quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Estreias da Semana #603

Esta Quinta-feira, chegam às salas de cinema portuguesas sete novos filmes. Duna: Parte Dois, Eu CapitãoO Vento Assobiando nas Gruas são algumas das estreias em destaque.

A Irmandade da Sauna (2023)
Savvusanna sõsarad / Smoke Sauna Sisterhood
Na penumbra do fumo de uma sauna, as mulheres partilham segredos íntimos e experiências profundas, enquanto lavam a vergonha entranhada nos corpos e recuperam a energia através de um espírito de comunhão.

Duna: Parte Dois (2024)
Dune: Part Two
Duna: Parte Dois continua a explorar a viagem de Paul Atreides que agora se une a Chani e aos Fremen para vingar a conspiração que destruiu a sua família. Ao enfrentar uma escolha entre o amor e o destino do universo, lutará para evitar o futuro terrível que só ele pode prever.

Eu Capitão (2023)
Io Capitano
Seydou e Moussa partem de Dakar para chegar à Europa. Uma odisseia contemporânea que atravessa as armadilhas do deserto, os horrores dos centros de detenção na Líbia e os perigos do mar.

Milagre (2021)
Miracol
Dividido em dois capítulos, Miracol segue Cristina, uma freira de 19 anos, que sai do seu mosteiro isolado para tratar de um assunto urgente. No decurso de uma misteriosa viagem, Cristina atravessa a cidade, aparentemente incapaz de resolver o seu problema e de encontrar o homem que procura. Sem alternativa, regressa ao fim da tarde, mas um destino inesperado espera-a no trajecto de volta ao convento. A segunda parte do filme centra-se em Marius Preda, um resoluto inspector da polícia na casa dos 40 anos, que tenta compreender o que aconteceu à jovem. Marius reconstitui, passo a passo, o percurso de Cristina, regressando aos locais onde ela esteve. A sua investigação descobre pistas e explicações que conduzem não só à verdade intrigante por detrás das acções de Cristina, mas também a algo que talvez seja um verdadeiro milagre.

O Livro das Soluções (2023)
Le Livre des solutions
Marc foge com a equipa para uma pequena aldeia nas Cévennes onde tenciona concluir o seu filme na casa da tia Denise. Uma vez lá, a sua criatividade manifesta-se num milhão de ideias que o mergulham no caos. É então que Marc se lança a escrever O Livro das Soluções, um guia de conselhos práticos que poderá ser a resposta a todos os seus problemas.

O Meu Amigo É Ninja 2 (2021)
Ternet Ninja 2
Filipe Silva Paes consegue escapar a uma prisão na Tailândia. O Ninja ganha vida e procura Alex que conseguiu convencer a família a ir de férias para a Tailândia. Com Alex e a sua família, o Ninja entra numa corrida contra o tempo para capturar Silva Paes.

O Vento Assobiando nas Gruas (2024)
Dona Regina é encontrada morta junto da sua velha fábrica com o corpo coberto de formigas. A neta Milene quer perceber por quê. Consciente de que os tios, no estrangeiro de férias, vão fazer perguntas, Milene investiga. Os Mata, que agora habitam a fábrica, descobrem a estranha rapariga escondida entre as roupas do estendal. Acabam por acolhê-la com cautela, carinho e música. Milene apaixona-se, mas a sua família regressa obcecada com a reputação e a venda de património e rapidamente mostra que nunca estará pronta para aceitar a independência radiante de Milene.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Os Melhores do Ano: Top 20 [10.º - 1.º] #2023

Em dia de aniversário do  blog, e depois da primeira parte do Top 20 de 2023 do Hoje Vi(vi) um Filme, revelo agora os dez lugares cimeiros. Ficção, documentário e fantasmas do Passado são os principais ingredientes deste Top 10.

Eis os meus 10 favoritos de 2023 (estreados no circuito comercial de cinema e streaming, em Portugal). 


10.º Os Espíritos de Inisherin / The Banshees of Inisherin (2022), Martin McDonagh

Partindo de uma zanga entre dois amigos, Martin McDonagh faz uma reflexão sobre a existência em Os Espíritos de Inisherin. Uma comédia dramática, com um leve toque de nonsense, muito mais profunda do que possa parecer. 


9.º Viagem ao Sol / Journey to the Sun (2021), Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias

Viagem ao Sol, de Ansgar Schaefer e Susana de Sousa Dias, é o resultado de muitos anos de pesquisa e entrevistas, cuja montagem ditou o rumo a seguir: o olhar das crianças austríacas sobre a guerra e a experiência que milhares delas tiveram no Portugal solarengo dos anos 40. O documentário confronta a plateia com o impacto deste olhar, na formação da memória individual e colectiva. E mostra como a guerra impacta para sempre a vida das crianças que têm a infelicidade de a viver, algo válido na Segunda Guerra Mundial e em todas as guerras actuais, onde são elas as maiores vítimas. 


8.º Retratos Fantasmas (2023), Kleber Mendonça Filho

Imaginação e realidade fundem-se como provocação de Kleber Mendonça Filho no seu mais recente documentário Retratos Fantasmas, uma viagem espácio-temporal ao centro da cidade do Recife, no Brasil, entre a vivacidade dos tempos áureos e a decadência a que as décadas a têm vetado. Em cada recanto, um espírito do passado, uma memória e, principalmente, a resistência. Tudo isto, contado através do(s) cinema(s).


7.º A Baleia / The Whale (2022), Darren Aronofsky

Darren Aronofsky está de regresso ao cinema opressivo e naturalista com que começou a construir a sua filmografia e personalidade enquanto cineasta. A Baleia mostra um homem a desistir de viver: uma interpretação de total entrega por um Brendan Fraser renascido, exímio ao mostrar a degradação física e psicológica da personagem, e que carrega o sofrimento e o peso das próteses e maquilhagem que usa ao longo do filme. A Baleia é uma obra de redenção do protagonista, mas igualmente do realizador que voltou às origens e aos grandes filmes. 


6.º La Llorona (2019), Jayro Bustamante

Quando o cinema recorre à História de um país para aterrorizar a plateia, ressuscita fantasmas mal enterrados e estabelece a necessidade de confronto entre passado e presente, o resultado pode ser realmente especial. Em La Llorona, o realizador guatemalteco Jayro Bustamante reinventa a lenda  do folclore hispânico com o mesmo nome, fazendo-a tomar o corpo dos indígenas que choram pelos seus mortos e desaparecidos durante a guerra civil na Guatemala.


5.º Pearl (2022), Ti West

Perturbador e genial como o seu antecessor (X, que fez parte desta mesma lista relativa às estreias de 2022 em Portugal), Pearl consegue ir ainda mais além, ao apresentar o retrato da perversa e insana protagonista que sonha ser actriz de cinema. Mais um slasher moderno, com o génio e eficácia da união de esforços de Ti West com a protagonista Mia Goth, aqui também co-responsável pelo argumento.


4.º May December: Segredos de Um Escândalo (2023), Todd Haynes

Todd Haynes tem uma sensibilidade pouco comum para filmar personagens femininas misteriosas, e May December: Segredos de Um Escândalo vem reforçar esta sua qualidade. Duas mulheres fortes e de personalidades dúbias encabeçam este thriller psicológico, num mergulho profundo em traumas nunca superados, e uma descoberta constante do âmago de cada um.


3.º Assassinos da Lua das Flores / Killers of the Flower Moon (2023), Martin Scorsese

Eis Scorsese puro e duro, a pisar território índio - com respeito e humildade -, mas sempre com uma máfia de homens brancos a explorar terrenos e narrativa. Assassinos da Lua das Flores é uma obra opressiva, que clama por justiça, fazendo ressurgir o realizador fiel às suas temáticas, mas aberto a novos horizontes narrativos. 


2.º Nação Valente / Tommy Guns (2022), Carlos Conceição

Nação Valente, a segunda longa-metragem de Carlos Conceição, reaviva os fantasmas da guerra colonial em Angola, com o toque provocador e contemporâneo que caracteriza o realizador. As pistas vão sendo deixadas ao longo do filme, cuja narrativa esconde segredos acima e debaixo da terra. Os mortos estão prontos para lembrar os vivos das atrocidades que já esqueceram.


1.º Maestro (2023), Bradley Cooper

Maestro é um filme grandioso, a todos os níveis, revelando um Bradley Cooper maduro, que respira verdadeiramente cinema, dos dois lados da câmara. Um retrato comovente, empolgante e sem preconceitos de Leonard Bernstein e da sua companheira de vida, a actriz Felicia Montealegre Cohn Bernstein. Mais do que uma marcante experiência cinematográfica, Maestro é um retrato realista e comovente da relação entre dois artistas - tão diferentes, mas que se complementaram de forma tão humana. 

O Hoje Vi(vi) um Filme faz 12 anos

O Hoje Vi(vi) um Filme completa hoje o seu 12.º aniversário! São 12 anos de muito amor ao cinema. 

E muito depressa se passou mais um ano, de altos e baixos, mas o Hoje Vi(vi) um Filme não parou e continuou o seu percurso de escrita e divulgação de cinema (e televisão). Os desafios não param. E a cultura pode e deve ser sempre um veículo de união, esperança e luta.

Foi a 26 de Fevereiro de 2012 que tudo começou, num Domingo de Oscars.

Obrigada a todos os que nos vão acompanhando e ajudado a crescer. Continuaremos por aqui a viver o Cinema convosco.

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domingo, 25 de fevereiro de 2024

Os Melhores do Ano: Top 20 [20.º-11.º] #2023

2024 já vai bem lançado, e é mais que hora de fazer o balanço do ano cinematográfico que terminou. Gostava de ter visto mais filmes e, principalmente, que mais títulos me enchessem as medidas. Ainda assim, aqui está o Top 20 de 2023, com filmes bastante equilibrados, de diversos géneros cinematográficos, digitais e analógicos (e com um Top 10 muito renhido).

Eis o Top 20 de 2023 do Hoje Vi(vi) um Filme, sempre tendo em conta as estreias no circuito comercial de cinema em Portugal ao longo do ano e nas plataformas de streaming. Aqui ficam os meus eleitos, do 20.º ao 11.º lugares.

20.º Oppenheimer (2023), Christopher Nolan

Não há dúvida que Christopher Nolan ama a Sétima Arte e tudo tem feito para proporcionar a melhor experiência possível em sala de cinema, desta vez, ao filmar com câmaras IMAX 65mm e grande formato 65mm e inclui, pela primeira vez, secções rodadas em película de 65mm IMAX a preto e branco, criada propositadamente para este filme. Ao mesmo tempo, os efeitos visuais - incluindo as explosões - são criados recorrendo apenas a efeitos práticos. Oppenheimer começa bem, perde-se ligeiramente pelo meio, até que resplandece quando surge a criação do cientista, e tudo o que daí advém. 


19.º Légua (2023), Filipa Reis e João Miller Guerra

Légua, de Filipa Reis e João Miller Guerra, é uma obra sobre a passagem do tempo, no corpo e no espaço. É a Natureza (também a Humana) no seu estado cinematográfico mais puro. Há uma luz que paira sobre cada passo de Ana. Em comunhão com a Natureza e com os animais, ela transmite paz e tranquilidade, apesar das circunstâncias. Ao filmarem em película, Filipa Reis e João Miller Guerra captam esta dimensão quase metafísica de plenitude e nostalgia, uma dualidade aparentemente impossível que rodeia Légua em cada plano. Eis a magia e a elegia da passagem do tempo.


18.º Missão: Impossível – Ajuste de Contas Parte Um / Mission: Impossible - Dead Reckoning Part One (2023), Christopher McQuarrie

O incansável Tom Cruise - verdadeiro defensor do projecto e do Cinema enquanto experiência em sala - dá, como sempre, tudo de si, quer em frente da câmara, quer no trabalho de bastidores. A trabalhar com Christopher McQuarrie desde Nação Secreta (2015), a dupla tem dotado os filmes de uma forte personalidade e unidade, tornando a saga mais sólida e coerente. Numa verdadeira roda viva de emoções, sequências de acção de tirar o fôlego e as já habituais cenas que desafiam a física ou a lógica, eis que surge a primeira parte de Missão: Impossível – Ajuste de Contas.


17.º Nayola (2022), José Miguel Ribeiro

Nayola percorre três gerações de uma família marcada pelas guerras em Angola. A primeira incursão de José Miguel Ribeiro nas longas-metragens equivale à estreia comercial da primeira longa portuguesa de animação. Com argumento de Virgilio Almeida, a partir da obra de José Eduardo Agualusa e Mia Couto, Nayola é uma história de amor e liberdade, que mostra a crueldade da guerra, e a luta feminina pela sobrevivência, cada uma à sua maneira, na sua época, através de memórias e da sensibilidade mágica do realizador.


16.º Saint Omer (2022), Alice Diop

Em Saint Omer, Alice Diop recria um julgamento e filma os contraditórios sentimentos de compaixão, dúvida e humanidade, perante alguém que cometeu um crime hediondo. A realizadora cria um filme sobre relações, com grande foco na maternidade - Rama está grávida, Coly não soube lidar com o nascimento de uma criança - e na relação entre mães e filhas. Ao mesmo tempo, toca nos problemas da imigração para quem chega a França - as duas mulheres em foco são imigrantes senegalesas -, a integração, o sentimento de pertença e as relações que se estabelecem (ou não) no novo país ou que se mantêm com a cultura do país de origem. 


15.º Aftersun (2022), Charlotte Wells

Aftersun, longa-metragem de estreia de Charlotte Wells, é o diário, melancólico e sensível, da relação entre pai e filha durante umas férias. O filme consegue vaguear entre a visão ingénua da criança e a profunda maturidade do que fica por dizer.


14.º A Voz das Mulheres / Women Talking (2022), Sarah Polley

Em A Voz das Mulheres, Sarah Polley criou um filme sobre o empoderamento feminino contra uma comunidade violenta e patriarcal. É inevitável vê-lo sem lembrar 12 Homens em Fúria, de Sidney Lumet. Só que, neste caso, a decisão de uma vida está nas mãos das Mulheres, as vítimas, reunidas num palheiro. De tranças entrelaçadas ou de mãos dadas, partilham-se dilemas e o medo do desconhecido, mas todas sabem que urge tomar uma decisão. A Voz das Mulheres é todo sobre o futuro e uma intensa lição de união.


13.º Saltburn (2023), Emerald Fennell

Saltburn é um labirinto de perversidade e ambição que resulta numa experiência cinematográfica essencialmente sensorial. O filme é um prodígio visual, seja pelos planos impactantes, como pelo trabalho da direcção de fotografia, potenciado pelo uso da película, captando cores quase irreais e um trabalho de luz e sombras que torna a acção ainda mais tenebrosa e inebriante. Emerald Fennell continua o seu percurso como realizadora com garra, sem medos nem tabus: o futuro só pode ser radioso - e agitado.


12.º Mal Viver (2023) / Viver Mal (2023), João Canijo

Há mulheres que não nasceram para ser mães: ou porque não tiveram o melhor exemplo, ou porque nunca encontraram o instinto maternal, ou porque são egoístas o suficiente para se amarem incansavelmente sem sobrar um pouco de amor para os filhos. Mal Viver e Viver Mal são o retrato destas mães e das suas filhas sem amor, e daqueles que as rodeiam e são, de uma forma ou de outra, contagiados pelo desamor e pela angústia.


11.º Tár (2022), Todd Field

Todd Field constrói um filme opressivo, com uma forte tensão a pairar, seja pelo ritmo frenético da vida de Lydia Tár, pelos boatos que a assombram, pelos fantasmas mais ou menos reais que lhe passeiam pela casa, ou pelas pontas soltas que a maestrina tem deixado ficar no seu passado.


*Mesmo às portas mas sem entrar neste Top 20 de 2023, destaque para os portugueses O Misterioso Caso de Lázaro Lafourcade, de Tiago DurãoCidade Rabat, de Susana NobreÍndia, de Telmo Churro.

Sugestão da Semana #602

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca o filme alemão A Sala de Professores, de İlker Çatak.

A SALA DE PROFESSORES


Ficha Técnica:
Título Original: Das Lehrerzimmer
Realizador: İlker Çatak
Elenco: Leonie Benesch, Leonard Stettnisch, Eva Löbau, Michael Klammer, Anne-Kathrin Gummich, Kathrin Wehlisch
Género: Drama
Classificação: M/12
Duração: 98 minutos

sábado, 24 de fevereiro de 2024

Prémios César 2024: Vencedores

Os vencedores da 49.ª edição dos César, os prémios do cinema francês, foram revelados esta Sexta-feira, 23 de Fevereiro, no Olympia, em Paris.


Anatomia de Uma Queda, de Justine Triet, e Reino Animal, de Thomas Cailley, foram os filmes mais premiados da noite.

Eis a lista completa de vencedores:

MELHOR FILME
Reino Animal, de Thomas Cailley
O Processo Goldman, de Cédric Kahn
Chien de la casse, de Jean-Baptiste Durand
Je verrai toujours vos visages, de Jeanne Herry

MELHOR PRIMEIRO FILME
Bernadette - A Mulher do Presidente
Chien de la casse
Le Ravissement
Vermines
Vincent doit mourir

MELHOR REALIZAÇÃO
Justine Triet, Anatomia de Uma Queda
Catherine Breillat, No Verão Passado
Jeanne Herry, Je verrai toujours vos visages
Cédric Kahn, O Processo Goldman
Thomas Cailley, Reino Animal

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Anatomia de Uma Queda
Chien de la casse
Je verrai toujours vos visages
O Processo Goldman
Reino Animal

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
Só Nós Dois
O Consentimento
No Verão Passado

MELHOR ACTRIZ
Marion Cotillard, Little Girl Blue
Léa Drucker, No Verão Passado
Virginie Efira, Só Nós Dois
Hafsia Herzi, Le Ravissement
Sandra Hüller, Anatomia de Uma Queda

MELHOR ACTOR
Romain Duris, Reino Animal
Benjamin Lavernhe, Abbé Pierre, Uma Vida de Causas
Melvil Poupaud, Só Nós Dois
Raphaël Quenard, Yannick
Arieh Worthalter, O Processo Goldman

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Leïla Bekhti, Je verrai toujours vos visages
Galatea Bellugi, Chien de la casse
Élodie Bouchez, Je verrai toujours vos visages
Adèle Exarchopoulos, Je verrai toujours vos visages
Miou Miou, Je verrai toujours vos visages

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Swann Arlaud, Anatomia de Uma Queda
Anthony Bajon, Chien de la casse
Arthur Harari, O Processo Goldman
Pio Marmaï, Yannick
Antoine Reinartz, Anatomia de Uma Queda

MELHOR ACTRIZ REVELAÇÃO
Céleste Brunnquell, La Fille de son père
Kim Higelin, Le Consentement
Suzanne Jouannet, La Voie Royale
Rebecca Marder, De Grandes Espérances
Ella Rumpf, Le Théorème de Marguerite

MELHOR ACTOR REVELAÇÃO
Julien Frison, Le Théorème de Marguerite
Paul Kircher, Reino Animal
Samuel Kircher, No Verão Passado
Milo Machado-Graner, Anatomia de Uma Queda
Raphaël Quenard, Chien de la casse

MELHOR DOCUMENTÁRIO
Atlantic Bar
Les Filles d'Olfa
Little Girl Blue
Notre Corps
Sur l'Adamant

MELHOR FILME ESTRANGEIRO
O Rapto, de Marco Bellocchio
As Folhas Caídas, de Aki Kaurismäki
Oppenheimer, de Christopher Nolan
Dias Perfeitos, de Wim Wenders
Simple comme Sylvain, de Monia Chokri

MELHOR FOTOGRAFIA
Anatomia de Uma Queda
O Sabor da Vida
O Processo Goldman
Reino Animal
Os Três Mosqueteiros

MELHOR MONTAGEM
Anatomia de Uma Queda
Je verrai toujours vos visages
Little Girl Blue
O Processo Goldman
Reino Animal

MELHOR CENOGRAFIA
Anatomia de Uma Queda
Jeanne du Barry
O Sabor da Vida
Reino Animal
Os Três Mosqueteiros

MELHOR BANDA SONORA ORIGINAL
Só Nós Dois
Chien de la casse
Disco Boy
Reino Animal
Os Três Mosqueteiros

MELHORES EFEITOS VISUAIS
Acide
La Montagne
Reino Animal
Os Três Mosqueteiros
Vermines

MELHOR SOM
Anatomia de Uma Queda
Je verrai toujours vos visages
O Processo Goldman
Reino Animal
Os Três Mosqueteiros

MELHOR GUARDA-ROUPA
Jeanne du Barry
Mon Crime
O Sabor da Vida
Reino Animal
Os Três Mosqueteiros

MELHOR CURTA-METRAGEM
L'Attente
Boléro
Rapide
Les Silencieux

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Interdit aux chiens et aux Italiens
Linda veut du poulet !
Mars Express

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
Drôles d'oiseaux
Été 96
La Forêt de Mademoiselle Tang

MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTAL
L'acteur, ou la surprenante vertu de l'incompréhension
L'Effet de mes rides
La Mécanique des Fluides

CÉSAR HONORÁRIO
Agnès Jaoui
Christopher Nolan

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Estreias da Semana #602

Esta Quinta-feira, chegam aos cinemas portugueses sete novos filmes. A Sala de Professores, Iron Claw e Quatro Filhas são algumas das estreias em destaque.

A Sala de Professores (2023)
Das Lehrerzimmer
Carla Nowak, uma dedicada professora, inicia o seu primeiro emprego numa escola secundária. Destaca-se dos outros docentes graças ao seu idealismo. Quando se dão uma série de roubos na escola e se suspeita de um dos seus alunos, ela decide investigar. Tenta mediar entre pais indignados, colegas obstinados e alunos agressivos, mas vê-se implacavelmente confrontada com a estrutura do sistema escolar. E quanto mais tenta agir de forma correcta, mais se aproxima do seu limite.

Demon Slayer: Kimetsu No Yaiba - To the Hashira Training (2024)
Filme que junta dois episódios da série de anime Demon Slayer: Kimetsu No Yaiba - o 11.º episódio do arco narrativo da Vila dos Ferreiros e o primeiro episódio do arco narrativo Hashira Training.

Iron Claw (2023)
The Iron Claw
A história da ascensão e queda da família Von Erich, uma dinastia de lutadores que teve um enorme impacto no desporto desde os anos 60 até aos dias de hoje.

Piccolo corpo (2021)
Itália, 1900. O bebé de Agata nasce morto. Agata ouve falar de um santuário místico nas montanhas, onde as crianças podem ser trazidas de volta à vida por um instante, para serem baptizadas. Durante a viagem, com o pequeno corpo da filha escondido numa caixa, encontra alguém que se oferece para a ajudar.

Quatro Filhas (2023)
Les Filles d'Olfa
A vida de Olfa, uma tunisina mãe de quatro filhas, oscila entre a luz e a sombra. Um dia, as duas filhas mais velhas desaparecem. Para compensar a sua ausência, a realizadora Kaouther Ben Hania recorre a actrizes profissionais e cria um dispositivo cinematográfico invulgar para levantar o véu sobre a história de Olfa e das suas filhas. Uma viagem íntima de esperança, rebelião, violência, ligação e solidariedade que irá questionar os fundamentos das nossas sociedades

Soares é Fixe (2024)
16 de Fevereiro de 1986. Um país dividido vai às urnas escolher o primeiro Presidente da República civil da jovem democracia portuguesa. Passaram apenas 12 anos desde o 25 de Abril. A esquerda está dividida e a direita parece caminhar para uma vitória fácil, que lhe dará um Presidente e um Governo. O único capaz de impedir que esse projecto se conclua com sucesso é um homem que lutou toda a sua vida adulta contra o Estado Novo. Preso dezenas de vezes, deportado e exilado, foi um dos primeiros a chegar a Lisboa depois da Revolução dos Cravos: Mário Soares.

Uma Aventura no Expresso Cattle Hill (2023)
KuToppen - På sporet
Com a sua super-semente, o génio inventor Albert Einswein oferece a solução para Cattle Hill, que se debate com problemas de abastecimento. No entanto, a semente é misteriosamente roubada quando está a ser transportada no novo caminho de ferro - mas por quem? No comboio, Klara e Gaute conhecem a mestre detective Agatha Christensen e juntos têm de resolver o mistério para salvar Cattle Hill.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Crítica: Anatomia de uma Queda / Anatomie d'une chute (2023)

- "I did not kill him."

Sandra Voyter

-"That's not the point."

Vincent Renzi

*7/10*

Uma morte inesperada em plenos Alpes serve de mote para a construção do enredo de Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, um filme de tribunal onde as dúvidas imperam no julgamento, mas igualmente no centro da família protagonista.

"Sandra (Sandra Hüller), uma escritora alemã, o seu marido francês Samuel (Samuel Theis) e o filho Daniel (Milo Machado Graner), de onze anos, vivem um ano de forma isolada numa cidade remota dos Alpes franceses. Quando Samuel é encontrado morto na neve, caído do chalé, a polícia questiona se terá cometido suicídio ou se foi assassinado. Perante a tese de homicídio, Sandra torna-se a principal suspeita. Pouco a pouco, o julgamento irá revelar-se não apenas uma investigação das circunstâncias da morte de Samuel, mas uma inquietante viagem psicológica às profundezas da relação conflituosa do casal."

Uma morte sem testemunhas será sempre um caso de difícil julgamento e, em Anatomia de uma Queda, o que interessa às personagens, realizadora e plateia é chegar à verdade. Justine Triet é capaz de construir um filme de tribunal com uma tensão crescente, quase sem recorrer a flashbacks - apenas uma memória e uma gravação, apresentadas no julgamento, revelam como era a convivência e os sentimentos do casal. Ressentimentos de um casamento que não ia bem, com ciúmes de parte a parte, seja emocional como intelectualmente, complicam o lado de Sandra, a principal suspeita. Ela, uma escritora de sucesso, e o marido, um escritor frustrado, ambos magoados pelo acidente do filho Daniel, invisual e personagem central na acção.

Daniel - uma excelente interpretação do jovem Milo Machado Graner -, a principal testemunha do caso, tem uma importância muito simbólica em Anatomia de uma Queda. Ele não vê, mas tem os outros sentidos muito apurados, em especial, a audição, o olfacto e o tacto. As semelhanças entre ele e a figura da Justiça são evidentes. E, neste caso, tem sempre ao seu lado o fiel cão da família, Snoop, primeira personagem a aparecer em cena no filme, e também fundamental para apurar a verdade - neste caso, o animal é os olhos de Daniel, mas não pode falar. Os dois complementam-se.

Sandra Hüller é exímia na interpretação da protagonista, Sandra. As suas expressões e atitudes, em momento algum, deixam claro se é culpada ou inocente. Desde a dificuldade em expressar-se, por não falar francês fluentemente e ter de se defender em tribunal em duas línguas que não a sua língua materna - o alemão -, à pressão do lado da acusação, juntando-se ainda o forçado afastamento emocional do filho, em quem também paira alguma desconfiança sobre a mãe, Sandra não tem descanso e enfrenta tudo sozinha.

Com pormenores que ambientam algum suspense na acção, Anatomia de uma Queda é um drama de tribunal acima da média. Justine Triet filma com a imparcialidade da justiça e sabe cativar a plateia com a tensão em crescendo.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

BAFTA 2024: Vencedores

Foram hoje anunciados os vencedores dos BAFTA 2024, os prémios do cinema britânico. Oppenheimer foi o grande premiado da noite com sete estatuetas, seguido de Pobres Criaturas, com cinco.


Eis a lista completa de vencedores.

Melhor Filme
ANATOMY OF A FALL
THE HOLDOVERS 
KILLERS OF THE FLOWER MOON
OPPENHEIMER
POOR THINGS

Melhor Filme Britânico
ALL OF US STRANGERS
HOW TO HAVE SEX
NAPOLEON
THE OLD OAK
POOR THINGS
RYE LANE
SALTBURN
SCRAPPER
WONKA
THE ZONE OF INTEREST

Melhor Primeira Obra de um Realizador, Produtor ou Argumentista Britânico
BLUE BAG LIFE - Lisa Selby (Realizadora), Rebecca Lloyd-Evans (Realizadora, Produtora), Alex Fry (Produtor)
BOBI WINE: THE PEOPLE’S PRESIDENT - Christopher Sharp (Realizador)
EARTH MAMA - Savanah Leaf (Argumentista, Realizadora, Produtora), Shirley O’Connor (Produtora), Medb Riordan (Produtora)
HOW TO HAVE SEX - Molly Manning Walker (Argumentista, Realizadora)
IS THERE ANYBODY OUT THERE? - Ella Glendining (Realizadora)

Melhor Filme em Língua Não-Inglesa
20 DAYS IN MARIUPOL
ANATOMY OF A FALL
PAST LIVES 
SOCIETY OF THE SNOW
THE ZONE OF INTEREST

Melhor Documentário
20 DAYS IN MARIUPOL
AMERICAN SYMPHONY
BEYOND UTOPIA
STILL: A MICHAEL J. FOX MOVIE
WHAM!

Melhor Filme de Animação
THE BOY AND THE HERON
CHICKEN RUN: DAWN OF THE NUGGET
ELEMENTAL
SPIDER-MAN: ACROSS THE SPIDER-VERSE

Melhor Realizador
ALL OF US STRANGERS, de Andrew Haigh
ANATOMY OF A FALL, de Justine Triet
THE HOLDOVERS, de Alexander Payne
MAESTRO, de Bradley Cooper
OPPENHEIMER, de Christopher Nolan
THE ZONE OF INTEREST, de Jonathan Glazer

Melhor Argumento Original
ANATOMY OF A FALL - Justine Triet, Arthur Harari
BARBIE - Greta Gerwig, Noah Baumbach
THE HOLDOVERS - David Hemingson
MAESTRO - Bradley Cooper, Josh Singer
PAST LIVES - Celine Song

Melhor Argumento Adaptado
ALL OF US STRANGERS - Andrew Haigh
AMERICAN FICTION - Cord Jefferson
OPPENHEIMER - Christopher Nolan
POOR THINGS - Tony McNamara
THE ZONE OF INTEREST - Jonathan Glazer

Melhor Actor Principal
BRADLEY COOPER - Maestro
COLMAN DOMINGO - Rustin
PAUL GIAMATTI - The Holdovers
BARRY KEOGHAN - Saltburn
CILLIAN MURPHY - Oppenheimer
TEO YOO - Past Lives

Melhor Actriz Principal
FANTASIA BARRINO - The Color Purple
SANDRA HÜLLER - Anatomy of a Fall
CAREY MULLIGAN - Maestro
VIVIAN OPARAH - Rye Lane
MARGOT ROBBIE - Barbie
EMMA STONE - Poor Things

Melhor Actor Secundário
ROBERT DE NIRO - Killers of the Flower Moon
ROBERT DOWNEY JR. - Oppenheimer
JACOB ELORDI - Saltburn
RYAN GOSLING - Barbie
PAUL MESCAL - All of Us Strangers
DOMINIC SESSA - The Holdovers

Melhor Actriz Secundária
EMILY BLUNT - Oppenheimer
DANIELLE BROOKS - The Color Purple
CLAIRE FOY - All of Us Strangers
SANDRA HÜLLER - The Zone of Interest
ROSAMUND PIKE - Saltburn
DA’VINE JOY RANDOLPH - The Holdovers

Melhor Banda Sonora Original
KILLERS OF THE FLOWER MOON - Robbie Robertson
OPPENHEIMER - Ludwig Göransson
POOR THINGS - Jerskin Fendrix
SALTBURN - Anthony Willis
SPIDER-MAN: ACROSS THE SPIDER-VERSE - Daniel Pemberton

Melhor Fotografia
KILLERS OF THE FLOWER MOON - Rodrigo Prieto
MAESTRO - Matthew Libatique
OPPENHEIMER - Hoyte van Hoytema
POOR THINGS - Robbie Ryan
THE ZONE OF INTEREST - Lukasz Zal

Melhor Montagem
ANATOMY OF A FALL - Laurent Sénéchal
KILLERS OF THE FLOWER MOON - Thelma Schoonmaker
OPPENHEIMER - Jennifer Lame
POOR THINGS - Yorgos Mavropsaridis
THE ZONE OF INTEREST - Paul Watts

Melhor Design de Produção
BARBIE - Sarah Greenwood, Katie Spencer
KILLERS OF THE FLOWER MOON - Jack Fisk, Adam Willis
OPPENHEIMER - Ruth De Jong, Claire Kaufman
POOR THINGS - Shona Heath, James Price, Zsuzsa Mihalek
THE ZONE OF INTEREST - Chris Oddy, Joanna Maria Kuś, Katarzyna Sikora

Melhor Guarda-roupa
BARBIE - Jacqueline Durran
KILLERS OF THE FLOWER MOON - Jacqueline West
NAPOLEON - Dave Crossman, Janty Yates
OPPENHEIMER - Ellen Mirojnick
POOR THINGS - Holly Waddington

Melhor Maquilhagem e Cabelo
KILLERS OF THE FLOWER MOON - Kay Georgiou, Thomas Nellen
MAESTRO - Sian Grigg, Kay Georgiou, Kazu Hiro, Lori McCoy-Bell
NAPOLEON - Jana Carboni, Francesco Pegoretti, Satinder Chumber, Julia Vernon
OPPENHEIMER - Luisa Abel, Jaime Leigh McIntosh, Jason Hamer, Ahou Mofid
POOR THINGS - Nadia Stacey, Mark Coulier, Josh Weston

Melhor Som
FERRARI - Angelo Bonanni, Tony Lamberti, Andy Nelson, Lee Orloff, Bernard Weiser
MAESTRO - Richard King, Steve Morrow, Tom Ozanich, Jason Ruder, Dean Zupancic
MISSION: IMPOSSIBLE – DEAD RECKONING PART ONE - Chris Burdon, James H. Mather, Chris Munro, Mark Taylor
OPPENHEIMER - Willie Burton, Richard King, Kevin O’Connell, Gary A. Rizzo
THE ZONE OF INTEREST - Johnnie Burn, Tarn Willers

Melhores Efeitos Visuais
THE CREATOR - Jonathan Bullock, Charmaine Chan, Ian Comley, Jay Cooper
GUARDIANS OF THE GALAXY VOL. 3 - Theo Bialek, Stephane Ceretti, Alexis Wajsbrot, Guy Williams
MISSION: IMPOSSIBLE – DEAD RECKONING PART ONE - Neil Corbould, Simone Coco, Jeff Sutherland, Alex Wuttke
NAPOLEON - Henry Badgett, Neil Corbould, Charley Henley, Luc-Ewen Martin-Fenouillet
POOR THINGS - Simon Hughes

Melhor Casting
ALL OF US STRANGERS - Kahleen Crawford
ANATOMY OF A FALL - Cynthia Arra
THE HOLDOVERS - Susan Shopmaker
HOW TO HAVE SEX - Isabella Odoffin
KILLERS OF THE FLOWER MOON - Ellen Lewis, Rene Haynes

Melhor Curta de Animação Britânica
CRAB DAY 
VISIBLE MENDING
WILD SUMMON

Melhor Curta-metragem Britânica
FESTIVAL OF SLAPS
GORKA
JELLYFISH AND LOBSTER
SUCH A LOVELY DAY
YELLOW

Revelação do Ano - EE Rising Star Award (votado pelo público)
PHOEBE DYNEVOR
AYO EDEBIRI
JACOB ELORDI
MIA MCKENNA-BRUCE
SOPHIE WILDE

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Sugestão da Semana #601

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Os Excluídos, de Alexander Payne.

OS EXCLUÍDOS


Ficha Técnica:
Título Original: The Holdovers
Realizador: Alexander Payne
Elenco: Paul Giamatti, Dominic Sessa, Da'Vine Joy Randolph, Carrie Preston, Brady Hepner, Ian Dolley, Jim Kaplan
Género: Comédia, Drama
Classificação: M/12
Duração: 133 minutos

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Crítica: May December: Segredos de Um Escândalo (2023)

"Insecure people are very dangerous, aren't they? I'm secure. Make sure you put that in there."

Gracie


*8/10*

Todd Haynes tem uma sensibilidade pouco comum para filmar personagens femininas misteriosas, e May December: Segredos de Um Escândalo vem reforçar esta sua qualidade. Duas mulheres fortes e de personalidades dúbias encabeçam este thriller psicológico.

"Apesar de a sua relação ter começado como um caso amoroso chocante, Gracie (Julianne Moore), então com 36 anos, e Joe (Charles Melton) com 13, levam agora, 20 anos depois, uma vida suburbana aparentemente perfeita. A sua felicidade doméstica é perturbada quando Elizabeth (Natalie Portman), uma actriz famosa, chega à coesa comunidade onde vivem para fazer a pesquisa para o seu próximo papel como Gracie. À medida que Elizabeth se insinua na vida quotidiana de Gracie e Joe, os factos incómodos sobre o escândalo vão-se revelando, fazendo ressurgir emoções há muito adormecidas." 

O realizador constrói um labirinto de enigmas psicológicos e sociais, para que a actriz seja capaz de interiorizar as motivações de uma mulher real que vai interpretar no cinema. Há um ambiente desconfortável de dúvida, e a desconfiança paira, quer para Elizabeth como para todos os elementos da família. Se ela surge como uma intrusa naquela casa, que vem reavivar segredos do passado, as relações familiares de Gracie, Joe e os filhos de ambos fazem-na também questionar-se a si mesma e sobre qual o verdadeiro papel que tem nestas vidas que acompanha.

Visualmente, os tons claros e suaves do filme parecem colaborar com a falsa impressão de tranquilidade em volta da família de Gracie. Há uma sensação de encenação e manipulação constante da parte de Gracie sob os que a rodeiam - até a filha mais nova se sente desconfortável ou condicionada perante as opiniões da mãe. Elizabeth está atenta a tudo (incluindo os maneirismos de Gracie), conversa com muitos dos que acompanharam de perto o mediático caso de Gracie e Joe, todos opinam mas há muito que não faz sentido para a actriz.

Já para Gracie tudo parece estar sob controlo - à frente de Elizabeth - e totalmente descontrolado se algo sai fora dos seus planos. 

Natalie Portman e Julianne Moore encarnam as duas protagonistas intimidantes (intimidam-se mutuamente, bem como a quem as rodeia e até mesmo à plateia) e que Todd Haynes tão bem dirige. O realizador consegue captar uma química incómoda entre as duas personagens, que varia entre a admiração, a inveja e o receio mútuos. Moore veste a pele de uma mulher desequilibrada; Portman de uma mulher de sucesso com poucos escrúpulos.

Por outro lado, a fraqueza e imaturidade revelam-se na personalidade de Joe - numa espantosa interpretação de Charles Melton -, por vezes, em atitudes ingénuas que até surpreendem o filho. E uma secreta vontade de novas experiências que lhe foram "roubadas" na adolescência. A personagem de Joe vive em constante conflito interno (tentando mediar os seus sentimentos e a instabilidade da mulher), onde os traumas do passado revelam-se em momentos-chave de May December, e o fazem repensar toda a vida.

Afinal, onde está a mentira, a verdade ou a pura manipulação de emoções e de factos? May December: Segredos de um Escândalo é um mergulho profundo em traumas nunca superados, e uma descoberta constante do âmago de cada um.