quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024
Estreias da Semana #603
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024
Os Melhores do Ano: Top 20 [10.º - 1.º] #2023
Em dia de aniversário do blog, e depois da primeira parte do Top 20 de 2023 do Hoje Vi(vi) um Filme, revelo agora os dez lugares cimeiros. Ficção, documentário e fantasmas do Passado são os principais ingredientes deste Top 10.
Eis os meus 10 favoritos de 2023 (estreados no circuito comercial de cinema e streaming, em Portugal).
10.º Os Espíritos de Inisherin / The Banshees of Inisherin (2022), Martin McDonagh
Partindo de uma zanga entre dois amigos, Martin McDonagh faz uma reflexão sobre a existência em Os Espíritos de Inisherin. Uma comédia dramática, com um leve toque de nonsense, muito mais profunda do que possa parecer.
9.º Viagem ao Sol / Journey to the Sun (2021), Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias
Viagem ao Sol, de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias, é o resultado de muitos anos de pesquisa e entrevistas, cuja montagem ditou o rumo a seguir: o olhar das crianças austríacas sobre a guerra e a experiência que milhares delas tiveram no Portugal solarengo dos anos 40. O documentário confronta a plateia com o impacto deste olhar, na formação da memória individual e colectiva. E mostra como a guerra impacta para sempre a vida das crianças que têm a infelicidade de a viver, algo válido na Segunda Guerra Mundial e em todas as guerras actuais, onde são elas as maiores vítimas.
8.º Retratos Fantasmas (2023), Kleber Mendonça Filho
Imaginação e realidade fundem-se como provocação de Kleber Mendonça Filho no seu mais recente documentário Retratos Fantasmas, uma viagem espácio-temporal ao centro da cidade do Recife, no Brasil, entre a vivacidade dos tempos áureos e a decadência a que as décadas a têm vetado. Em cada recanto, um espírito do passado, uma memória e, principalmente, a resistência. Tudo isto, contado através do(s) cinema(s).
7.º A Baleia / The Whale (2022), Darren Aronofsky
Darren Aronofsky está de regresso ao cinema opressivo e naturalista com que começou a construir a sua filmografia e personalidade enquanto cineasta. A Baleia mostra um homem a desistir de viver: uma interpretação de total entrega por um Brendan Fraser renascido, exímio ao mostrar a degradação física e psicológica da personagem, e que carrega o sofrimento e o peso das próteses e maquilhagem que usa ao longo do filme. A Baleia é uma obra de redenção do protagonista, mas igualmente do realizador que voltou às origens e aos grandes filmes.
6.º La Llorona (2019), Jayro Bustamante
Quando o cinema recorre à História de um país para aterrorizar a plateia, ressuscita fantasmas mal enterrados e estabelece a necessidade de confronto entre passado e presente, o resultado pode ser realmente especial. Em La Llorona, o realizador guatemalteco Jayro Bustamante reinventa a lenda do folclore hispânico com o mesmo nome, fazendo-a tomar o corpo dos indígenas que choram pelos seus mortos e desaparecidos durante a guerra civil na Guatemala.
5.º Pearl (2022), Ti West
Perturbador e genial como o seu antecessor (X, que fez parte desta mesma lista relativa às estreias de 2022 em Portugal), Pearl consegue ir ainda mais além, ao apresentar o retrato da perversa e insana protagonista que sonha ser actriz de cinema. Mais um slasher moderno, com o génio e eficácia da união de esforços de Ti West com a protagonista Mia Goth, aqui também co-responsável pelo argumento.
4.º May December: Segredos de Um Escândalo (2023), Todd Haynes
Todd Haynes tem uma sensibilidade pouco comum para filmar personagens femininas misteriosas, e May December: Segredos de Um Escândalo vem reforçar esta sua qualidade. Duas mulheres fortes e de personalidades dúbias encabeçam este thriller psicológico, num mergulho profundo em traumas nunca superados, e uma descoberta constante do âmago de cada um.
3.º Assassinos da Lua das Flores / Killers of the Flower Moon (2023), Martin Scorsese
Eis Scorsese puro e duro, a pisar território índio - com respeito e humildade -, mas sempre com uma máfia de homens brancos a explorar terrenos e narrativa. Assassinos da Lua das Flores é uma obra opressiva, que clama por justiça, fazendo ressurgir o realizador fiel às suas temáticas, mas aberto a novos horizontes narrativos.
2.º Nação Valente / Tommy Guns (2022), Carlos Conceição
Nação Valente, a segunda longa-metragem de Carlos Conceição, reaviva os fantasmas da guerra colonial em Angola, com o toque provocador e contemporâneo que caracteriza o realizador. As pistas vão sendo deixadas ao longo do filme, cuja narrativa esconde segredos acima e debaixo da terra. Os mortos estão prontos para lembrar os vivos das atrocidades que já esqueceram.
1.º Maestro (2023), Bradley Cooper
Maestro é um filme grandioso, a todos os níveis, revelando um Bradley Cooper maduro, que respira verdadeiramente cinema, dos dois lados da câmara. Um retrato comovente, empolgante e sem preconceitos de Leonard Bernstein e da sua companheira de vida, a actriz Felicia Montealegre Cohn Bernstein. Mais do que uma marcante experiência cinematográfica, Maestro é um retrato realista e comovente da relação entre dois artistas - tão diferentes, mas que se complementaram de forma tão humana.
O Hoje Vi(vi) um Filme faz 12 anos
O Hoje Vi(vi) um Filme completa hoje o seu 12.º aniversário! São 12 anos de muito amor ao cinema.
E muito depressa se passou mais um ano, de altos e baixos, mas o Hoje Vi(vi) um Filme não parou e continuou o seu percurso de escrita e divulgação de cinema (e televisão). Os desafios não param. E a cultura pode e deve ser sempre um veículo de união, esperança e luta.
Foi a 26 de Fevereiro de 2012 que tudo começou, num Domingo de Oscars.
Obrigada a todos os que nos vão acompanhando e ajudado a crescer. Continuaremos por aqui a viver o Cinema convosco.
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domingo, 25 de fevereiro de 2024
Os Melhores do Ano: Top 20 [20.º-11.º] #2023
2024 já vai bem lançado, e é mais que hora de fazer o balanço do ano cinematográfico que terminou. Gostava de ter visto mais filmes e, principalmente, que mais títulos me enchessem as medidas. Ainda assim, aqui está o Top 20 de 2023, com filmes bastante equilibrados, de diversos géneros cinematográficos, digitais e analógicos (e com um Top 10 muito renhido).
Eis o Top 20 de 2023 do Hoje Vi(vi) um Filme, sempre tendo em conta as estreias no circuito comercial de cinema em Portugal ao longo do ano e nas plataformas de streaming. Aqui ficam os meus eleitos, do 20.º ao 11.º lugares.
20.º Oppenheimer (2023), Christopher Nolan
Não há dúvida que Christopher Nolan ama a Sétima Arte e tudo tem feito para proporcionar a melhor experiência possível em sala de cinema, desta vez, ao filmar com câmaras IMAX 65mm e grande formato 65mm e inclui, pela primeira vez, secções rodadas em película de 65mm IMAX a preto e branco, criada propositadamente para este filme. Ao mesmo tempo, os efeitos visuais - incluindo as explosões - são criados recorrendo apenas a efeitos práticos. Oppenheimer começa bem, perde-se ligeiramente pelo meio, até que resplandece quando surge a criação do cientista, e tudo o que daí advém.
19.º Légua (2023), Filipa Reis e João Miller Guerra
Légua, de Filipa Reis e João Miller Guerra, é uma obra sobre a passagem do tempo, no corpo e no espaço. É a Natureza (também a Humana) no seu estado cinematográfico mais puro. Há uma luz que paira sobre cada passo de Ana. Em comunhão com a Natureza e com os animais, ela transmite paz e tranquilidade, apesar das circunstâncias. Ao filmarem em película, Filipa Reis e João Miller Guerra captam esta dimensão quase metafísica de plenitude e nostalgia, uma dualidade aparentemente impossível que rodeia Légua em cada plano. Eis a magia e a elegia da passagem do tempo.
O incansável Tom Cruise - verdadeiro defensor do projecto e do Cinema enquanto experiência em sala - dá, como sempre, tudo de si, quer em frente da câmara, quer no trabalho de bastidores. A trabalhar com Christopher McQuarrie desde Nação Secreta (2015), a dupla tem dotado os filmes de uma forte personalidade e unidade, tornando a saga mais sólida e coerente. Numa verdadeira roda viva de emoções, sequências de acção de tirar o fôlego e as já habituais cenas que desafiam a física ou a lógica, eis que surge a primeira parte de Missão: Impossível – Ajuste de Contas.
17.º Nayola (2022), José Miguel Ribeiro
Nayola percorre três gerações de uma família marcada pelas guerras em Angola. A primeira incursão de José Miguel Ribeiro nas longas-metragens equivale à estreia comercial da primeira longa portuguesa de animação. Com argumento de Virgilio Almeida, a partir da obra de José Eduardo Agualusa e Mia Couto, Nayola é uma história de amor e liberdade, que mostra a crueldade da guerra, e a luta feminina pela sobrevivência, cada uma à sua maneira, na sua época, através de memórias e da sensibilidade mágica do realizador.
16.º Saint Omer (2022), Alice Diop
Em Saint Omer, Alice Diop recria um julgamento e filma os contraditórios sentimentos de compaixão, dúvida e humanidade, perante alguém que cometeu um crime hediondo. A realizadora cria um filme sobre relações, com grande foco na maternidade - Rama está grávida, Coly não soube lidar com o nascimento de uma criança - e na relação entre mães e filhas. Ao mesmo tempo, toca nos problemas da imigração para quem chega a França - as duas mulheres em foco são imigrantes senegalesas -, a integração, o sentimento de pertença e as relações que se estabelecem (ou não) no novo país ou que se mantêm com a cultura do país de origem.
15.º Aftersun (2022), Charlotte Wells
Aftersun, longa-metragem de estreia de Charlotte Wells, é o diário, melancólico e sensível, da relação entre pai e filha durante umas férias. O filme consegue vaguear entre a visão ingénua da criança e a profunda maturidade do que fica por dizer.
14.º A Voz das Mulheres / Women Talking (2022), Sarah Polley
Em A Voz das Mulheres, Sarah Polley criou um filme sobre o empoderamento feminino contra uma comunidade violenta e patriarcal. É inevitável vê-lo sem lembrar 12 Homens em Fúria, de Sidney Lumet. Só que, neste caso, a decisão de uma vida está nas mãos das Mulheres, as vítimas, reunidas num palheiro. De tranças entrelaçadas ou de mãos dadas, partilham-se dilemas e o medo do desconhecido, mas todas sabem que urge tomar uma decisão. A Voz das Mulheres é todo sobre o futuro e uma intensa lição de união.
13.º Saltburn (2023), Emerald Fennell
Saltburn é um labirinto de perversidade e ambição que resulta numa experiência cinematográfica essencialmente sensorial. O filme é um prodígio visual, seja pelos planos impactantes, como pelo trabalho da direcção de fotografia, potenciado pelo uso da película, captando cores quase irreais e um trabalho de luz e sombras que torna a acção ainda mais tenebrosa e inebriante. Emerald Fennell continua o seu percurso como realizadora com garra, sem medos nem tabus: o futuro só pode ser radioso - e agitado.
12.º Mal Viver (2023) / Viver Mal (2023), João Canijo
Há mulheres que não nasceram para ser mães: ou porque não tiveram o melhor exemplo, ou porque nunca encontraram o instinto maternal, ou porque são egoístas o suficiente para se amarem incansavelmente sem sobrar um pouco de amor para os filhos. Mal Viver e Viver Mal são o retrato destas mães e das suas filhas sem amor, e daqueles que as rodeiam e são, de uma forma ou de outra, contagiados pelo desamor e pela angústia.
Todd Field constrói um filme opressivo, com uma forte tensão a pairar, seja pelo ritmo frenético da vida de Lydia Tár, pelos boatos que a assombram, pelos fantasmas mais ou menos reais que lhe passeiam pela casa, ou pelas pontas soltas que a maestrina tem deixado ficar no seu passado.
*Mesmo às portas mas sem entrar neste Top 20 de 2023, destaque para os portugueses O Misterioso Caso de Lázaro Lafourcade, de Tiago Durão, Cidade Rabat, de Susana Nobre e Índia, de Telmo Churro.
Sugestão da Semana #602
sábado, 24 de fevereiro de 2024
Prémios César 2024: Vencedores
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024
Estreias da Semana #602
terça-feira, 20 de fevereiro de 2024
Crítica: Anatomia de uma Queda / Anatomie d'une chute (2023)
- "I did not kill him."
Sandra Voyter
-"That's not the point."
Vincent Renzi
*7/10*
Uma morte inesperada em plenos Alpes serve de mote para a construção do enredo de Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, um filme de tribunal onde as dúvidas imperam no julgamento, mas igualmente no centro da família protagonista.
"Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, o seu marido francês Samuel (Samuel Theis) e o filho Daniel (Milo Machado Graner), de onze anos, vivem um ano de forma isolada numa cidade remota dos Alpes franceses. Quando Samuel é encontrado morto na neve, caído do chalé, a polícia questiona se terá cometido suicídio ou se foi assassinado. Perante a tese de homicídio, Sandra torna-se a principal suspeita. Pouco a pouco, o julgamento irá revelar-se não apenas uma investigação das circunstâncias da morte de Samuel, mas uma inquietante viagem psicológica às profundezas da relação conflituosa do casal."
Uma morte sem testemunhas será sempre um caso de difícil julgamento e, em Anatomia de uma Queda, o que interessa às personagens, realizadora e plateia é chegar à verdade. Justine Triet é capaz de construir um filme de tribunal com uma tensão crescente, quase sem recorrer a flashbacks - apenas uma memória e uma gravação, apresentadas no julgamento, revelam como era a convivência e os sentimentos do casal. Ressentimentos de um casamento que não ia bem, com ciúmes de parte a parte, seja emocional como intelectualmente, complicam o lado de Sandra, a principal suspeita. Ela, uma escritora de sucesso, e o marido, um escritor frustrado, ambos magoados pelo acidente do filho Daniel, invisual e personagem central na acção.
Daniel - uma excelente interpretação do jovem Milo Machado Graner -, a principal testemunha do caso, tem uma importância muito simbólica em Anatomia de uma Queda. Ele não vê, mas tem os outros sentidos muito apurados, em especial, a audição, o olfacto e o tacto. As semelhanças entre ele e a figura da Justiça são evidentes. E, neste caso, tem sempre ao seu lado o fiel cão da família, Snoop, primeira personagem a aparecer em cena no filme, e também fundamental para apurar a verdade - neste caso, o animal é os olhos de Daniel, mas não pode falar. Os dois complementam-se.
Sandra Hüller é exímia na interpretação da protagonista, Sandra. As suas expressões e atitudes, em momento algum, deixam claro se é culpada ou inocente. Desde a dificuldade em expressar-se, por não falar francês fluentemente e ter de se defender em tribunal em duas línguas que não a sua língua materna - o alemão -, à pressão do lado da acusação, juntando-se ainda o forçado afastamento emocional do filho, em quem também paira alguma desconfiança sobre a mãe, Sandra não tem descanso e enfrenta tudo sozinha.
Com pormenores que ambientam algum suspense na acção, Anatomia de uma Queda é um drama de tribunal acima da média. Justine Triet filma com a imparcialidade da justiça e sabe cativar a plateia com a tensão em crescendo.
segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024
BAFTA 2024: Vencedores
Melhor Realizador
Melhor Argumento Original
domingo, 18 de fevereiro de 2024
Sugestão da Semana #601
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024
Crítica: May December: Segredos de Um Escândalo (2023)
"Insecure people are very dangerous, aren't they? I'm secure. Make sure you put that in there."
Gracie
*8/10*
Todd Haynes tem uma sensibilidade pouco comum para filmar personagens femininas misteriosas, e May December: Segredos de Um Escândalo vem reforçar esta sua qualidade. Duas mulheres fortes e de personalidades dúbias encabeçam este thriller psicológico.
"Apesar de a sua relação ter começado como um caso amoroso chocante, Gracie (Julianne Moore), então com 36 anos, e Joe (Charles Melton) com 13, levam agora, 20 anos depois, uma vida suburbana aparentemente perfeita. A sua felicidade doméstica é perturbada quando Elizabeth (Natalie Portman), uma actriz famosa, chega à coesa comunidade onde vivem para fazer a pesquisa para o seu próximo papel como Gracie. À medida que Elizabeth se insinua na vida quotidiana de Gracie e Joe, os factos incómodos sobre o escândalo vão-se revelando, fazendo ressurgir emoções há muito adormecidas."
O realizador constrói um labirinto de enigmas psicológicos e sociais, para que a actriz seja capaz de interiorizar as motivações de uma mulher real que vai interpretar no cinema. Há um ambiente desconfortável de dúvida, e a desconfiança paira, quer para Elizabeth como para todos os elementos da família. Se ela surge como uma intrusa naquela casa, que vem reavivar segredos do passado, as relações familiares de Gracie, Joe e os filhos de ambos fazem-na também questionar-se a si mesma e sobre qual o verdadeiro papel que tem nestas vidas que acompanha.
Visualmente, os tons claros e suaves do filme parecem colaborar com a falsa impressão de tranquilidade em volta da família de Gracie. Há uma sensação de encenação e manipulação constante da parte de Gracie sob os que a rodeiam - até a filha mais nova se sente desconfortável ou condicionada perante as opiniões da mãe. Elizabeth está atenta a tudo (incluindo os maneirismos de Gracie), conversa com muitos dos que acompanharam de perto o mediático caso de Gracie e Joe, todos opinam mas há muito que não faz sentido para a actriz.
Já para Gracie tudo parece estar sob controlo - à frente de Elizabeth - e totalmente descontrolado se algo sai fora dos seus planos.
Natalie Portman e Julianne Moore encarnam as duas protagonistas intimidantes (intimidam-se mutuamente, bem como a quem as rodeia e até mesmo à plateia) e que Todd Haynes tão bem dirige. O realizador consegue captar uma química incómoda entre as duas personagens, que varia entre a admiração, a inveja e o receio mútuos. Moore veste a pele de uma mulher desequilibrada; Portman de uma mulher de sucesso com poucos escrúpulos.
Por outro lado, a fraqueza e imaturidade revelam-se na personalidade de Joe - numa espantosa interpretação de Charles Melton -, por vezes, em atitudes ingénuas que até surpreendem o filho. E uma secreta vontade de novas experiências que lhe foram "roubadas" na adolescência. A personagem de Joe vive em constante conflito interno (tentando mediar os seus sentimentos e a instabilidade da mulher), onde os traumas do passado revelam-se em momentos-chave de May December, e o fazem repensar toda a vida.
Afinal, onde está a mentira, a verdade ou a pura manipulação de emoções e de factos? May December: Segredos de um Escândalo é um mergulho profundo em traumas nunca superados, e uma descoberta constante do âmago de cada um.
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