segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Caminhos do Cinema Português 2020: Vencedores

O Festival Caminhos do Cinema Português anunciou os vencedores da sua 26.ª edição. O Fim do Mundo, de Basil da Cunha, e Listen, de Ana Rocha de Sousa, foram dois dos grandes vencedores do evento, que se prolonga até dia 5 de Dezembro, em Coimbra.

O Júri da Selecção Caminhos atribuiu o Grande Prémio – Turismo do Centro ao filme do luso-suíço Basil da Cunha, que regressa ao bairro da Reboleira com O Fim do Mundo. A longa-metragem conquistou ainda o Prémio D. Quijote, atribuído pelo Júri da Federação Internacional de Cineclubes.

Já o Prémio do Público foi entregue a Listen, o filme que conquistou o maior número de distinções no Caminhos 2020. Lúcia Moniz foi distinguida como Melhor Actriz e Ruben Garcia como Melhor Actor Secundário. Ana Rocha de Sousa recebeu o Prémio de Melhor Realizadora, pela “destreza com que manuseia e coloca a câmara e à sua direção de atores”, fazendo com que o espectador “se torne muito próximo do drama e da luta desta família”, justificou o júri.

Maré, de Joana Rosa Bragança, Nheengatu - A Língua da Amazónia, de José Barahona, e Patrick, de Gonçalo Waddington, receberam, respetivamente, os prémios para Melhor Animação, Melhor Documentário e Melhor Ficção.

Conhece a lista completa de vencedores do Caminhos do Cinema Português 2020 e justificação do júri:

SELECÇÃO CAMINHOS

Prémio do Público – Chama Amarela: Listen (Ana Rocha de Sousa)

Prémios Oficiais

Grande Prémio do Festival – Turismo do Centro: O Fim do Mundo (Basil da Cunha)

“Um tempo, um imaginário e um elenco generoso permitiram a construção de um universo emocionalmente duro, mas que nos acompanha numa reflexão muito depois de o filme ter terminado”

Prémio Melhor Ficção – Cidade de Coimbra: Patrick (Gonçalo Waddington)

“Entre o tráfico de menores e a pedofilia, Patrick mostra-nos o conflito de identidades e a aridez do mundo e da existência”

Prémio Melhor Curta-Metragem – União de Freguesias de Coimbra: Bustarenga (Ana Maria Gomes)

“Num momento onde tudo nos parece afastar, este documentário aproxima-nos uns dos outros de uma forma surpreendente, original e que articula vários universos numa linguagem expressiva”

Prémio Melhor Documentário – Universidade de Coimbra: Nheengatu - A Língua da Amazónia (José Barahona)

“Como os afluentes do rio que navega, o realizador entrelaça a língua Nheengatu, a natureza e o homem, criando um filme que nos envolve e alerta”

Prémio Melhor Animação: Maré (Joana Rosa Bragança)

“Com uma aparente simplicidade, o filme consegue criar um universo de cores e sentidos que nos dá vontade de mergulhar no mar com o seu gigante”

Prémio Revelação: Moço (Bernardo Lopes)

“O trabalho do jovem realizador Bernardo Lopes, na definição da luz, posicionamento da câmara e no acompanhamento do jovem actor, estimula-nos com uma pequena história a querer ver os passos numa futura longa”

Prémios Técnico-Artísticos

Melhor Actor: Hugo Fernandes, em Patrick (Gonçalo Waddington)

“Com este filme, Hugo Fernandes torna-se um dos grandes rostos do cinema português”

Melhor Actor Secundário: Ruben Garcia, em Listen (Ana Rocha de Sousa)

“Entre a contenção e a surpresa, Ruben Garcia constrói um personagem cheio de calor que nos cria uma âncora no filme”

Melhor Actriz: Lúcia Moniz, em Listen (Ana Rocha de Sousa)

Lúcia Moniz enche o ecrã”

Melhor Actriz Secundária: Carla Galvão, em O Cordeiro de Deus (David Pinheiro Vicente)

“Num mundo de sombras, o desempenho de Carla Galvão é luminoso”

Melhor Argumento Adaptado: Pedro Brito, por Assim mas sem ser assim (Pedro Brito)

“O argumento transpõe com delicadeza o mundo sempre original de Afonso Cruz

Melhor Argumento Original: Pedro Peralta, por Noite Perpétua (Pedro Peralta)

Pedro Peralta resgata, através das personagens criadas, uma noite que ainda hoje parece não acabar”

Melhor Banda Sonora Original: Philippe Lenzini, em Mesa (João Fazenda)

“Entre copos, pratos e convivas, a música de Philippe Lenzini estende uma toalha de sons e melodias que gera uma maior partilha em torno da 'Mesa'”

Melhor Caracterização: Júlio Alves, em O Cordeiro de Deus (David Pinheiro Vicente)

“Uma grande coerência entre a expressividade da caracterização e o ambiente dramático ficcional”

Melhor Cartaz: João Fazenda, por Mesa (João Fazenda)

“Quem vê o cartaz de João Fazenda começa de imediato a ver o filme”

Melhor Direcção Artística: Nádia Henriques, em Patrick (Gonçalo Waddington)

“Uma grande cidade, uma estrada e uma aldeia são universos díspares a que o magnífico trabalho na direcção artística de Nádia Henriques deu coerência narrativa e visual”

Melhor Fotografia: João Ribeiro, em Noite Perpétua (Pedro Peralta)

“É uma luz minimal que nos faz ver melhor, que nos faz ouvir melhor e que nos transporta para o universo do filme”

Melhor Guarda-Roupa: Susana Abreu, em Surdina (Rodrigo Areias)

“Sem ostentação, procurando detalhes e pantones de uma sobriedade quotidiana, Susana Abreu constrói um conjunto de figurinos que não nos deixa cair na melancolia”

Melhor Montagem: João Braz e Cláudia Varejão, em Amor Fati (Cláudia Varejão)

“Só a precisão, repetição e diferença da montagem de João Braz e Cláudia Varejão poderia estruturar e organizar a pesquisa que o filme leva a cabo”

Melhor Realizadora: Ana Rocha de Sousa, por Listen (Ana Rocha de Sousa)

“A destreza com que Ana Rocha coloca a câmara e dirige os atores torna-nos muito próximos da luta desta família em Inglaterra”

Melhor Som: Cláudia Varejão, Takashi Sugimoto, Adriana Bolito, Elsa Mendes e Hugo Leitão, em Amor Fati (Cláudia Varejão)

“A captação, desenho e mistura de som de Cláudia Varejão, Takashi Sugimoto, Adriana Bolito, Elsa Mendes e Hugo Leitão clarifica a rede de afectos que a imagem propõe”

Prémio de Imprensa CISION: Amor Fati (Cláudia Varejão)

“Pelo retrato singular do potencial da ligação humana, pelo olhar sensível sobre as harmonias, particulares e universais da vida, pelo gesto subtil – mas grandioso – de representação da multiplicidade, da diversidade e da beleza inerentes às melodias do ser”

Menção Honrosa do Júri de Imprensa CISION: Armour (Sandro Aguilar)

“Pela sua ousadia estética e formal, bem como a capacidade de desafiar ludicamente os limites dos géneros”


Prémio D. Quijote da Federação Internacional de Cineclubes: O Fim do Mundo (Basil da Cunha)

“A familiaridade do cineasta com a comunidade de Reboleira, adquirida ao viver e trabalhar com eles durante uma década, é evidente nesta longa-metragem  que revela um trabalho consistente, expresso pela empatia na relação com actores não-profissionais que se traduz em desempenhos notáveis. Os grandes planos transmitem-nos os pensamentos e sentimentos das personagens, o que dispensa muitas vezes os diálogos, quase sempre em criolo. A câmara à mão, seguindo o seu protagonista através do bairro, cria uma atmosfera de cerco, de claustrofobia, amparada pela luz alaranjada das ruas que  confere às sequências noturnas um quotidiano inquieto. Uma produção realizada de forma colaborativa e hábil, de um autor que com este filme cimenta um lugar de eleição na produção portuguesa, e que merece reconhecimento dentro e fora de portas”

Menção Honrosa do Júri da Federação Internacional de Cineclubes: Catavento (João Rosas)

“O realizador mostra carinho e afecto pelas suas personagens, particularmente o protagonista. Catavento, através de uma escrita cuidada e calorosa, comunica eficazmente a incerteza sentida por um jovem numa encruzilhada, quando sente que tem 'demasiadas escolhas' sobre o que fazer com a sua vida”


SELEÇÃO ENSAIOS

Prémio da Federação Portuguesa de Cineclubes para Melhor Ensaio Internacional: Copacabana Madureira (Leonardo Martinelli)

Copacabana Madureira desestrutura inventivamente as formas narrativas e estéticas do cinema militante e engajado para propor uma reflexão crítica sobre o desgoverno de Bolsonaro no Brasil. A poética comprometida do filme de Leonardo Martinelli mereceu toda a nossa admiração. O gesto estético e político do filme é necessário e urgente num período de desintegração das instituições políticas e culturais do Brasil, como a Cinemateca Brasileira. Face à situação da Cinemateca Brasileira – e, concretamente, face às ameaças políticas ao património cinematográfico e ao 'sequestro da memória audiovisual' do Brasil, nas palavras de Eduardo Morettin -, não podemos deixar de expressar a nossa preocupação e toda a nossa solidariedade”

Menção Honrosa do Júri para Ensaio Internacional: Lascas (Natália Azevedo Andrade)

“A mundividência e estética de Lascas surpreendeu de imediato todos os membros do júri. Contendo laivos surrealistas, a narrativa mantém um minimalismo que permite aos sentidos a sua fruição estética. Admirável é também a construção narrativa e o diálogo com tradições pictóricas extra-'ocidentais'”


Prémio da Federação Portuguesa de Cineclubes para Melhor Ensaio Nacional de Animação: O Presidente Veste Nada (Clara Borges e Diana Agar)

“Saudamos a inventividade com que O Presidente Veste Nada figura os processos de trabalho numa fábrica têxtil através das ferramentas do cinema de animação. O filme vai além das convenções de género ao intercalar elementos do cinema de animação com elementos do cinema documental”

Menção Honrosa do Júri para Ensaio Nacional de Animação: Embers (Adriano Palha)

Embers tem uma construção narrativa complexa, tecendo-se ao som de uma banda-sonora muito envolvente. A expressão gráfica que anima a tragédia é concordante com o tema explorado e destaca-se pela originalidade do seu autor”


Prémio da Federação Portuguesa de Cineclubes para Melhor Ensaio Nacional: Corte (Afonso e Bernardo Rapazote)

“A decisão da atribuição deste prémio é unânime pelos membros do júri. A curta-metragem Corte destacou-se pelo seu tema, universo, diálogos, casting, sonoplastia e figurinos. A singularidade do filme aporta uma voz autoral fresca, original. Sublinhamos a depurada ‘mise en scène’ e a coerência do seu sistema narrativo e estético, em diálogo com grandes obras da história do cinema, como La Prise du pouvoir par Louis XIV, de Rossellini

Menção Honrosa do Júri para Ensaio Nacional: Água e Sal (Luisa Mello)

“A curta-metragem Água e Sal é uma obra que se destaca pela sua experimentação delicada e minimalismo formal. Entrecruza momentos de mensagem política de um modo pessoal que transitam de modo harmónico com as sequências de índole mais poético e subjetivo. O posicionamento político de Água e Sal emerge de um fundo de vivências e memórias. O filme afirma uma política da subjetividade e da intimidade que muito interessou ao júri”


SELEÇÃO OUTROS OLHARES

Melhor Filme – Galerias Avenida: SOA (Raquel Castro)

Menção Honrosa Melhor Filme: Anticorpo (André Martins)


Mais informações sobre o Festival Caminhos do Cinema Português em: https://www.caminhos.info/.

Crítica: Small Axe - Mangrove (2020), de Steve McQueen

*6.5/10*

Small Axe é o conjunto de cinco filmes de Steve McQueen, com histórias independentes entre si, mas todos com uma temática comum: a comunidade das Índias Ocidentais em Londres, do final dos anos 1960 até meados dos anos 1980.

Mangrove é a primeira longa-metragem desta colecção, e baseia-se em acontecimentos reais.

"O filme centra-se em Frank Crichlow (Shaun Parkes), dono do restaurante caribenho Mangrove de Notting Hill, uma animada base comunitária para moradores, intelectuais e activistas. Durante um período de terror racista, a polícia local invadia Mangrove constantemente, levando Frank e a comunidade local a irem para as ruas num protesto pacífico em 1970. Quando nove homens e mulheres, incluindo Frank, a líder do Movimento dos Panteras Negras britânicos, Altheia Jones-LeCointe (Letitia Wright) e o activista, Darcus Howe (Malachi Kirby), são presos injustamente e acusados ​​de incitação a tumultos, segue-se um julgamento mediático, levando a uma vitória difícil para aqueles que lutam contra a discriminação."

Um início cheio de poder para esta antologia cinematográfica de McQueen. Mangrove é um hino anti-discriminação e anti-racismo. Um filme que clama justiça e igualdade perante a Lei e a Sociedade, Mangrove é mais uma denúncia da História vergonhosa que perdurou nos países colonizadores, mesmo depois da independência das colónias.

A corrupção da polícia de Notting Hill, as detenções ilegais e o clima de horror que se vivia nas ruas e dentro do restaurante de Frank Crichlow são captadas com realismo pela câmara do realizador. A preparação do julgamento, as reuniões da defesa - com tantas opiniões distintas sobre qual a melhor forma de agir perante o juiz conservador -, a tentativa de reunir um júri totalmente negro, os depoimentos em tribunal, alegações e todas as tensões que se geraram ao longo de várias semanas de julgamento, tudo é exemplarmente reconstituído em Mangrove.

Um elenco competente e cheio de emoção - com nomes como Shaun ParkesLetitia Wright, Malachi Kirby, Rochenda Sandall, etc. - em muito contribuiu para o resultado final do filme.

Um início empoderador para os capítulos que se seguem de Small Axe.

domingo, 29 de novembro de 2020

'O Dia Mais Curto' chega à Filmin com João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata

A plataforma Filmin Portugal volta a marcar presença na celebração de O Dia Mais Curto, que acontece entre 1 e 21 de Dezembro e leva o melhor da curta-metragem a todo o país.

Em parceria com a Agência da Curta Metragem, a Filmin celebra a data com um programa dedicado exclusivamente aos realizadores João Pedro Rodrigues e João Rui Guerra da Mata. Na Filmin Portugal, O Dia Mais Curto comemora-se de 4 a 21 de Dezembro e os filmes estarão disponíveis em filmin.pt para todos os subscritores.

A programação conta com as seguintes curtas-metragens dos realizadores: 

- China, China (2007), João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata 

Alvorada Vermelha (2011), João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata 

- Manhã de Santo António (2012), João Pedro Rodrigues

- O Que Arde Cura (2012), João Rui Guerra da Mata 

- O Corpo de Afonso (2013), João Pedro Rodrigues

- Iec Long (2014), João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata 

- Où En Êtes-Vous, João Pedro Rodrigues ? (2017), João Pedro Rodrigues

O Dia Mais Curto celebra o formato curto de cinema e a chegada do Inverno, no dia 21 de Dezembro, mas os eventos estendem-se desde o início do mês. Mais informação em https://odiamaiscurto.curtas.pt/.

Sugestão da Semana #445

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca A Camareira, de Lila Avilés.

A CAMAREIRA


Ficha Técnica:
Título Original: La camarista
Realizadora: Lila Avilés
Elenco: Gabriela Cartol, Agustina Quinci, Teresa Sánchez
Género: Drama
Classificação: M/14
Duração: 102 minutos

sábado, 28 de novembro de 2020

Porto/Post/Doc 2020: Vencedores

Já são conhecidos os vencedores do Porto/Post/Doc 2020. Partida, de Caco Ciocler, conquistou o Grande Prémio do festival.

O júri desta edição atribuiu o Grande Prémio Vicente Pinto de Abreu, para Melhor Filme da Competição Internacional, ao filme de Caco Ciocler pois "Partida inventa uma forma para pensar o modo como um filme pode ser um fórum para a discussão e a ação colectiva."

O Prémio Companhia das Culturas/ Fundação Pereira Monteiro - para melhor realizador da Competição Internacional entre autores emergentes (≤36 anos) -  foi para André Guiomar, por A Nossa Terra, O Nosso Altar. O júri destacou o "compromisso que o filme assume de acompanhar, de uma forma continuada e ao longo de muito tempo, as alegrias, as tristezas e as lutas de uma comunidade. O realizador demonstra toda a persistência neste filme promissor. Aguarda-se o próximo."

Êxtase, de Moara Passoni, recebeu o Prémio SPAutores - Cinema Falado, para melhor filme em língua portuguesa de todo o programa. O júri destacou o filme por manifestar "através de uma política do corpo que se desdobra num corpo político, a experiência vivida de um tempo que é simultaneamente pessoal, colectivo, histórico e sócio - político" e "por convocar problemas de intensa actualidade e articular o potencial crítico de múltiplas ferramentas artísticas com a imagem cinematográfica".

O Prémio Transmission foi entregue a Niños Somos Todos, de Sergi Camerón, "pelo equilíbrio exímio com que mistura cinema documental, registo de viagem, experimentação musical e performance, com um olhar empático sobre o outro que propicia muitos encontros e cruzamentos. Digna de nota é também a subtileza com que explora a busca pessoal do protagonista por uma reconciliação com a sua infância e com o conservadorismo canónico do Flamenco, na construção de uma identidade artística mais livre e autoral. Valorizou-se também a qualidade da edição musical e da mistura de som, bem como, da direção de fotografia."

Há Alguém na Terra, de Francisca Magalhães, Joana Tato Borges e Maria Canela, conquistou o Prémio Cinema Novo by Canal 180, por ser "filmado com uma delicadeza poética, onde a imagem, através de pequenos gestos, assume um papel relevante na densidade com que os temas nos transportam para um outro espaço e tempo. Acompanhando a viagem desta personagem que personifica um ciclo de vida, numa realidade local, com uma dimensão cinematográfica plena e universal." Foi ainda atribuída uma Menção Honrosa a Jamaika, de  Alexander Sussman, "pela qualidade do projeto cinematográfico revelada na realização, montagem e argumento."

O Porto/Post/Doc 2020 começou no dia 20 e termina a 29 de Novembro. Mais informações sobre o festival em https://www.portopostdoc.com/.

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Crítica: Sempre o Diabo / The Devil All the Time (2020)

"Blessed are those that hunger and thirst for righteousness."

Rev. Preston Teagardin

*8/10*

Sempre o Diabo (The Devil All the Time), de Antonio Campos, é um retrato violento e trágico de uma América profunda de meados dos anos 50, onde personagens se cruzam e definem o destino umas das outras, numa narrativa circular.

Baseado no romance homónimo de Donald Ray Pollock - curiosamente, é ele o narrador da história -, não estamos perante um filme de fácil visualização. Acima de tudo, Sempre o Diabo leva-nos ao pior de cada ser humano, um mal que faz vítimas por onde vai passando.

"No pós-guerra, numa localidade do interior, assolada pela corrupção e pela brutalidade, um jovem dedica-se a proteger quem ama das personagens sinistras que o rodeiam."

Antonio Campos filma um retrato cruel de um local e da sua gente, dos seus costumes e ignorância, e a existência de uma família malfada pela religião obsessiva e cheia de vícios que a rodeia e sufocava.

Entre o fervor religioso, a guerra, os abusos, a doença, o bullying, serial killers, corrupção e muitas mortes, há uma justiça implacável que passou de pai para filho, e que comanda os actos do protagonista. A justiça e o amor à sua família são os motores que o fazem agir e continuar em frente, perante todas as adversidades.

Sempre o Diabo prima pelo argumento que se fecha num círculo perfeito. As histórias das personagens tocam-se nas coincidências mais prováveis, com naturalidade. Mas destaca-se também pelo ambiente pesado e sombrio que carrega em cada cena, e não augura felicidade. Filmado em 35mm (algo pouco habitual no streaming), a película adensa a ambiente "sujo" e soturno que se vive no ecrã.

A perversão das personagens deu aso de grandes desempenhos do elenco: Tom Holland é o jovem protagonista, magoado, duro, com valores bem vincados no seu carácter - um actor que vemos crescer e transformar-se no grande ecrã -; Robert Pattinson, como Reverendo Preston, é um monstro da transfiguração e o confirmar do grande actor em que se tornou; Bill Skarsgård está excelente na pele do apaixonado soldado marcado pelos horrores da guerra, que tenta reencontrar-se na religião; e Riley Keough transforma-se ao longo do filme, uma mulher em decadência física e psicológica, incapaz de fugir ao destino que escolheu.

Destinos cruzam-se neste ambiente hostil e brutal que Antonio Campos é tão bem capaz de transpor para o grande ecrã. Sempre o Diabo é uma experiência violenta e imersiva com interpretações de tirar o fôlego.

Estreias da Semana #445

Esta Quinta-feira, há quatro novos filmes nos cinemas portugueses. Já nas plataformas de streaming, abundam novas estreias ao longo da semana.

A Camareira (2019)

La Camarista

Eve é uma jovem camareira que trabalha num dos hotéis mais luxuosos da Cidade do México, com hóspedes tão ricos que ela só consegue imaginar as suas vidas através de fantasias íntimas com os pertences que deixam para trás. Turnos longos e cansativos impedem-na de cuidar do filho, mas acredita que a sua situação irá melhorar se for promovida para a limpeza de suites executivas. Duas improváveis relações no trabalho ajudam-na a encontrar a coragem que precisa.


Domingo (2018)

Sábado, 1 de Janeiro de 2003. Enquanto Brasília celebra a tomada de posse do Presidente e ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva, duas famílias do interior gaúcho se reúnem numa velha mansão rural para um churrasco regado a champanhe, segredos, anseios e frustrações familiares. Domingo poderia ser um dia qualquer – não fossem as hormonas dos adolescentes, uma chuva repentina e uma caixinha de cocaína esquecida no armário da dona da casa.


Miss (2020)


Alex tem 9 anos e navega alegremente entre géneros, tem um sonho: um dia ser eleita Miss França. Passados 15 anos, Alex perdeu os pais, a autoconfiança e estagnou numa vida monótona. Um encontro inesperado vai acordar o sonho esquecido e Alex decide competir pela coroa de Miss France, escondendo a identidade.

O Melhor Ainda Está Para Vir (2019)
Le meilleur reste à venir´

Depois de um grande mal-entendido, dois amigos de infância, cada um convencido que o outro tem poucos meses de vida, decidem abandonar tudo e recuperar o tempo perdido.

Netflix Portugal
Estreou a 24 de Novembro:

Um Caderno Para o Meu Filho (2020)
El Cuaderno de Tomy

Quando María Vázquez sabe que tem uma doença terminal, decide enfrentar o triste fim à sua maneira: com emoção e um humor sarcástico que a caracteriza. Passa grande parte do tempo a escrever um caderno para Tomy, o seu filho de quatro anos, com a ideia de que a imagem da mãe o acompanhará por toda a vida. María conta também a sua experiência nas redes sociais, com o seu estilo único, e sua história de vida torna-se muito popular. É acompanhada pelo marido, Federico, e por um grupo de amigos próximos que a acompanham no que chamam de A Festa Final.

Lamento de uma América em Ruínas (2020)
Hillbilly Elegy
J.D. Vance (Gabriel Basso), antigo fuzileiro naval oriundo do sul do Ohio e atualmente aluno do curso de direito em Yale, está prestes a conseguir o emprego com que sempre sonhou, quando uma crise familiar o obriga a regressar a casa e a reencontrar uma vida que queria esquecer. J.D. terá de lidar com a complexa dinâmica da sua família rural, incluindo a relação volátil com Bev (Amy Adams), a sua mãe toxicodependente. Tocado pelas memórias da avó Mamaw (Glenn Close), a mulher forte e sagaz que o criou, J.D. percebe que para realizar os seus sonhos, terá primeiro de aceitar as suas raízes.

Estreou a 25 de Novembro:

Crónicas de Natal: Parte Dois (2020)
The Christmas Chronicles 2

Passaram dois anos desde que os irmãos Kate (Darby Camp) e Teddy Pierce (Judah Lewis) salvaram o Natal, e as coisas estão muito diferentes. Kate vai contrariada passar o Natal a Cancún com o novo namorado da mãe e o seu filho Jack (Jahzir Bruno). Incapaz de aceitar esta nova versão da sua família, Kate decide fugir. Mas quando uma terrível e misteriosa figura ameaça destruir o Polo Norte e acabar de vez com o Natal, Kate e Jack são inadvertidamente arrastados para uma nova aventura com o Pai Natal (Kurt Russell).

Estreia a 26 de Novembro:

Mosul (2019)

Kawa (Adam Bessa), um inexperiente polícia iraquiano, é resgatado de um feroz tiroteio na cidade de Mosul pela equipa Nineveh, um grupo de polícias de elite que combate o Estado Islâmico. Rapidamente é integrado no esquadrão de dez homens liderados pelo Major Jasem (Suhail Dabbach). Debaixo de ameaças constantes, a unidade inicia uma perigosa operação de guerrilha com o objetivo de destruir uma base inimiga e restaurar a ordem no território sem lei.

Estreia a 27 de Novembro:

A Besta (2020)
La Belva

Leonida Riva, antigo capitão das forças especiais é um homem profundamente marcado pelas experiências que viveu e que o levaram a distanciar-se da família. Quando a filha mais nova, Teresa, desaparece, provavelmente raptada. Para a salvar, Riva liberta uma parte de si que acreditava enterrada para sempre.

Amazon Prime Video
Estreou a 25 de Novembro:

Uncle Frank (2020)

Em 1973, ainda adolescente, Beth Bledsoe (Sophia Lillis) deixa a cidade onde nasceu, na zona rural do sul, para estudar na Universidade de Nova Iorque, onde o seu amado tio Frank (Paul Bettany) é um considerado professor de literatura. Beth depressa descobre que Frank é gay e que mora com o seu parceiro de longa data, Wally Nadeem (Peter Macdissi) - um acordo que ele manteve em segredo por anos. Após a morte repentina do pai - o avô de Beth - Frank é forçado a voltar a casa para o funeral. Na companhia de Beth, vai finalmente enfrentar um trauma há muito enterrado e de que fugiu durante toda a sua vida adulta.

Disney +
Estreia a 27 de Novembro:

Beleza Negra (2020)
Black Beauty

Adaptação contemporânea do romance clássico de Anna Sewell escrito no século XIX. Beleza Negra é um cavalo mustang nascido livre no oeste americano. Capturado e levado para longe, a sua história confunde-se com a de Jo Green, de 17 anos, que também perdeu os seus pais.

Atlàntida Film Fest: De 1 a 31 de Dezembro na Filmin

A 3.ª edição do Atlàntida Film Fest regressa a Portugal de 1 a 31 de Dezembro, através da plataforma Filmin.

Este festival internacional pretende dar a conhecer ao público uma seleção de filmes europeus que nunca foram exibidos nas salas ou em festivais portugueses. A programação conta com 19 títulos, que inclui estreias inéditas e exclusivos, com produções de Espanha, França, Islândia, Dinamarca, Reino Unido, Polónia, Alemanha e Bélgica.

Last and First Men, do realizador do compositor Jóhann Jóhannsson (estreado postumamente na última edição do Festival de Berlim); The Exception, de Jesper W. Nielsen; The End of Love, de  Keren Ben Rafael; e Banksy Most Wanted, de Seamus Haley & Aurelia Rouvier, são alguns dos títulos presentes nesta edição do Atlàntida Film Festival.

O cinema da Catalunha será alvo de um foco, com a exibição de alguns filmes que marcaram presença em festivais internacionais como é o caso de A Thief’s Daughter, de Belén Funes;Watermelon Juice,  de Irene Moray; If Then Else, de Marcel Alcántara e Gerard V. Cortés; ou The Last Virgin, de Bárbara Farré e Lydua Caballo.

A partir de dia 1 de Dezembro os filmes vão estar disponíveis em filmin.pt para todos os subscritores. 

Programa

Selecção Oficial:

Last and First Men, Jóhann Jóhannsson

The Exception, Jesper W. Nielsen

The End of Love, Keren Ben Rafael

Banksy Most Wanted, Seamus Haley & Aurelia Rouvier

Supernova, Bartosz Kruhlik

Sons of Denmark, Ulaa Salim

Tench, Patrice Toye

I Was, I Am, I Will Be, Ilker Çatak

Fat Front, Louise Detlefsen, Louise Unmack Kjeldsen


Focus Catalunha:

The Days To Come, Carles Marqués-Marcet

The Death of Guillem, Carles Marqués-Marcet

A Thief’s Daughter,  Belén Funes

7 Reasons to Run Away, Esteve Soler, Gerard Quinto, David Torras

Dark Eyes, Marta Lallana, Ivet Castillo

Somebody’s Daughter, Marcel Alcántara, Gerard V. Cortés

Watermelon Juice, Irene Moray

If Then Else, Marcel Alcántara, Gerard V. Cortés

The Last Virgin, Bárbara Farré, Lydua Caballo

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Crítica: Showbiz Kids (2020)

*7/10*

Em Showbiz Kids, o realizador Alex Winter faz um retrato de como é ser criança em Hollywood, recorrendo a exemplos dos primórdios do Cinema, aos casos mais conhecidos das crianças mais famosas da Sétima Arte, acompanhando também algumas famílias que lutam, diariamente, para que os seus filhos sejam a próxima estrela infantil ou juvenil do grande ecrã.

O documentário foca-se nos altos e baixos que o mundo do entretenimento trouxe aos antigos actores infantis, através de entrevistas e análise das suas vidas e carreiras. Os testemunhos dos que singraram, dos que desistiram ou dos que foram esquecidos. A conclusão mais simples de retirar é que todos eles sofreram e não viveram a infância como outras crianças da sua idade.

Alex Winter conversou com vários actores e ex-actores (Evan Rachel Wood, Henry Thomas, Milla Jovovich, Mara Wilson, Wil Wheaton, Cameron Boyce, Jada Pinkett Smith, Todd Bridges, Baby Peggy), com crianças que querem ser actores, contrapondo todos os testemunhos com imagens de filmes por eles interpretados e que, tantas vezes, tão bem ilustram os sentimentos descritos. Fala-se do sofrimento, dos abusos, da vontade dos pais que por vezes se impõe, do deslumbramento, das filmagens, castings, ou mesmo de como é crescer sem viver a infância e adolescência com os desafios típicos da idade. Fala-se da falta de experiência de vida que os jovens que cresceram no cinema ou na televisão sentem, da ingenuidade que faz com que muitos adultos se aproveitem deles, da solidão e desconfiança que sentem ao longo de toda a vida adulta.

Os exemplos de actores que "perderam" a infância e adolescência entre filmagens e fama desmedida são imensos, e muitos deles não tiveram um final feliz. Alex Winter traça um cenário pouco cintilante acerca destes Showbiz Kids, e o alerta vem daqueles que o viveram na primeira pessoa.

LEFFEST 2020: Vencedores

O Lisbon & Sintra Film Festival 2020 anunciou os vencedores desta edição. The Disciple, de Chaitanya Tamhane, conquistou o maior galardão do festival, o Prémio Melhor Filme LEFFEST, e será exibido esta Quarta-feira, 25 de Novembro, às 19h30 no Cinema Nimas, em Lisboa.

The Best is Yet to Come, de Jing Wang, venceu o Grande Prémio do Júri João Bénard da Costa. Já o Prémio Especial do Júri foi atribuído, em ex aequo, a Franz Rogowski pela sua interpretação em Undine, de Christian Petzold, e a Blanche Gardin pela sua interpretação em Apaga o Histórico, de Benoît Delépine e Gustave Kervern.

O júri da Selecção Oficial – Em Competição da 14.ª edição do LEFFEST é composto pelo escritor e realizador Peter Handke, pelo director da Cinemateca Francesa Frédéric Bonnaud, pela bailarina e coreógrafa Cecilia Bengolea, pelo cineasta e artista Gabriel Abrantes, e pelo curador de arte e escritor Neville Wakefield.

O Lisbon & Sintra Film Festival começou no dia 13 e termina esta Quarta-feira, dia 25 de Novembro. Mais informações sobre o evento em https://www.leffest.com/.

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Olhares do Mediterrâneo - Women's Film Festival: De 23 a 29 de Novembro, em Lisboa, e a partir de 26 de Novembro na Filmin

A 7.ª edição do Olhares do Mediterrâneo – Women’s Film Festival acontece entre 23 e 29 de Novembro no Cinema São Jorge e no ISCTE-IUL, em Lisboa, e de 26 de Novembro a 10 de Dezembro online, na plataforma Filmin Portugal.

O festival que tem como foco a exibição da "obra cinematográfica das mulheres da bacia mediterrânica" regressa com muitos filmes, mesas redondas, masterclasses e workshops. I Am the Revolution, de Benedetta Argentieri; God Exists, Her Name is Petrunya, de Teona StrugarMitevska; When Love Is All You Have, de Laetitia Mikles; Between Heaven and Earth, de Najwa Najjar; e A Thief’s Daughter, de Belén Funes, são alguns dos títulos que compõem o programa de 2020.

Para além das sessões físicas, o Olhares do Mediterrâneo terá uma componente online, em parceria com a Filmin Portugal, que englobará obras comuns às que passarão em sala, e ainda 35 filmes exclusivos - serão 10 longas-metragens e 44 curtas. God exists, her name is Petrunya estará disponível na plataforma Filmin gratuitamente para um máximo de mil espectadores. 

Destaque para a sessão Miúdos (e Graúdos), dedicada aos mais novos, disponível dentro do separador do Festival ou através do separador Filmin Kids; e ainda para a sessão especial Olhares Acessíveis. Cinco Curtas Portuguesas, onde serão apresentadas cinco curtas portuguesas da competição, acessíveis a pessoas surdas (legendas) e com deficiência visual (audiodescrição).

Mais informações e programação do festival em: https://www.olharesdomediterraneo.org/7a-edicao_om2020/. Sessões online, a partir de dia 26 de Novembro em https://www.filmin.pt/. Para os subscritores de Filmin Portugal, o festival estará disponível sem custos adicionais.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Netflix Portugal: Sugestões de Novembro

A Netflix Portugal tem novas propostas para o público ao longo do mês de Novembro. Fica o destaque para algumas das novas entradas deste mês.

Amor e Anarquia (Love & Anarchy) - Temporada 1 - Estreou a 4 de Novembro

"Série em oito episódios que acompanha Sofie, uma consultora dedicada à carreira, casada e mãe de dois filhos. Incumbida de modernizar uma editora antiquada, é lá que conhece Max, um jovem informático com quem se envolve num inesperado jogo de sedução. Sofie e Max desafiam-se, em segredo, a fazer coisas que ponham em causa o modo de vida moderno. O jogo começa de forma bastante inocente, mas, à medida que se torna mais temerário, também as consequências assumem proporções alarmantes"


Paranormal - Temporada 1 - Estreou a 5 de Novembro

"No Egipto dos anos 60, o Dr. Refaat Ismail, um cínico professor de hematologia, pouco dado a fantasias e com um sentido de humor negro, vê o seu mundo virado de cabeça para baixo e as convicções científicas de toda a vida questionadas após viver uma série de experiências paranormais. A contragosto, acaba por se tornar a pessoa de referência a quem todos recorrem para investigar eventos paranormais. Baseada nos romances homónimos de Ahmed Khaled Tawfik."


The Liberator - Minissérie - Estreou a 11 de Novembro

"Minissérie dramática em quatro episódios, passada na Segunda Guerra Mundial. A 10 de Julho de 1943, uma unidade criada no Oklahoma, conduzida pelo Capitão Felix Sparks e composta por nativos americanos, descendentes de mexicanos e cowboys do Dust Bowl - a maioria dos quais não poderiam sequer conviver na sua terra natal, desembarcou na Sicília e suportou uma viagem brutal de 500 dias através da Europa ocupada pelos nazis. Baseada em The Liberator: One World War II Soldier’s 500-Day Odyssey, romance de Alex Kershaw, e criada por Jeb Stuart (Assalto ao Arranha-Céus, O Fugitivo). Anunciada como a primeira série produzida em animação híbrida utilizando uma nova tecnologia designada como Triscope, que combina imagens geradas por computador e actores reais."


Ethos (Bir Başkadır) - Temporada 1 - Estreou a 12 de Novembro

"Um grupo de personagens singulares, provenientes de contextos socioeconómicos diferentes, conhecem-se na colorida e vibrante Istambul em circunstâncias muito especiais, uns por obra do destino, outros por vontade própria. Entre eles, vão criar amizades, ou enfrentar um passado complicado."


Uma Vida à Sua Frente (La vita davanti a sé) - Filme - Estreou a 13 de Novembro

"No litoral da Itália, Madame Rosa (Sophia Loren), uma sobrevivente do Holocausto que gere um centro de dia, acolhe Momo, o menino de rua de 12 anos, originário do Senegal, que recentemente a roubou. Os dois solitários tornam-se os protetores um do outro, criando uma família não convencional."


The Crown - Temporada 4 - Estreou a 15 de Novembro

"The Crown conta a história de dois dos endereços mais famosos do mundo: o Palácio de Buckingham e o N.º 10 da Downing Street, e as intrigas, vidas amorosas e maquinações por detrás dos grandes acontecimentos que moldaram a segunda metade do século XX. Duas casas, dois tribunais, uma Coroa."


Lamento de uma América em Ruínas (Hillbilly Elegy) - Filme - Estreia a 24 de Novembro

"J.D. Vance (Gabriel Basso), antigo fuzileiro naval oriundo do sul do Ohio e atualmente aluno do curso de direito em Yale, está prestes a conseguir o emprego com que sempre sonhou, quando uma crise familiar o obriga a regressar a casa e a reencontrar uma vida que queria esquecer. J.D. terá de lidar com a complexa dinâmica da sua família rural, incluindo a relação volátil com Bev (Amy Adams), a sua mãe toxicodependente. Tocado pelas memórias da avó Mamaw (Glenn Close), a mulher forte e sagaz que o criou, J.D. percebe que para realizar os seus sonhos, terá primeiro de aceitar as suas raízes."


Virgin River - Temporada 2 - Estreia a 27 de Novembro

"Melinda Monroe (Alexandra Breckenridge) regressa a Virgin River e à clínica de Doc Mullins para se aperceber de que tem de se encarar a si mesma e ao seu passado antes de poder considerar este lugar a sua casa."


A Besta (La Belva) - Filme - Estreia a 27 de Novembro

"Leonida Riva, antigo capitão das forças especiais, é um homem profundamente marcado pelas experiências que viveu e que o levaram a distanciar-se da família. Quando a filha mais nova, Teresa, desaparece, provavelmente raptada. Para a salvar, Riva liberta uma parte de si que acreditava enterrada para sempre."

Crítica: Crazy, Not Insane (2020)

*8/10*


Crazy, Not Insane, de Alex Gibney, é um dos mais recentes documentários disponíveis na HBO Portugal, que tenta compreender como funciona a mente de um assassino.

O filme "segue a investigação da psiquiatra Dra. Dorothy Otnow Lewis, que estuda a psicologia dos homicídios. É narrado por Laura Dern."

Alex Gibney conversa com a psiquiatra e mergulha nos seu arquivos, nos casos mais icónicos que estudou e nos quais depôs em tribunal - com maior ou menor sucesso -, mostrando como ainda é difícil conjugar a Lei e a psiquiatria ou neurologia, para conseguir um julgamento justo para os doentes

O realizador faz as perguntas certas e não se limita a escutar apenas um dos lados. Procura outros intervenientes nos casos, com opiniões distintas de Dorothy Lewis, fazendo com que também o espectador possa construir a sua opinião perante o que vê no ecrã. Dorothy sentia-se uma detective ao estudar os criminosos, Gibney, por sua vez, mostra-nos a importância de compreender profundamente o histórico de cada condenado. 

Os vídeos e áudios das sessões com os assassinos são do mais enriquecedor - e aterrador - que Crazy, Not Insane proporciona. Cépticos, leigos, críticos ou defensores da investigadora poderão pôr em causa as suas próprias considerações e aprender muito sobre a psiquiatria forense.

Fará sentido tratar doentes mentais como meros assassinos? Não será imperioso estudá-los, compreender os processos do seu cérebro para combater estes casos desde a origem? Crazy, Not Insane lança estas e outras questões.

Alex Gibney proporciona uma experiência tão intrigante como incómoda, tocando em temas tabu na sociedade: a doença mental ou neurológica, os abusos na infância e a temática polémica da pena de morte.

domingo, 22 de novembro de 2020

Sugestão da Semana #444

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o filme brasileiro Gabriel e a Montanha, de Felipe Barbosa.

GABRIEL E A MONTANHA


Ficha Técnica:
Título Original: Gabriel e a Montanha
Realizador: Felipe Barbosa
Elenco: João Pedro Zappa, Caroline Abras
Género: Drama
Classificação: M/14
Duração: 131 minutos

sábado, 21 de novembro de 2020

Utopia - UK Portuguese Film Festival'20: Cinema gratuito e online de 21 a 28 de Novembro

A 11.ª edição do Utopia - UK Portuguese Film Festival acontece de 21 a 28 de Novembro, inteiramente on-line, gratuito e para o mundo inteiro. O programa conta com 41 filmes, entre curtas e longas-metragens, e 12 conversas.

A abrir o festival, às 20h30, está a sessão 6 Curtas / 6 Realizadoras, que mostra o trabalho de três realizadoras de Portugal e três realizadoras do Brasil, com a presença de Leonor Noivo, Margarida Leitão, Ana Flávia Calvacanti e Mari Moraga, numa conversa moderada por Érica Faleiro Rodrigues e Fernanda Franco. Compõem esta sessão os filmes: Tudo o que Imagino, de Leonor Noivo; Lora, de Mari Moraga; A Mulher Ideal, de Margarida Leitão; , de Ana Flavia CavalcantiAquaparque, de Ana Moreira; e O Dia De Jerusa, de Viviane Ferreira.

Assim Mas Sem Ser Assim


Domingo, 22 de Novembro, é dia de Curadoria Aberta. Às 17h00 é a Monstra que toma as rédeas do festival, com a exibição de Porque É Este O Meu Ofício, de Paulo MonteiroSmolik, de Cristiano Mourato; Shsh Sintonia Incompleta, de Mário Jorge Neves; Com Uma Sombra Na Alma, de Fernando Galrito e João Ramos; Fado Do Homem Crescido, de Pedro Brito; 28 De Outubro, de  Tiago Albuquerque; Razão Entre Dois Volumes, de Catarina Sobral; e Assim Mas Sem Ser Assim, de Pedro Brito. Segue-se o MOTELx, às 20h00, que exibira os vencedores do Prémio MOTELx - Melhor Curta Portuguesa nos últimos seis anos do festival: Miami, de Simão Cayatte; Post-Mortem, de Belmiro Ribeiro; Thursday Night, de Gonçalo Almeida; A Estranha Casa Na Bruma e Erva Daninha, ambos de Guilherme Daniel; e Mata, de Fábio Rebelo. Após a sessão, segue-se uma conversa com os realizadores.

No dia 23 de Novembro, o Utopia traz aos espectadores o Foco Cinema Pernambucano, às 17h30 com a exibição de Tempestade, de Fellipe Fernandes, e King Kong En Asunción, de Camilo Cavalcante. Às 20h30, será exibido Açúcar, de Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira, ao que se seguirá uma conversa com os realizadores.

No dia seguinte, 24 de Novembro, às 15h00 haverá a sessão Novas Lentes do Cinema em Moçambique, com curadoria de Ana Cristina Pereira, com os filmes Uma Memória em Três Atos, de Inadelso Cossa, e Entre Eu e Deus, de Yara Costa. Segue-se, pelas 18h00, a sessão No Dia do Primeiro Fogo: Experimentações e Cosmovisões, com curadoria de Raquel Schefer, que conta com os títulos Itan, de Clara Cosentino e Luara Learth, e A Idade da Pedra, de Ana Vaz. Às 20h00, Leonor Areal sugere O Cinema Utópico de Manuel Guimarães, com a exibição do documentário Nasci Com A Trovoada - Autobiografia Póstuma De Um Cineasta.

Mata

Videogames e Realidade Virtual é o tema do dia 25 de Novembro. Às 18h30, Filipe Luz conduz uma sessão que aborda a temática Ficção Explodida: Narrativas Especulativas, Design e Jogo, e às 20h30, Almir Almas, Deisy Fernanda Feitosa e Lyara Oliveira falam sobre Narrativas Imersivas: VR, XR e 360ºArte no Ecrã é o tema de 26 de Novembro no Festival Utopia, com curadoria do IndieLisboa, às 18h30. Serão exibidos os filmes 3 Anos Depois, de Marco Amaral, e Bostofrio, où le ciel rejoint la terre, de Paulo Carneiro. Já o Cinema Experimental estará em foco às 21h00, com Solon, de Clarissa Campolina, e Dois, de Rui Mourão.

O Cinema Político chega no dia 27 de Novembro, às 18h30, com Servidão e, às 20h00, Pureza, longas-metragens de Renato Barbieri. A fechar o festival, no Sábado, 28 de Novembro, o Cinema Português vai estar em debate às 16h00, com Luís Urbano e Gonçalo Galvão Teles. A partir das 21h00, terá lugar a exibição das oito curtas-metragens da competição para estudantes de países da CPLP, e posterior entrega do Prémio Noémia Delgado ao filme vencedor.

Os links de acesso às sessões serão disponibilizados no site (https://www.festival-utopia.org/programa) no dia do evento. Alguns filmes necessitam de registo antecipado.

sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Opinião: Minisséries - O Colapso / L’Effondrement (2019)

*7.5/10*

A minissérie francesa O Colapso (L’Effondrement) chegou hoje à plataforma de streaming Filmin. O grupo de realizadores, Les ParasitesJérémy Bernard, Guillaume Desjardins e Bastien Ughetto -, não anteciparam a pandemia, mas uma outra forma de caos, bem pior do que a que vivemos na realidade. O Colapso é um escape para quem gosta do género. São oito episódios de cerca de 20 minutos cada, filmados num único plano-sequência, mostrando o passar dos dias, em vários locais de França, desde o dia em que o sistema colapsou.

"O que aconteceria ao planeta e à nossa sociedade se o sistema entrasse em colapso amanhã? Quais os princípios que regeriam esta nova normalidade: a entreajuda, a igualdade ou a sobrevivência? Seria o fim da Humanidade ou talvez a única hipótese de reformar uma sociedade capitalista que aparenta ter os dias contados?"

Nesta minissérie, "acontecimentos dos quais desconhecemos as causas e origens, provocaram o colapso da sociedade francesa. Este é o gatilho que desencadeia um conjunto de histórias em diferentes localizações, nascidas de perspetivas díspares, tendo como fio condutor o desespero de quem tenta sobreviver a qualquer custo."

A tensão é crescente, e desde o primeiro episódio que sabemos que algo não está bem. Muitos dos receios que temos visto em filmes, séries ou livros de catástrofes vão surgindo, neste ou naquele momento. A sobrevivência a qualquer custo é mesmo o motor das acções das personagens, mas há excepções, onde o altruísmo é mais forte. E aí O Colapso consegue surpreender-nos.

O título de cada episódio localiza-o no espaço e no tempo: Le Supermarché (O Super-mercado)La Station-service (A Estação de Serviço)L'Aérodrome (O Aeródromo)Le Hameau (A Aldeia)La Centrale (A Central)La Maison de Retraite (A Residência)L'ïle (A Ilha)L'Émission (A Emissão).

A opção de filmar os episódios em plano-sequência é o que mais distingue O Colapso. A câmara coloca-nos no centro dos acontecimentos, faz-nos correr, esconder, subir e descer escadas, lutar, desesperar. Ao vivermos cada momento em "tempo real", cada episódio é sentido com uma intensidade acima da média, apelando a sentimentos e emoções distintos, entre a angústia, a adrenalina, a revolta e a esperança. Ao longo dos oito episódios, há personagens que reencontramos com o passar dos dias no seu trajecto em busca da sobrevivência - seja qual for a sua classe social ou profissão, todos estão na mesma luta contra o tempo.

O Colapso está nomeado para Melhor Telefilme/Minissérie nos Emmy International 2020, cuja cerimónia acontece no próximo dia 23 de Novembro.

Canais TVCine em sinal aberto de 20 a 22 de Novembro - 10 Filmes a não Perder

Para que fiquemos em casa com o melhor cinema, os Canais TVCine (TOP, EDITION, EMOTION e ACTION) estarão em sinal aberto este fim-de-semana, de 20 a 22 de Novembro. Deixamos-te alguns dos filmes que não deves perder.

Para Sama (For Sama), de Waad Al-Kateab e Edward Watts, 2019

"Uma carta de amor de uma jovem mãe para a sua filha. A história de vida de Waad al-Kateab durante 5 anos de revolta na Síria, enquanto ela se apaixona, casa e tem a filha Sama, tudo à medida que o conflito devastador cresce à sua volta."

Sex 20 Nov - 13h35 - TVCine Edition


Bombshell - O Escândalo, de Jay Roach, 2019

"Baseado na história verídica das mulheres que em 2016 acusaram de assédio sexual, o antigo director e fundador do canal norte-americano Fox News, Roger Ailes e do ambiente tóxico que se viveu na estação de TV depois disso."

Sex 20 Nov - 21h30 - TVCine Top

Sáb 21 Nov - 7h35 - TVCine Top


Amy, de Asif Kapadia, 2015

"A incrível história de Amy Winehouse, 6 vezes vencedora de Grammys, pelas suas próprias palavras. Apresentando inúmeras imagens de arquivo nunca antes vistas, bem como músicas inéditas, este é um filme surpreendentemente moderno, emocionante e vital."

Sex 20 Nov - 22h00 - TVCine Edition


Shining (The Shining), de Stanley Kubrick, 1980

"Uma obra-prima do terror, de Stanley Kubrick, com Jack Nicholson no papel de ´Jack´, destacado com a família para guardar um hotel isolado no Inverno. Jack nunca tinha ali estado ou será que tinha? Um turbilhão de loucura e morte trará a resposta."

Sáb 21 Nov - 0h40 - TVCine Action


100% Camurça (Deerskin), de Quentin Dupieux, 2019

"Georges, 44 anos, tem uma obsessão pelo criador do seu casaco, 100% camurça, que o leva a gastar todas as suas poupanças e começar uma vida de crime..."

Sáb 21 Nov - 14h55 - TVCine Edition


A Herdade, de Tiago Guedes, 2019

"A saga de uma família proprietária de um dos  maiores latifúndios da Europa, na margem sul do rio Tejo, convida-nos a mergulhar profundamente nos segredos da sua Herdade, fazendo o retrato da vida histórica, política, social e financeira de Portugal, dos anos 40, atravessando a revolução do 25 de Abril e até aos dias de hoje."

Sáb 21 Nov - 17h20 - TVCine Edition


Alita: Anjo De Combate (Alita: Battle Angel), de Robert Rodriguez, 2019

"Dos visionários James Cameron e Robert Rodriguez, chega-nos uma aventura épica. Quando Alita acorda, no futuro, sem memória, é levada por um médico bondoso que percebe que dentro desta ciborgue está a alma de uma mulher com um passado extraordinário."

Dom 22 Nov - 11h25 - TVCine Top


O Protegido (Unbreakable), de M. Night Shyamalan, 2000

"Após sobreviver ileso a um desastre de comboio, um homem é abordado por um estranho que o tenta convencer que ele é um super-heroi."

Sex 20 Nov - 20h40 - TVCine Action

Dom 22 Nov - 12h15 - TVCine Action


O Filme do Bruno Aleixo, de João Moreira e Pedro Santo, 2019

"Bruno Aleixo, a personagem cómica que parece uma mistura entre um cão e um ewok, tem 62 anos e é natural de Coimbra. Convidado para fazer um filme sobre a sua vida, e sem grandes laivos de inspiração, foi pedir ajuda aos seus amigos mais próximos..."

Dom 22 Nov - 15h20 - TVCine Emotion


Tristeza e Alegria na Vida das Girafas, de Tiago Guedes, 2019

"A história de uma menina de 10 anos - alta demais para a idade, a quem a mãe chamava ´girafa´ - que tem de apresentar um trabalho na aula e explicar o mundo aos seus colegas. Uma tarefa que irá levá-la a atravessar esse estranho mundo chamado Lisboa."

Dom 22 Nov - 15h05 - TVCine Edition