domingo, 30 de maio de 2021

Sugestão da Semana #457

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Um Lugar Silencioso 2, de John Krasinski.

UM LUGAR SILENCIOSO 2


Ficha Técnica:
Título Original: A Quiet Place Part II
Realizador: John Krasinski
Elenco: Emily Blunt, Cillian Murphy, Millicent Simmonds, Noah Jupe, Djimon Hounsou, Wayne Duvall
Género: Drama, Ficção Científica, Terror
Classificação: M/14
Duração: 97 minutos

sábado, 29 de maio de 2021

'Women Make Film' e 'Be Natural' com estreia simultânea no Cinema Ideal e na Filmin a 3 de Junho

Os documentários Women Make Film, de Mark Cousins, e Be Natural - A História Nunca Contada de Alice Guy-Blaché, de Pamela B. Green, terão estreia simultânea no Cinema Ideal e na plataforma Filmin Portugal a 3 de Junho.

Os dois filmes dão destaque ao trabalho das mulheres na indústria cinematográfica. Women Make Film apresenta-nos uma história do cinema no feminino, apenas com filmes realizados por mulheres e com 14 horas de duração. Narrado por Tilda Swinton, Jane Fonda e Debra Winger, entre outras mulheres, o filme de Mark Cousins é "um épico sobre a história do cinema realizado por mulheres, com excertos de mais de mil filmes realizados desde os primórdios do cinema". Entre as realizadoras que contam a História do Cinema encontram-se Chantal Akerman, Dorothy Arzner, Kathryn Bigelow, Jane Campion, Ava DuVernay, Mary Harron, Barbara  Kopple, Ida Lupino, Penelope Spheeris, Agnès Varda, mas muitas serão também as descobertas entre os 150 filmes em mais de 30 línguas citados no documentário. 

Be Natural foca-se na primeira mulher a realizar um filme, contemporânea dos irmãos LumièreAlice Guy-Blaché. Narrado por Jodie Foster, o documentário de Pamela B. Green, retrata a "carreira desta secretária da Gaumont que um ano depois de realizar o seu primeiro filme se torna directora de produção da empresa, realizando dezenas de filmes. Uma carreira que duraria mais de vinte anos, realizando e produzindo mais de mil filmes em França e nos Estados Unidos (onde foi a primeira mulher a fundar um estúdio de cinema)".

sexta-feira, 28 de maio de 2021

Crítica: A Mulher à Janela / The Woman in the Window (2021)

"You don't think it's paranoid if I wanna change the locks. Do you?"

Anna Fox

*3/10*

A Mulher à Janela, de Joe Wright, quer ser tanto e acaba por ser tão pouco. Um filme sem alma, que começa com mistério e termina num autêntico terror. Ver Joe Wright associado a um filme tão pouco coeso e sem personalidade é a grande surpresa de uma longa-metragem que não é sequer capaz de valorizar o elenco. 

"Confinada à sua casa por sofrer de agorafobia, uma psicóloga fica obcecada com os seus novos vizinhos e em resolver um crime brutal que testemunha pela janela."

Baseado no livro homónimo, de A. J. Finn (que não li), A Mulher à Janela pretende ser um Hitchcock dos tempos modernos - não lhe poupando referências, sendo a mais óbvia A Janela Indiscreta -, mas não lhe chega perto. Se, inicialmente, pode haver a esperança de estarmos perante um bom filme de mistério, com terror psicológico e voyeurismo à mistura, depressa nos desinteressamos do enredo confuso e pouco sustentado, com momentos quase cómicos, tal a implausibilidade ou a previsibilidade. Perto do fim, entramos noutra realidade, mais slasher, e num "novo" filme - ainda pior. 

Há pouco a que nos possamos agarrar para defender A Mulher à Janela. Amy Adams é talvez o ponto mais forte, mas longe das grandes interpretações que marcam a sua carreira. A direcção artística será, provavelmente, o mais admirável da longa-metragem, com a mansão solitária de Anna a ganhar personalidade, seja pela imensa escadaria, pela clarabóia, ou pelos detalhes de decoração (a casa de bonecas, por exemplo, chama-nos logo a atenção).

Tanta paranóia, referências cinematográficas, clichés e reviravoltas sem fim, e eis o vazio sideral após os créditos finais. Nada fica connosco de A Mulher à Janela, apenas a satisfação de termos conseguido matar a curiosidade mórbida que nos assolava antes da visualização.

Cinema na TV generalista no fim-de-semana: Maio #5

Cinemundo passa a distribuir catálogos da Universal Pictures e Warner Bros

A distribuidora portuguesa Cinemundo anunciou esta Quarta-feira que passará a distribuir os catálogos da Universal Pictures e da Warner Bros nos cinemas em Portugal.

Com estas duas adições ao seu portfólio - a Universal Studios desde Abril de 2020 e a Warner Bros Pictures a partir de Julho de 2021 -, a empresa, criada em 2014, ultrapassará os 40% no que respeita ao mercado de distribuição independente no país, verificando-se com isso um maior equilíbrio entre distribuidores. 

Entre os títulos da Universal Pictures Portugal, a estrear no segundo semestre de 2021, estão Velocidade Furiosa 9, Halloween Mata, Boss Baby - Negócios de Família, Cantar 2 e Downton Abbey 2. No que respeita à Warner Bros Pictures, entre os filmes mais aguardados estão Space Jam 2: Uma Nova EraO Esquadrão Suicida, Dune (Duna), Todos os Santos de Newark, Cry Macho, King RichardThe Untitled Matrix Film, entre outros. 

O  CEO da Cinemundo, Miguel Chambel, destaca a importância dos dois catálogos no portfólio da empresa: “Através da distribuição dos dois catálogos de peso como a Universal Studios e a Warner Bros Pictures, a Cinemundo tem a convicção de que contribui para um mercado do cinema mais justo e equilibrado em Portugal, uma vez que o mesmo deixa de estar verticalmente integrado num único player, posicionando a Cinemundo como uma distribuidora em franco crescimento, um nome a ter em conta no meio cinematográfico nacional, com uma variada oferta de filmes e sucessos, que vão desde os blockbusters internacionais, às apostas independentes”.

quinta-feira, 27 de maio de 2021

Estreias da Semana #457

Esta Quinta-feira, há seis novos filmes nas salas de cinema portuguesas, a que se soma a reposição de dois títulos de Wong Kar-wai (Days of Being Wild – Dias SelvagensAo Sabor da Ambição). Entre as estreias em sala, destaque para Cruela e Um Lugar Silencioso 2. Já nas plataformas de streaming, há dois novas estreias.

Blackbird - A Despedida (2020)
Blackbird
Lily (Susan Sarandon) e Paul (Sam Neill) convocam os seus filhos adultos para um encontro na casa de praia de modo a comunicar uma decisão. O casal planeara um fim-de-semana calmo em família, mas o ambiente começa a ficar tenso quando surgem os problemas mal resolvidos entre Lily e as filhas Jennifer (Kate Winslet) e Anna (Mia Wasikowska). Para além das filhas, estão o genro de Lily, a sua amiga de longa data, o companheiro da filha e o neto. Neste derradeiro encontro na casa de praia, e ainda na posse de todas as suas faculdades, Lily partilha a decisão de pôr fim à longa batalha contra a doença.

Cruela (2021)
Cruella
Passado em Londres, durante a revolução punk dos anos de 1970, o filme segue uma jovem vigarista chamada Estella (Emma Stone), inteligente e criativa, determinada a fazer nome com as suas criações de moda. Trava amizade com um par de jovens ladrões que apreciam o seu apetite por travessuras e juntos constroem uma vida nas ruas de Londres. Um dia, o talento de Estella para a moda chama a atenção da Baronesa von Hellman (Emma Thompson), uma lenda da moda. A relação entre ambas inicia um conjunto de acontecimentos e revelações que farão com que Estella abrace o seu lado mais perverso.

Higiene Social (2021)
Hygiène sociale
Antonin é uma espécie de dandy. É hábil com as palavras, e poderia ter sido um escritor famoso, mas em vez disso serve-se delas para escapar dos diversos problemas e alhadas em que se mete. Mantendo a recomendada distância social, ele trava diversas conversas - bem humoradas e por vezes surreais - com as mulheres da sua vida.

Ninguém (2021)
Nobody
Por vezes, o homem em quem ninguém repara é o mais perigoso de todos... Hutch Mansell (Bob Odenkirk) é um pai e marido negligenciado, que tudo aceita, sem nunca reclamar. Quando dois ladrões lhe invadem a casa, Hutch recusa defender-se a si e à sua família, na esperança de evitar uma escalada de violência. O filho adolescente, Blake (Gage Munroe), fica desiludido com o pai e, Becca (Connie Nielsen), afasta-se cada vez mais do marido. Mas a fúria recalcada de Hutch acorda instintos adormecidos, levando-o por um caminho que irá revisitar segredos sombrios e capacidades letais.

Tesla (2020)
Nikola Tesla (Ethan Hawke), enigmático pioneiro da ciência da eletricidade, é um imigrante nascido numa pequena aldeia no que agora é a Croácia. Orgulhoso, genial e socialmente desajustado, Tesla é um funcionário promissor na Thomas Edison's Machine Works incapaz de interessar Edison (Kyle MacLachlan) no seu revolucionário motor de corrente alternada. O fim da relação de Tesla com Edison inicia uma rivalidade duradoura entre ambos. A procura de fundos leva Tesla até George Westinghouse (Jim Gaffigan), outro poderoso nome na indústria que financia e promove o sistema elétrico inovador de Tesla. Mas o impaciente inventor já planeia métodos inéditos de transmitir luz, eletricidade e informação sem fios por todo o mundo. Trabalhando num laboratório ao ar livre no Colorado, Tesla transmite raios da terra para o céu e ousa aplicar as suas descobertas a um sistema global sem fios, um projeto de alto risco apoiado por J. P. Morgan (Donnie Keshawarz).

Um Lugar Silencioso 2 (2021)
A Quiet Place Part II
Após os acontecimentos mortais ocorridos em sua casa, a família Abbott (Emily Blunt, Millicent Simmonds, Noah Jupe) terá agora de enfrentar os terrores do mundo exterior enquanto continua a lutar em silêncio pela sobrevivência. Forçados a arriscar no desconhecido, rapidamente percebem que as criaturas que caçam pelo som não são as únicas ameaças que se escondem além do caminho de areia.

Netflix Portugal
Estreou a 26 de Maio:

Ghost Lab (2021)
Uma experiência de investigação da vida após a morte dá para o torto quando os dois médicos e amigos Gla e Wee vêem um fantasma com os próprios olhos pela primeira vez - um encontro que os leva a procurar incansavelmente uma explicação científica para os fantasmas e provas da vida após a morte. Irreflectida e inabalável, a sua busca de conhecimento levá-los-á a perder o rumo, a amizade que partilham e os entes queridos.

HBO Portugal
Estreia a 30 Maio:

Oslo (2021)
Dramatização das negociações secretas de 1990, entre Israel e a Organização para a Libertação da Palestina, que deram origem aos acordos de paz assinados em Oslo.

terça-feira, 25 de maio de 2021

Crítica: Aqueles Que Me Desejam a Morte / Those Who Wish Me Dead (2021)

"Talk to me and I'm gonna help you. Alright?"

Hannah

*4.5/10*

Aqueles Que Me Desejam a Morte, de Taylor Sheridan, leva-nos às vastas florestas do Montana e aos grupos de combate a incêndios, para uma história de crime e perseguição.

"Um adolescente testemunha de um homicídio e a especialista em fogos florestais que o tenta proteger são perseguidos por assassinos nas zonas remotas do Montana enquanto um incêndio ameaça consumi-los a todos."


A acção desenrola-se em volta de dois pontos fundamentais: por um lado, o terror de Connor (Finn Little), uma criança que acaba de ficar órfã e desconfia de todos com quem se cruza; por outro, os fantasmas de Hannah (Angelina Jolie), uma mulher traumatizada por um acidente enquanto combatia um fogo, e que a têm impedido de regressar ao terreno. Os dois terão de aliar-se, enquanto tentam escapar de dois assassinos que os perseguem e de um incêndio que não dá tréguas.

Aqueles Que Me Desejam a Morte é um filme dinâmico e repleto de acção - e bastante violência -, mas a sucessão dos acontecimentos torna-se pouco realista (os assassinos caem, por vezes, no ridículo) e a fuga de Connor e Hannah só se torna realmente emocionante quando o fogo se revela o verdadeiro perigo. 

Taylor Sheridan não nos revela as motivações dos assassinos, nem os segredos que Connor guarda consigo. Se, por um lado, tal poderia contribuir para o adensar do suspense da longa-metragem, por outro, torna todos os acontecimentos quase irrelevantes. Ao mesmo tempo, é uma pena o pouco foco da narrativa no trabalho dos bombeiros e dos outros operacionais no combate aos incêndios (Só Para Bravos, de Joseph Kosinski, faz isso com distinção).

Aqueles Que Me Desejam a Morte entretém e vale pelas cenas nocturnas, mas, infelizmente, não se leva muito a sério.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

Mostra Origens - Práticas e Tradições no Cinema: De 27 de Maio a 2 de Junho no Cinema Ideal

A Mostra Origens - Práticas e Tradições no Cinema acontece entre 27 de Maio e 2 de Junho no Cinema Ideal, numa parceria entre o Doclisboa e a Fundação Inatel.

O programa da mostra "reúne um conjunto de olhares sobre a diversidade geográfica, cultural e de linguagens" e "procura reflectir sobre as várias faces do Património Imaterial da Humanidade". Seis dos filmes estarão em competição para o Prémio Fundação INATEL para Melhor Filme de Temática Associada a Práticas e Tradições Culturais e ao Património Imaterial da Humanidade: Panquiaco, de Ana Elena Tejera; Don't Rush, de Elise Florenty e Marcel Türkowsky; Piedra Sola, de Alejandro Telémaco Tarraf; On Your Masks!, de Mária PinčíkováYãmiyhex - As Mulheres-Espírito, de Sueli e Isael Maxakali; e Native Rock, de Macià Florit Campins.


27 Mai 20H45 | Cinema Ideal

PANQUIACO

Ana Elena Tejera

Panamá, Portugal | 2020 | 85'

*filme elegível para o Prémio Fundação Inatel


28 Mai 20H45 | Cinema Ideal

DON'T RUSH

Elise Florenty, Marcel Türkowsky

Bélgica, França, Alemanha | 2020 | 55'

*filme elegível para o Prémio Fundação Inatel


29 Mai 20H45 | Cinema Ideal

PIEDRA SOLA

Alejandro Telémaco Tarraf

Argentina, México, Qatar, Reino Unido | 2020 | 72'

*filme elegível para o Prémio Fundação Inatel


30 Mai 20H45 | Cinema Ideal

ON YOUR MARKS!

Mária Pinčíková

Eslováquia, República Checa | 2021 | 80'

*filme elegível para o Prémio Fundação Inatel


31 Mai 20H45 | Cinema Ideal

YÃMIYHEX, AS MULHERES-ESPÍRITO

Sueli e Isael Maxakali

Brasil | 2020 | 77'

*elegível para o Prémio Fundação Inatel


1 Jun 20H45 | Cinema Ideal

NATIVE ROCK

Macià Florit Campins

Espanha | 2021 | 76'

*elegível para o Prémio Fundação Inatel


SESSÃO DE ENCERRAMENTO

2 Jun 20H45 | Cinema Ideal

ANTÔNIO & PITI

Vincent Carelli e Wewito Piyãko

Brasil | 2019 | 79'


Mais informação sobre a mostra em https://doclisboa.org/2020/.

Crítica: As Pequenas Coisas / The Little Things (2021)

 "It's the little things that are important, Jimmy. It's the little things that get you caught."

Deacon

*6/10*

Um thriller policial morno é a proposta de John Lee Hancock com As Pequenas Coisas. A obsessão de dois polícias com casos de assassinatos de mulheres por resolver, em 1990, dá o mote para a longa-metragem protagonizada por Denzel Washington, Rami Malek e Jared Leto.

"O xerife adjunto do condado de Kern, Joe 'Deke' Deacon (Washington) é enviado a Los Angeles para o que deveria ter sido uma simples recolha de provas. Em vez disso, envolve-se na perseguição a um assassino em série que aterroriza a cidade. O líder da busca, o sargento Jim Baxter (Malek) do Departamento do Xerife de L.A., fica impressionado com os instintos de Deke e pede-lhe para o ajudar de forma oficiosa. Mas enquanto tentam descobrir o rasto do homicida, Baxter desconhece que a investigação está a desenterrar ecos do passado de Deke e a revelar segredos perturbadores."

Desde o início, percebemos que há muito segredos escondidos ao longo de As Pequenas Coisas. As personagens Deacon e Baxter partilham muitas características, começando pela obsessão de encontrar o assassino, e o presente de um relembra o passado do outro - o trabalho de montagem usa de vários flashbacks para fazer o paralelismo entre os dois homens.

Originalidade não é algo que se possa apontar ao filme de John Lee Hancock, sendo que há momentos em que sentimos um dejà vu. Há semelhanças óbvias - mas muito menos inspiradas - com Sete Pecados Mortais, de David Fincher, mas o impacto no espectador é quase nulo.

O grande destaque de As Pequenas Coisas vai para Jared Leto, na pele de um suspeito que deixa os dois detectives com a cabeça a mil. Esta personagem secundária distingue-se pela singularidade dos gestos, voz e olhar vazio e alucinado, contrastando com a tranquilidade e frieza com que ganha todas as cenas em que surge no ecrã. O actor emana um magnetismo perturbador, intimidante e doentio, confirmando o talento que tem revelado em cada papel.

Sem grandes emoções ou reviravoltas, As Pequenas Coisas foca-se nos detalhes de uma investigação difícil de resolver e nos efeitos secundários na vida de quem se envolve em demasia. Vale pelas interpretações.

domingo, 23 de maio de 2021

Sugestão da Semana #456

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o filme português, Prazer, Camaradas!, de José Filipe Costa. Podes ler a nossa crítica aqui.

PRAZER, CAMARADAS!


Ficha Técnica:
Título Original: Prazer, Camaradas!
Realizador: José Filipe Costa
Elenco: Eduarda Rosa, João AzevedoMick Geer, José AvelinoAmanda Booth
Género: Documentário, Drama
Classificação: M/12
Duração: 105 minutos

sábado, 22 de maio de 2021

Crítica: O Mauritano / The Mauritanian (2021)

"In Arabic, the word for free and the word for forgiveness is the same word. This is how, even in here, I can be free."

Mohamedou Ould Slahi

*6.5/10*

O Mauritano, de Kevin Macdonald, leva-nos ao Campo de Detenção da Baía de Guantánamo e explora os casos de tortura e de prisão sem acusação levados a cabo pelos EUA durante muitos anos. Política e justiça confrontam-se neste thriller que retrata uma história real e fica marcado por duas grandes interpretações: Tahar Rahim e Jodie Foster.

"Mohamedou Ould Slahi (Tahar Rahim) é detido e encarcerado durante anos, sem julgamento, na Baía de Guantánamo. As únicas aliadas de Slahi são a advogada de defesa Nancy Hollander (Jodie Foster) e a sua associada Teri Duncan (Shailene Woodley) que lutam por justiça contra o governo dos EUA. Através da controversa defesa de Slahi, em conjunto com provas descobertas pelo procurador militar, o Tenente-Coronel Stuart Couch (Benedict Cumberbatch), descobre-se a mais chocante verdade..."

O Mauritano baseia-se no livro O Mauritano - Diário de Guantánamo, escrito pelo próprio Mohamedou Ould Slahi enquanto esteve detido, e onde relata os interrogatórios e a tortura a que foi submetido em Guantánamo. Deste logo, é de admirar a coragem na adaptação cinematográfica de uma obra que tanto o governo norte-americano tentou esconder e censurar.

Kevin Macdonald explora o contexto histórico dos acontecimentos - logo após os atentados do 11 de Setembro -, com o Estado a alimentar de medo e ódio a opinião pública. É verdade que a longa-metragem poderia evitar alguns clichés, ser mais violenta e espicaçar ainda mais a culpa dos EUA neste caso - e em tantos outros semelhantes; contudo, O Mauritano é exímio ao expor as fraquezas e falta de humanidade de um Estado que se pensa acima da Lei.

Tecnicamente, há que destacar o excelente trabalho da direcção de fotografia de Alwin H. Küchler, fundamental no impacto das cenas de tortura, e a opção de utilizar diferentes aspect ratio para acentuar a não-linearidade narrativa, com as cenas do Presente a surgir em 2.39 e as do Passado em 1.33.

Tahar Rahim e Jodie Foster lideram as interpretações, numa dupla que se mostra tão contida como emotiva nos momentos precisos. Rahim incorpora a revolta e o desalento de um homem que confiava na justiça norte-americana mas que é completamente traído por ela. A degradação física e emocional do protagonista está patente no rosto e nos movimentos do actor, numa passividade de quem parece ter perdido a vontade de lutar. Ao seu lado, Jodie Foster encarna a advogada Nancy Hollander, uma mulher segura e dedicada ao trabalho e às suas causas, sem medos. A sua frieza e contenção só será abalada com os segredos macabros que vem a descobrir.

O Mauritano é uma denúncia de injustiças e crimes nunca punidos que um Estado praticou contra homens inocentes. É um julgamento dos sucessivos governos norte-americanos que, independentemente do partido, perpetuam o desrespeito pelos direitos humanos, sem assumir culpas. Kevin Mcdonald não criou uma obra-prima, mas é capaz de mexer com sentimentos e emoções da plateia, num filme dinâmico e necessário.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

Crítica: Prazer, Camaradas! (2019)

*7/10*

José Filipe Costa regressa aos tempos pós-Revolução dos Cravos e leva-nos à vida nas cooperativas, onde muitos estrangeiros vieram ajudar no trabalho e na educação. Prazer, Camaradas! revela-se uma docuficção arrojada em que o Passado vem visitar o Presente, concluindo que não terá mudado assim tanta coisa desde 1975.

"1975 – pós-revolução 25 de Abril. Eduarda, João e Mick viajam da Europa do Norte para trabalharem nas cooperativas das herdades ocupadas em Portugal. Como muitos outros, ajudam nas actividades rurais e pecuárias, dão consultas médicas, aulas de planeamento familiar, mostram filmes de educação sexual e participam nos bailes tradicionais. Vêm fazer a revolução sexual, abalando as velhas certezas de quem viveu tanto tempo em ditadura: como convivem homens e mulheres nas aldeias do Ribatejo? Por que é que as mulheres têm de ir virgens para o casamento? Por que é que só os homens têm direito ao prazer sexual?"

Nesta viagem que cruza duas eras distintas, realizador e elenco exploram conversas, acicatam debates, dão asas à imaginação e aos sonhos, com uma ingenuidade sarcástica e encantadora. A ironia perdura em toda a narrativa: a chegada dos "jovens idosos", de regresso ao país depois de muitos anos fora; junto dos tanques da roupa, as conversas sinceras e descontraídas sobre sexo que denunciam um passado ainda demasiado vigente; os óbvios paradoxos entre estrangeiros e portugueses e o choque de mentalidades - apesar de extrema admiração que nutrem pelas mulheres nacionais; os bailes populares e os pares que devem dançar com a devida distância; ou a modernidade dos tempos actuais que se imiscuiu no quotidiano da cooperativa.

José Filipe Costa confronta-nos com temas ainda tão discutidos: da sexualidade, à igualdade de género, do feminismo ao planeamento familiar. O realizador cria um jogo satírico entre personagens e plateia, que alia a realidade e a ficção em jeito de provocação e de consciência história e social.

Prazer, Camaradas! transborda a alegria e à-vontade do elenco, espíritos jovens em corpos envelhecidos, e contagia-nos com a leveza de quem sabe rir-se de si próprio.

Cinema na TV generalista no fim-de-semana: Maio #4


quinta-feira, 20 de maio de 2021

Crítica: Estados Unidos vs. Billie Holiday / The United States vs. Billie Holiday (2021)

"Despite all of the shit in her life, she's made something of herself and you can't take it because she's strong, beautiful and black."

Jimmy Fletcher

*6.5/10*

Estados Unidos vs. Billie Holiday relata alguns anos na vida da estrela de jazz, acompanhando a perseguição que o FBI lhe fez, ao mesmo tempo que retrata o racismo intrínseco nos EUA, desde a sua origem enquanto país até aos dias de hoje. Andra Day é estrondosa como protagonista.

"A  lendária  Billie  Holiday,  uma  das  maiores  intérpretes  de  jazz  de  todos  os  tempos,  foi adorada por fãs de todo o mundo durante a maior parte da sua carreira. Na década de 1940,  em  Nova  Iorque,  o  governo  federal  perseguiu  Holiday  no  âmbito  de  um  esforço crescente  para  escalar  e  racializar  a  guerra  contra  a  droga,  procurando  impedi-la  de cantar a sua controversa e comovente balada Strange Fruit."


Lee Daniels cria um filme biográfico que homenageia a cantora, conseguindo captar a sua fragilidade, mas igualmente a sua garra em palco, enquanto traça uma crítica certeira ao FBI e aos norte-americanos. Consegue captar um perfil de Billie Holiday com detalhe, ainda que, por vezes, se perca por querer abarcar todos os aspectos que a caracterizaram. Desde a infância de abusos e negligência, aos maridos violentos, sem deixar escapar a adição pelas drogas, a prisão e todas as dificuldades que se lhe seguiram, o filme explora ainda algumas liberdades criativas, como uma entrevista que nos conduz parcialmente na história, mas que acrescenta pouco.

A importância do tema Strange Fruit para o decorrer da narrativa de Estados Unidos vs. Bille Holiday é central, já que a vida da cantora dependerá de interpretar ou não a canção nos seus espectáculos, tão desejada pelo seu público. A mágoa e revolta que as palavras cantadas provocam, ao relatar os linchamentos aos negros no Sul dos Estados Unidos, tinham uma força que os racistas temiam. A longa-metragem ganharia ao focar-se ainda mais neste tema e nas dúvidas que atormentavam Holiday.

Andra Day não é a primeira a interpretar Billie Holiday. Em 1972, Diana Ross também vestiu a pele da cantora de jazz em Lady Sings the Blues. Contudo, Andra é fabulosa. Treinou a voz para conseguir o tom grave e rouco da cantora, começou a fumar e a beber, perdeu peso, entregou-se a uma interpretação tão física como psicológica, sem problemas com cenas de nudez, violência ou de consumo de heroína, e é capaz de dotar a personagem de um carisma imenso em palco e de uma incapacidade de amor próprio nos momentos de maior fragilidade. Andra é frágil e forte, dominada mas decidida, apaixonada, magoada, corajosa mas influenciável. A cantora e actriz percorre uma série de estados de alma, mas o olhar vazio e desalentado é capaz de nos arrebatar.

Rodado em película de 16 e 35mm, o filme transporta-nos para a época dos momentos retratados e confere uma maior intimidade entre a plateia e a acção. Também a direcção artística e o guarda-roupa são pontos fortes da longa-metragem, retratando tanto o glamour como a decadência que rodeavam Billie Holiday.

E se, apesar de se esforçar, Lee Daniels não traz uma obra inesquecível, certo é que há bons momentos a reter, boa música, e uma forte aura de luta pelos direitos civis a pairar, tão actual naquele momento como na actualidade. Já Andra Day canta, encanta e honra a memória de Lady Day.

Estreias da Semana #456

Esta Quinta-feira, chegam aos cinemas portugueses nove novos filmes. Destaque para a estreia de Estados Unidos vs. Billie HolidayO Mauritano e o português Prazer, Camaradas!. A Netflix Portugal conta também com um novo título.

Billie (2020)
Lady Day foi uma das maiores vocalistas da história do jazz. Em 1971, a jornalista Linda Lipnack Kuehl decidiu escrever a biografia definitiva de Billie Holiday. Antes da sua morte em 1978, Kuehl gravou mais de 200 horas de entrevistas. As fitas nunca foram ouvidas. Agora, formam a base de um documentário atmosférico com várias camadas que captura as facetas complexas de uma mulher negra orgulhosa, viciada em drogas, violenta, leal, amante vingativa e cantora inesquecível.

Estados Unidos vs. Billie Holiday (2021)
The United States vs. Billie Holiday
Em plena era de segregação racial nos EUA, Billie Holiday (Andra Day) era uma artista de sucesso no mundo do jazz. Contudo, a infância traumática e os obstáculos que enfrentou cedo a conduziram ao alcoolismo e à dependência da heroína. Em 1937, o Senado recusa aprovar um projeto de lei para proibir o linchamento de afro-americanos. Em resposta, Billie Holiday começa a incluir no seu reportório a canção Strange Fruit, escrita por Abel Meeropol, que compara os negros enforcados aos frutos das árvores do Sul. Esse facto e a criminalização do uso estupefacientes levaram Holiday a ser um dos primeiros alvos do Departamento Federal de Narcóticos no que seria a desastrosa "guerra às drogas" levada a cabo nos Estados Unidos durante décadas.

Marighella - O Guerreiro (2019)
Marighella
Adaptação do livro Marighella - O Guerrilheiro Que Incendiou o Mundo, de Mário Magalhães, o filme baseia-se nos últimos cinco anos da vida de Carlos Marighella, ex-deputado, poeta e guerrilheiro brasileiro, que durante a ditadura militar liderou um dos maiores movimentos de resistência ao governo da época.

O Mauritano (2021)
The Mauritanian
Mohamedou Ould Slahi (Tahar Rahim) é detido e encarcerado durante anos, sem julgamento, na Baía de Guantánamo. As únicas aliadas de Slahi são a advogada de defesa Nancy Hollander (Jodie Foster) e a sua associada Teri Duncan (Shailene Woodley) que lutam por justiça contra o governo dos EUA. Através da controversa defesa de Slahi, em conjunto com provas descobertas pelo procurador militar, o Tenente-Coronel Stuart Couch (Benedict Cumberbatch), descobre-se a mais chocante verdade...

Orphea (2020)
O lendário mito grego de Orfeu e Eurídice é transformado e reinventado nesta versão contemporânea criada pelo inovador do cinema alemão Alexander Kluge, em colaboração com o argumentista Khavn.
Através de uma abordagem experimental, o filme altera o género do herói para que, desta vez, Orfeu seja uma mulher que desce ao mundo subterrâneo para salvar o seu amado. Ao ritmo da música rock, e passado nos bairros de lata de Manila, o seu peso mitológico e a sua estética avant-garde são acompanhados do tratamento de questões relacionadas com a imigração e com a xenofobia.

Peter Rabbit: Coelho à Solta (2021)
Peter Rabbit 2: The Runaway
O adorável coelho rebelde está de volta. Bea, Thomas e os coelhos criaram uma família improvisada, mas, apesar dos melhores esforços, Peter parece não conseguir apagar o seu passado de traquinices. Aventurando-se fora do jardim, dá por si num mundo onde as suas travessuras são apreciadas, mas quando a sua família arrisca tudo para procurá-lo, Peter tem de descobrir que tipo de coelho quer ser.

Prazer, Camaradas! (2019)
Em 1975, no Portugal pós-revolução de abril, uma mulher e dois homens - Eduarda Rosa, João Azevedo e Mick Geer - viajam da Europa do Norte para trabalharem nas cooperativas das herdades ocupadas no Ribatejo. Como muitos outros, ajudam nas actividades rurais e pecuárias, dão consultas médicas, aulas de planeamento familiar, mostram filmes de educação sexual e participam nos bailes tradicionais. Vêm fazer a revolução sexual, abalando as velhas certezas de quem viveu tanto tempo em ditadura: como convivem homens e mulheres nas aldeias do Ribatejo? Por que é que as mulheres têm de ir virgens para o casamento? Por que é que só os homens têm direito ao prazer sexual?

Protótipo (2020)
Archive
2038: George Almore está a desenvolver uma inteligência artificial avançada e o seu protótipo mais recente está praticamente pronto. Esta fase sensível também é a mais arriscada, pois ele tem um objetivo que deve ser escondido a todo custo - reunir-se com a esposa morta.

Um Homem Furioso (2021)
Wrath of Man
A história da personagem misteriosa conhecida apenas como H. que trabalha para uma empresa de transporte de dinheiro na zona de Los Angeles e é responsável por movimentar milhões de dólares através da cidade.

Netflix Portugal
Estreia a 21 de Maio:

Exército dos Mortos (2021)
Army of the Dead
Durante uma epidemia zombie em Las Vegas, um homem reúne um grupo de mercenários para levar a cabo um audacioso golpe: entrar na zona de quarentena para realizar o maior roubo de sempre.

terça-feira, 18 de maio de 2021

Prémios Sophia 2021: Os Nomeados

Foram hoje anunciados os filmes nomeados para os Prémios Sophia. Mosquito, de João Nuno Pinto, e Ordem Moral, de Mário Barroso, lideram com 13 e 10 nomeações, respectivamente.

O Ano da Morte de Ricardo Reis, de João Botelho, e Listen, de Ana Rocha de Sousa, estão indicados para oito categorias. Já O Fim do Mundo, de Basil da Cunha, conta com sete nomeações e Patrick, de Gonçalo Waddington, soma cinco.

Os nomeados foram apresentados pelos actores Maria João Bastos e Luís Lucas e pelo Presidente da Academia Portuguesa de Cinema, Paulo Trancoso. Foram ainda divulgadas as personalidades homenageadas com o Prémio Sophia de Carreira: a actriz Maria do Céu Guerra e o actor Sinde FilipePaulo Trancoso anunciou que, será atribuído, pela primeira vez, um Prémio Sophia de Melhor Filme Europeu, concedido por um colégio de críticos e jornalistas de cinema.

Foram também entregues os seguintes prémios:

Prémio Arte & Técnica: Projectar a Ordem: Cinema do Povo e Propaganda Salazarista 1935 – 1954, de Maria do Carmo Piçarra

Menção Honrosa: Cinema Tivoli: Memórias da Avenida, de Duarte de Lima Mayer e João Monteiro Rodrigues

Melhor Cartaz: Faz-me Companhia, cartaz de Gonçalo Almeida

Melhor Trailer: Zé Pedro Rock ‘n’ Roll, trailer de Sebastião Varela

 A 10.ª cerimónia de entrega dos Prémios Sophia terá lugar a 19 de Setembro no Casino Estoril, com transmissão televisiva na RTP2.

Eis a lista completa de nomeados:

MELHOR FILME

MELHOR REALIZADOR/A

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM LONGA-METRAGEM
Alis Ubbo
Paulo Abreu (real.) Rodrigo Areias (prod.)
Um Bando à Parte


Viveiro
Pedro Filipe Marques (real.) Luís Urbano e Sandro Aguilar (prod.)
O Som e a Fúria

Zé Pedro Rock’n’Roll
Diogo Varela Silva (real. e prod.)
Hot Chilli Films

MELHOR SÉRIE/TELEFILME
A Espia
Jorge Paixão da Costa (real.) Pablo Iraola e Pandora da Cunha Telles (prod.)
Ukbar Filmes

Crónica dos Bons Malandros
Jorge Paixão da Costa (real.) Pablo Iraola e Pandora da Cunha Telles (prod.)
Ukbar Filmes

Esperança
Pedro Varela (real.) César Mourão, Pedro Varela (prod.)
lanche Filmes

Terra Nova
Joaquim Leitão (real.) Ana Costa (prod.)
Cinemate AS

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL

MELHOR ACTOR PRINCIPAL

MELHOR ACTRIZ PRINCIPAL

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Ana Bustorff - Surdina
Teresa Sobral - Patrick

MELHOR DIRECÇÃO DE FOTOGRAFIA

MELHOR SOM

MELHOR MONTAGEM

MELHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICA
Cláudia Lopes Costa - O Ano da Morte de Ricardo Reis
Nádia Henriques - Patrick

MELHOR GUARDA-ROUPA
Lola Sousa - O Nosso Cônsul em Havana
Silvia Grabowski - O Ano da Morte de Ricardo Reis

MELHOR EFEITOS ESPECIAIS/CARACTERIZAÇÃO
João Rapaz, ANIBRAIN e Paulo Leite - Inner Ghosts
Pedro Vicente e Rita de Castro - O Ano da Morte de Ricardo Reis

MELHOR MAQUILHAGEM E CABELOS
Bárbara Brandão - O Nosso Cônsul em Havana
Rita de Castro - O Ano da Morte de Ricardo Reis

MELHOR BANDA SONORA ORIGINAL
Bruno Pernadas - Patrick
Tó Trips - Surdina

MELHOR CURTA-METRAGEM DE FICÇÃO
Adeus Senhor António Júlia Buisel
A Margem Rodrigo Tavares
Nha MilaDenise Fernandes

MELHOR CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO
A Vida Dura Muito PoucoDinis Leal Machado
Mulher Como ÁrvoreAlejandro Vásquez, Carmen Tortosa, Daniela Cajías, Flávio Ferreira e Helder Faria

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
Elo Alexandra Ramires
Estou? Pedro Martins

PRÉMIO SOPHIA ESTUDANTE
AlvoradaCarolina Neves - Escola das Artes – Universidade Católica Portuguesa
Mãos de PrataCatarina Gonçalves - Escola das Artes – Universidade Católica Portuguesa
No Fim do MundoAbraham Escobedo-Salas - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Nós os Lentos Jeanne Waltz - Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

PRÉMIO SOPHIA CARREIRA
Maria do Céu Guerra
Sinde Filipe

Gus Van Sant vem à Cinemateca em Setembro

Gus Van Sant estará na Cinemateca Portuguesa em Setembro para acompanhar uma retrospectiva da sua obra - composta por títulos escolhidos por si - e uma carta branca dedicada a Andy Warhol.

Na iniciativa, organizada em colaboração com o festival Queer Lisboa, o realizador virá apresentar cinco dos seus filmes: Mala Noche, My Own Private Idaho, Milk, Elephant e Ouverture of Something That Never Ended

A carta branca é dedicada a Andy Warhol, criador da mítica Factory em Nova Iorque, espaço que serve de mote ao primeiro espetáculo musical criado por Van Sant, a apresentar também em Setembro no Teatro D. Maria II, em contexto da próxima edição da BoCA – Biennial of Contemporary Arts. Na Cinemateca, serão exibidos os filmes Batman Dracula, de Warhol, inspirado nas aventuras da personagem de BD Batman, e o documentário ANDY WARHOL: A DOCUMENTARY FILM, de Ric Burns.

Em breve serão divulgadas mais informações.

PROGRAMA PREVISTO

Retrospectiva Gus Van Sant

MALA NOCHE (1986)

MY OWN PRIVATE IDAHO (1991)

ELEPHANT (2003)

MILK (2008)

OUVERTURE OF SOMETHING THAT NEVER ENDED (2020)


Carta Branca a Gus Van Sant sobre Warhol

BATMAN DRACULA (1964)

ANDY WARHOL: A DOCUMENTARY FILM (2006)

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Ciclo 'A Grande Arte no Cinema' regressa às salas no Dia Internacional dos Museus

O ciclo de documentários A Grande Arte no Cinema regressa às salas a 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, com o filme Van Gogh - Entre o Trigo e o Céu, e prolonga-se até Agosto, sendo o último filme, Monet - Magia de Luz e Água

O ciclo é composto por um conjunto de documentários dedicados à arte mundial e aos seus autores, combinando vida e obra dos artistas, bem como a dimensão das suas obras. Bernini, Michelangelo, Monet, Klimt, Tintoretto e Van Gogh são alguns dos nomes em destaque.

As sessões decorrem no UCI Cinemas El Corte Inglés (Lisboa), Cinema da Villa (Cascais) e no UCI Arrábida (Porto), entre 18 de Maio e 26 de Agosto.

Programa: 

18, 19 e 20 de Maio 

Van Gogh - Entre o Trigo e o Céu

Giovanni Piscaglia

Um novo olhar sobre Van Gogh através do legado da maior coleccionadora do artista holandês, Helene Kröller-Müller que detinha quase 300 das suas obras.


1, 2 e 3 de Junho 

Tintoretto - Um Rebelde em Veneza

Giuseppe Domingo Romano 

Conheça Veneza através das telas de Tintoretto, e explore a rivalidade entre os mais importantes artistas venezianos do século XVI: Tintoretto, Ticiano e Veronese.


15, 16 e 17 de Junho 

Michelangelo - Infinito

Emanuele Imbucci 

Michelangelo - Infinito é o primeiro filme de arte sobre o génio do Renascimento e da história da arte universal: Michelangelo Buonarroti.


29, 30 de Junho e 1 de Julho

Palladio - O Espetáculo da Arquitetura

Giacomo Gatti 

As obras do revolucionário arquiteto renascentista, observadas por quem hoje as estuda, vive e preserva para as gerações futuras.


13, 14 e 15 de Julho

Bernini - O Êxtase da Forma

Francesco Invernizzi

A seleção de mais de 60 obras expostas na Villa Borghese em Roma tem sido definida por apreciadores de arte como o regresso a casa de Bernini. Cinco séculos passaram desde o nascimento dos grupos escultóricos do artista e, através de imagens exclusivas, os protagonistas desta exposição analisam detalhes destes tesouros, vindos dos mais prestigiados museus do mundo.


27, 28 e 29 de Julho 

Klimt & Schiele. Eros e Psique

Michele Mally 

Um momento florescente para a arte, a literatura e a música, no qual circulavam novas ideias e cujos trabalhos de Gustav Klimt e Egon Schiele ganhavam lugar no mundo.


10, 11 e 12 de Agosto 

O Museu do Prado

Valeria Parisi 

A primeira viagem cinematográfica através das salas, histórias e emoções de um dos museus mais visitados no mundo.


24, 25 e 26 de Agosto 

Monet - Magia de Luz e Água

Giovanni Troilo 

Uma excursão através dos museus onde as obras-primas de Monet, génio do Impressionismo, estão expostas.

Crítica: Oxigénio / Oxygène (2021)

*6/10*

Em Oxigénio, Alexandre Aja usa a claustrofobia como arma narrativa, potenciada ainda mais pela aura de mistério sempre presente, num filme de ficção científica para a Netflix.

"Uma mulher acorda numa cápsula criogénica sem se recordar de quem é. Com o oxigénio a esgotar-se rapidamente, ela tem de recuperar a memória para conseguir sobreviver."

Muito ao estilo de Enterrado (Buried), de Rodrigo Cortés, eis uma versão sci-fi da claustrofobia cinematográfica. Se, no filme de 2010, tínhamos um homem fechado num caixão, agora a protagonista é uma mulher trancada numa unidade criogénica; para ambos, a única forma de contacto com o exterior é a partir de chamadas telefónicas - em Oxigénio adicionamos um assistente inteligente (Mathieu Amalric) à acção.

O terror de acordar num local fechado e sem espaço para grandes movimentos é comum aos dois filmes, bem como a forma como se desenrola a história. Mas em Oxigénio, o progresso científico parece estar na origem da situação em que a protagonista, Liz, se encontra. Sem memória, nem forma de escapar, a ajuda externa é complexa e as informações confusas. A claustrofobia adensa-se à medida que o oxigénio se esgota e as descobertas não são tranquilizantes. 

Alexandre Aja é capaz de construir um ambiente angustiante e enclausurante, mas não cria nada que já não tivéssemos visto noutros filmes do género. O argumento de Christie LeBlanc torna-se cada vez mais complexo e, até certo ponto, previsível.

Mas a verdadeira fonte de oxigénio do filme é Mélanie Laurent, numa grande interpretação, capaz de passar por estados de espírito tão diversos em pouco tempo - e limitada no espaço -, num misto de emoções que vai da esperança, à confusão, descrença, desespero, raiva e pânico. Espectador e protagonista têm o mesmo nível de conhecimento desde o momento em que Liz acorda, e as descobertas vão sendo feitas ao mesmo tempo, dentro e fora do ecrã. Partilhamos o mesmo conflito interior, as mesmas dúvidas, fazemos suposições, questionamos as contradições e torcemos por ela, já que a empatia é inevitável.

Mélanie Laurent segura o filme com a mesma força com que a personagem não perde a vontade de sobreviver e é ela que nos faz suster o fôlego e acompanhar Oxigénio, com curiosidade, até ao fim.