"Salgueiro Maia – O Implicado constitui o primeiro retrato daquele que é considerado o herói e o símbolo mais puro do 25 de Abril de 1974. Fernando Salgueiro Maia, o anti-herói não ocasional, produto de uma formação académica e militar, foi um homem que soube pensar o futuro, seguir as ideias, contestando-as, vivendo uma vida cheia, alegre e fértil, solidária e sofrida – se não tem morrido prematuramente aos 47 anos, teria agora 75. Através de uma abordagem moderna, intimista e emocional, Salgueiro Maia – O Implicado retrata as histórias que ainda não foram contadas sobre o Capitão de Abril."